CONFLITOS INTERNACIONAIS


"ARMAS DO EI VIERAM DO IRAQUE, DIZ ONG"
"Saques a depósitos do Exército do Mossul permitiram que grupo ampliasse arsenal"


"A ONG Anistia Internacional (AI) divulgou ontem um relatório no qual considera que a transferência irresponsável de armas no Iraque durante décadas forneceu ao Estados Islâmico (EI) seu arsenal letal. No texto, a organização pede medidas urgentes aos governos para reduzir a proliferação de armamento no país, na Síria e outras regiões instáveis.
O estudo, batizado de Armando o Estado Islâmico, documenta como a organização jihadista, responsável pelos recentes atentados em Paris, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos, reuniu armamento e munição nos últimos anos. O arsenal usado no Iraque e na Síria foi fabricado em mais de uma dúzia de países, como Rússia, China, EUA e nações da União Europeia (UE), apesar de uma grande proporção das reservas do arsenal do Exército iraquiano.
'O amplo e variado armamento empregado pelo grupo armado que autodenomina Estado Islâmico é um caso sobre como o comércio imprudente de armas alimenta as atrocidades em larga escala', declarou Patrick Wilcken, da AI. 'A pobre regulação e a falta de supervisão dos enormes fluxos de armas que vão ao Iraque há décadas deram ao EI e a outros grupos armados uma enorme bonança sem precedentes de acesso a armamentos'."


"A AI afirma que, após assumir o controle de Mossul, em junho de 2014, o EI adquiriu reservas de armas iraquianas, fabricadas em nível internacional, que usou para controlar outras partes do Iraque.
Com elas, o grupo realizou campanhas de abusos, como assassinatos sumários, estupros, torturas e sequestros, que obrigaram centenas de milhares de pessoas a fugir e se transformar em desalocados ou refugiados."


"Segundo a AI, que identifica mais de 100 tipos diferentes de armas e munição empregadas pelo EI na Síria e no Iraque, a magnitude do arsenal do grupo terrorista reflete décadas de irresponsáveis transferências de armamento ao Iraque.
'Isso se agravou com múltiplos erros para tramitar as importações de armas e instaurar mecanismos de supervisão, a fim de evitar o uso impróprio durante a ocupação liderada pelos EUA após 2003', apontou a organização. 'Ao mesmo tempo, os controles frouxos sobre as reservas militares e a corrupção endêmica por sucessivos governos iraquianos se somaram ao problema'.
A maior parte do armamento convencional empregado pelos terroristas do EI data do período entre a década de 70 e de 90 e inclui pistolas, revólveres, granadas de morteiros, entre outros, sendo muito comuns, segundo o relatório, os fuzis kalashnikov da época da União Soviética, de fabricação russa e chinesa.
A organização também indica que, após um embargo de armas da ONU, em 1990, houve um aumento em massa nas importações do Iraque, após invasão desse país, em 2003, e mais de 30 países forneceram equipamento militar ao Estado Islâmico."



Informações retiradas do jornal O ESTADO DE S. PAULO - EDIÇÃO DIGITAL, nº 44612 - Ano 136, pág. A12. Internacional. 09 de dezembro de 2015, quarta-feira (Acesso: 09/12/2015)

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