HISTÓRIA:
VESTIBULAR E ENEM



O Enem e os vestibulares estão chegando, e junto com eles, as temidas provas que englobam e requerem muito conhecimento sobre os mais diversos assuntos e disciplinas. A história é uma delas. Aliás, uma das mais importantes. Por isso, para ajudar você ainda mais em seus estudos, à partir de agora, o Conhecimento Cerebral irá disponibilizar gratuitamente, os assuntos mais importantes dessa disciplina com o conteúdo didático, baseado na atualidade, do Guia do Estudante (GE)O material será dividido em capítulos, de acordo com o livro GE - História: Vestibular e Enem 2018, e ao final de cada um deles, serão disponibilizados exercícios para que você treine e memorize o que foi aprendido, preparando-se para os vestibulares e concursos públicos. O Conhecimento Cerebral agradece e deseja bom estudo!


CAPÍTULO 3: IDADE MODERNA - LIBERALISMO E ILUMINISMO


RAZÃO, LIBERALISMO E PROGRESSO
Para obter mais poder econômico e político, a burguesia europeia do século XVIII apresentou ao Ocidente uma nova maneira de pensar


O Iluminismo foi uma corrente de pensamento dominante na Europa do século XVIII e defendeu o predomínio da razão sobre a fé, representando a visão de mundo da burguesia. Seus pensadores negavam as doutrinas absolutistas e mercantilistas a apoiavam valores liberais, tanto na política quanto na economia.

ORIGENS

Os primeiros teóricos do Iluminismo introduziram as bases do movimento ainda no século XVII, influenciados pelas transformações sociais que vinham ocorrendo na Europa, como o Renascimento, a Reforma Religiosa, a expansão marítimo-comercial e a ascensão da burguesia.

racionalismo foi fundamentado como método científico pelo francês René Descartes, que em 1637, estabeleceu a razão como único caminho para o conhecimento. Descartes partia de verdades básicas - axiomas - para atingir conhecimentos mais amplos. Seu primeiro axioma ficou famoso: "Penso, logo existo". Segundo o pensando iluminista, o avanço do conhecimento poderia se dar tanto pela via do racionalismo abstrato de Descartes como pela via do empirismo inglês.

Nas Ciências exatas, o físico inglês Issac Newton também revolucionou o pensamento da época, ao afirmar que o Universo seria regido por leis próprias, que podem ser conhecidas pelo homem por meio da ciência.


Os princípios da política iluminista - liberalismo - foram formulados pelo filósofo inglês John Locke, que defendia uma relação contratual entre o monarca e seus súditos. Para Locke, o homem possuía direitos como liberdade e propriedade privada, e cabia ao Estado proteger esses direitos, o que limitava o seu poder.

SÉCULO DAS LUZES

Os importantes avanços econômicos, culturais e científicos levaram à crença de que o destino da humanidade era o progresso. O auge dessa efervescência se deu no século XVIII - o "século das luzes". Além do racionalismo e do liberalismo, outro princípio iluminista é o anticlericalismo - posição política contrária ao poder da Igreja.

Tendo como exemplo o resultado da Revolução Gloriosa inglesa (veja mais à frente), na qual é possível identificar elementos do liberalismo de John Locke, pensadores franceses passaram a defender o fim do absolutismo em seu país. Os três nomes mais significativos do Iluminismo francês foram os filósofos Montesquieu, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau:
  • Montesquieu foi um dos grandes divulgadores de se descentralizar a autoridade das mãos dos reis por meio da tripartição de poderes - em sua obra Do Espírito das Leis, ele sistematiza essa teoria que prevê a separação e o equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ela foi a base teórica fundamental para a declaração de independência dos Estados Unidos e para a sua primeira Constituição (veja o box abaixo), além de servir de base para os atuais Estados de Direito Democráticos, como o Brasil.
SAIBA MAIS

ILUMINISTAS INFLUENCIARAM CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS
Apesar de derrotar a França na Guerra dos Sete Anos (1754-1763), a Inglaterra teve grandes prejuízos com o conflito. Para tentar recuperar sua economia abalada pela guerra, os ingleses criaram uma série de impostos para as Treze Colônias na América. Em resposta, os colonos declararam-se independentes da metrópole europeia em 4 de julho de 1776.
A tensão evoluiu para uma guerra na qual as Treze Colônias derrotaram o Exército inglês na Batalha de Yorktown, em 1781, que contou com o apoio da França e Espanha. Dois anos depois, os ingleses reconheceram a nova nação. Em 1787 foi elaborada a primeira Constituição do país e, em 1789, o comandante militar nas guerras de independência, George Washington, foi eleito seu primeiro Presidente. Tanto a declaração de independência como a Constituição sofreram forte influência dos ideais iluministas.
  • Voltaire, ligado à burguesia, era um crítico fervoroso do absolutismo, da nobreza e, principalmente, da Igreja. Na política, ele foi um dos inspiradores do despotismo esclarecido. Para Voltaire e Montesquieu, contudo, a monarquia deveria ser preservada, tendo seu poder limitado pela existência de um Parlamento, seguindo o exemplo inglês.
  • Rousseau era identificado com a baixa burguesia e com os trabalhadores miseráveis, posicionando-se a favor do Estado democrático e republicano. Segundo sua teoria, o governo deve ser feito "pelo povo e para o povo", daí a sua defesa da república democrática. Para Rousseau, o chamado Contrato Social não deve ser um pacto de submissão a um poder soberano, mas sim um pacto da associação entre os indivíduos, que levaria, primeiro, à formação de uma sociedade para, depois, ser criado o Estado, que deveria representar a vontade da maioria. O Contrato Social seria um acordo pelo qual os homens abdicam de todos os seus direitos naturais em favor da comunidade, recebendo em troca a garantia de suas liberdades no limite estabelecido pela lei. Foi um dos maiores ideólogos da Revolução Francesa.
A fim de divulgar o conhecimento, os iluministas conceberam a Enciclopédia, obra com 35 volumes contemplando todo o conhecimento existente até então. A Enciclopédia foi editada por Denis Diderot e Jean le Rond d'Alembert e contou com a contribuição fundamental de Voltaire, Montesquieu e Rousseau, além de muitos outros filósofos e cientistas. Com muita ironia, os artigos criticavam a Igreja e o Estado, tendo sida a obra toda incluída no index Librorum Prohibitorum do catolicismo em 1759. Ainda assim, continuou a circular e ser distribuída graças aos esforços de seus organizadores.

LIBERALISMO ECONÔMICO

Os Iluministas também condenavam o sistema econômico do Antigo Regime, o mercantilismo. Os primeiros contestadores foram os fisiocratas, como os franceses Jacques Turgot e François Quesnay. Eles consideravam a terra a única fonte de riqueza de uma nação, em oposição ao comércio, em que não há produção, apenas troca. O também francês Vicent de Goumay, discípulo de Quesnay, cunhou a expressão que depois se tornaria símbolo do liberalismo econômico: "Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même" ("Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo").

Em sua obra A Riqueza das Nações (1776), o pensador escocês Adam Smith aprofundou esses ideais, ao afirmar que a economia funcionava por si mesma, como se uma "mão invisível" a dirigisse. Ele condenava o mercantilismo, via o trabalho como única fonte de riqueza e pregava a livre concorrência e a não intervenção do Estado na economia, fundamentando, assim, o liberalismo econômico.

DESPOTISMO ESCLARECIDO

Alguns soberanos viram que, para se manter no poder, era preciso adotar reformas de cunho iluminista. Essa tentativa de modernização ficou conhecida como despotismo esclarecido. Seu objetivo era preservar as monarquias absolutistas europeias por meio de reformas que beneficiassem os burgueses. Algumas das medidas adotadas por esses governantes foram a limitação do poder da Igreja Católica e a redução dos privilégios da aristocracia e do clero.

Os principais déspotas esclarecidos foram Frederico II, da Prússia; o marquês de Pombal, de Portugal; Catarina II, da Rússia; e José II, da Áustria. Apesar das mudanças, a participação política da burguesia e do povo continuava limitada, o que levaria a revoltas, entre elas a Revolução Francesa, em 1789.

SAIU NA IMPRENSA

A CONSTITUIÇÃO E A REFORMA DO ENSINO MÉDIO
por Pedro Estevam Serrano

A Medida Provisória 746, que prevê a reforma do Ensino Médio, vem gerando críticas e protestos, sobretudo, no meio estudantil. Sem entrar no mérito daquilo que propõe a medida, me detenho a observar que, no ordenamento juridico brasileiro, as medidas provisórias funcionam como dispositivos de calibragem entre os poderes Executivo e Legislativo. (...)
Vale apontar que o Brasil é dos países que aplica com maior vigor o conceito de independência entre os poderes concebido por Montesquieu. Aqui, conforme estabelecido na nossa Constituição, há uma divisão clássica de poder, que os americanos chamam de checks andbalances - freios e contrapesos -, para que um poder não exerça a função do outro e não haja concentração de poderes na pessoa de um soberano, evitando, portanto, o abuso. (...)
É verdade que a dinâmica da vida social, ocasionalmente, exige que o Executivo atenda de forma emergencial a um determinado interesse público, sem a possibilidade de aguardar a deliberação do Legislativo. É o que ocorre em casos de catástrofes naturais e climáticas (...). E é exatamente para estas situações urgentes e relevantes que foi criado o Instituto da Medida Provisória. (...) A reforma do Ensino Médio, definitivamente, não possui tais características. (...)
Carta Capital, 17/10/2016


Págs. 49 e 50 (GE: HISTÓRIA: VESTIBULAR+ENEM 2018)

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