FE CORTEZ EM "GUARDIÃ DAS TARTARUGAS"
"A ativista ambiental fala de sua batalha para implementar uma lei que visa a diminuir a poluição no arquipélago mais famoso do país com uma medida radical: copos e talheres descartáveis serão banidos"
João Batista Jr. (VEJA): "Qual é a importância da lei que restringirá o uso de plástico em Fernando de Noronha a partir de 13 abril?"
Fe Costez: "A lei se tornará um marco para o Brasil, pois pode ser replicada em outros lugares. Após essa data, nenhum material descartável - como copo e talher plástico ou quentinha de isopor - poderá ser usado ou comercializado em Noronha. Canudos e sacolas também estarão vetados. Garrafas plásticas e bebidas como água só poderão ter capacidade superior a 500 milímetros. Os hotéis e comerciantes que venderem tais itens receberão multas".
João Batista Jr (VEJA): "Como se dá sua atuação no combate ao plástico?"
Fe Cortez: "Procuro explicar aos moradores e comerciantes locais o impacto positivo da medida na vida das ilhas. Por ser leve, o plástico muitas vezes é levado pelo vento para várias partes de Noronha. Há quem já tenha topado com lixo até nas trilhas mais belas. Os plásticos poderão ser ainda mais nocivos se forem parar no mar, em regiões como o berçário de tartarugas".
João Batista Jr (VEJA): "A senhora fez uma ação também no Rio. Como foi?"
Fe Cortez: "O prefeito Marcelo Crivella ainda não havia sancionado a lei que vetou o canudo plástico em bares e restaurantes, então coletamos milhares de assinaturas de moradores e de vereadores para pressioná-lo."
João Batista Jr (VEJA): "Como a senhora se tornou ativista ambiental?"
Fe Cortez: "Eu trabalhava com moda e redes sociais, mas tudo perdeu o sentido quando vi o documentário Trashed - Para Onde Vai Nosso Lixo (2012). Fiquei impactada ao ver a ilha de lixo plástico no Oceano Pacífico. Decidi fazer algo. Em 2015, criei o movimento Menos 1 Lixo, com o desafio de provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável".
João Batista Jr (VEJA): "Pode dar exemplo dessas atitudes?"
Fe Cortez: "Não uso mais copos nem sacolas de plástico, e passei a falar do assunto com amigos. Muitos deles aderiram. Ainda assim, tenho amigas que vão com bolsa de tecido à feira mas separam tomate e mamão, por exemplo, em saquinhos de plástico. Não faz o menor sentido. Minha casa toda mudou. Montei uma composteira para dar finalidade ao lixo orgânico. Hoje círculo pelo Rio de Janeiro de bicicleta elétrica. É uma das melhores medidas que tomei: posso admirar mais a beleza da cidade".
CONHECIMENTO CEREBRAL ENTREVISTA foi retirado da revista VEJA - Edição 2623 - Ano 52 - n° 9. 27 de fevereiro de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e à Editora Abril.
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