AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?
Hoje, sabemos que até o transporte mais seguro pode ter suas falhas, como é o caso dos aviões, que mesmo sempre inovando em tecnologias, às vezes as mesmas não são suficientes para evitar desastres, muitas vezes, fatais.
As turbinas são uma das partes mais importantes do avião. São elas, as responsáveis pela sustentação e que impulsarão a máquina para ganhar equilíbrio e conseguir se sustentar no ar. Mas como qualquer peça, elas também podem falhar, ou até mesmo, algo pode provocar esta tal falha.
Desde 1990, houve mais de 12 mil colisões entre aviões e aves. Com este propósito, sabemos que hoje, as turbinas mecânicas possuem estrutura suficiente para continuar funcionando mesmo após colidirem com aves. Entretanto, existe um limite entre quantidade, peso e tipo de pássaros, que as mesmas suportam quando há colisão. Para entender melhor, basta compreender que após inúmeros testes realizados em laboratórios, aonde pesquisadores lançavam frangos mortos na direção de uma turbina a 400 km/h, 312 delas foram destruídas completamente. No entanto, sabe-se que mesmo que um motor for atingido, o outro continuará funcionando e a aeronave seguirá seu percurso sem maiores problemas até o pouso. Entretanto, é necessário ressaltar que, se o avião for atingido durante a decolagem, quando o avião está muito baixo e lento (a maioria das colisões com pássaros acontecem a menos 1 000 metros de altitude), e pior, se for atingido nas duas turbinas, as consequências podem ser trágicas.
Nesta nova matéria, você vai conhecer um incidente que poderia resultar em um acidente fatal, mas que felizmente, nada de ruim aconteceu graças à habilidade dos pilotos e vamos dizer também, que a sorte ajudou muito. Há momentos que tudo pode dar errado, mas como milagre, o final se torna melhor do que imaginado. Mas antes disso, nada melhor do que observar uma imagem que mostra claramente como os pássaros atingem os aviões. Veja abaixo:
MILAGRE NO RIO HUDSON: O AIRBUS A320 QUE SALVOU A VIDA DE 155 PESSOAS
15 de janeiro de 2009, esse foi o dia em que todos conheceram a história do Airbus A320 com 155 passageiros que pousou no Rio Hudson, um dos mais conhecidos nos Estados Unidos
Acidente: Pouso forçado
Local: Rio Hudson, Nova York, EUA
Data do acidente: 15 de janeiro de 2009
Causa: Impacto contra um bando de gansos
Companhia: US Airways
Aeronave: Airbus A320
Número de mortos: 0
Muitos acreditam em sorte, e dizem que ela não vem por acaso. Outros falam que é pura superstição, e que a sorte é você mesmo quem faz. No caso do acidente do rio Hudson, parece que ambas as crenças estão certas e erradas ao mesmo tempo. Ou talvez, tenha sido a combinação de ambas. O certo mesmo é que ela parece ter escolhido um lado. E neste caso, salvou os 155 passageiros que não dependiam de mais nada, a não ser que a sorte estivesse do lado dos pilotos e também, de todos eles.
No mês de janeiro, o frio nos Estados Unidos é assustador. Um inverno rigoroso, com temperaturas abaixo de zero. E naquele dia 15 de janeiro de 2009, não foi diferente. O dia desde cedo já estava branco, devido a camada espessa de neve. Mas como todas as pessoas cujos compromissos não podiam adiar, os novaiorquinos tinham de ir aonde fosse, para cumprir sua agenda diária.
Passava das 15 horas locais, quando o voo 1549 da US Airways decolava do aeroporto de Nova York rumo à Charlotte, na Carolina do Norte. No Airbus A320, havia 150 passageiros e mais 5 tripulantes, entre eles, o piloto Chesley Sullenberger. O piloto de 57 anos era experiente naquele tipo de aeronave. Já havia trabalhado para a Força Aérea americana. Já Jeffrey Skiles, auxiliar de Sullenberger, tinha 49 anos e este, era seu primeiro voo aborto do Airbus da US Airways.
A uma altura de aproximadamente 800 metros, Skiles avistou uma formação de pássaros que se aproximava da aeronave. Não houve tempo para fazer desvios e o bando de gansos inevitavelmente, chocou-se contra as turbinas do avião. Os pilotos estavam cientes que colisões com pássaros não eram raras (cerca de 12 mil entre os anos de 1990 a 2007, segundo dados do governo americano). Eles sabiam que não teriam problema se o choque tivesse ocasionado problemas em apenas uma das turbinas. Entretanto, ambas das turbinas foram atingidas por penas e pele dos pássaros. Nessas condições, o avião já não consegue se sustentar mais. E logo, ambos os motores pifaram. Pelos vidros, ambos os pilotos puderam enxergar uma fumaça marrom-escura após a colisão. Já os passageiros, que puderam sentir o impacto, observavam claramente o fogo que se formava do lado de fora do avião. Os pilotos imediatamente informaram à torre de controle sobre o ocorrido: "Atingidos por pássaros. Perdemos dois motores. Estamos voltando para a LaGuardia".
Não havia tempo para que Sullenberger pudesse voltar para o aeroporto de Nova York. Isso porque, após o impacto, a aeronave começou a perder altitude. Os solavancos já haviam cessado, embora os passageiros ainda pudessem sentir o cheiro forte de combustível vazando. Os controladores, já prevendo o final trágico da aeronave, caso não conseguisse chegar a tempo no aeroporto de Nova York, pediram que o avião pousasse no aeroporto de Terterboro, em Nova Jersey, que aquela altura, era o mais próximo. Logo, Sullenberger percebeu que não haveria tempo suficiente para chegar em Nova Jersey, e avisou a torre: "Não vou conseguir. Estaremos no Hudson."
Naquele exato momento, o Airbus da US Airways sobrevoava o rio Hudson, que ligava Nova York e Nova Jersey. Sullenberger sabia que se levasse adiante o avião, certamente ele se chocaria contra uma das margens. Não havia outra saída, em seu ponto de vista experiente. Mesmo com o pânico no fundo do avião, aonde os passageiros já tinham notado a queda brusca de altitude, o piloto da Força Aérea decidiu que a única chance de se salvar, e salvar as outras 154 vidas que agora, estavam em suas mãos, era tentar um pouso forçado nas águas frias do Hudson. Da cabine de comando, avisou: "Prepara-se para o impacto". A ideia era altamente arriscada. Afinal, de todas as tentativas de pousos em água, quase nenhuma teve êxito, e pouco sobreviveram para contar a história. Ou aeronave se espatifava antes de atingir a água, ou mesmo, quando já estava quase atingindo-a, explodia. Era inevitável. Mesmo assim, a aeronave foi descendo alinhada com o rio até tocar a superfície. Os pilotos não viam mais nada, a não ser o forte impacto das águas em contato com a fuselagem do avião. Aos poucos, o Airbus A320 foi deslindo mais devagar, até flutuar sob as ondulações do rio. A façanha realizada por Sullenberger é tão difícil, que pode ser classificada até como impossível. Mas naquele momento, o impossível já não existia. Pelo menos, não no vocabulário do experiente piloto, que realizou o pouso com maestria. Mas todos sabiam que a habilidade de Sullerberger só foi possível, graças a uma pitada de sorte. Se tivesse feito algo errado. Um detalhe qualquer, poderia ter posto tudo a perder.
Assim que percebeu que o avião já tinha parado, todos os tripulantes trataram de abrir as portas e socorrer os demais passageiros, que aquela altura, já percebiam que a água fria do Hudson invadia a parte interna do avião. O piloto ordenou: "Evacuar". E assim, todos foram conduzidos para a asa do avião à espera de socorro.
Era inacreditável que um avião daquela magnitude tivesse tido todos estes problemas por causa de um bando de aves. Mas por força do destino e a grandiosa habilidade de Chesley Sullerberger, tudo havia acabado bem. Talvez, nem tanto para o avião, que conforme passava o tempo e a maré subia, começava a ficar imerso sobre as águas.
Acredita-se que a maior lição do acidente é que após o mesmo, todas as companhias foram obrigadas a subsidiar treinamento a seus pilotos e co-pilotos para algo desse tipo. Até então, pelas chances remotas, praticamente nenhum piloto tinha treinamento específico para pousos em água.
O pouso forçado aconteceu em apenas 5 minutos. Talvez, os mais longos e aterrorizantes para todos os 155 passageiros. Mas o que importava mesmo era que Sullerberger junto com Skiles, já haviam se tornado celebridades mundiais.
Em 2010, o piloto-herói já aposentado, tornou-se consultor da rede de televisão CBS. Veja abaixo, a imagem de Chesley Sullerberger:
Veja o noticiário brasileiro destacando o êxito do pouso do Airbus A320 no rio Hudson. Nas imagens, é possível ver o momento exato que o avião toca nas águas geladas do rio, encoberto pela espuma branca ao se chocar sobre a superfície. Clique aqui, e você será direcionado à página do You Tudo em que o vídeo foi disponibilizado.
O avião foi bastante danificado, principalmente na parte inferior, onde partes das turbinas e dos pássaros, abriram fissuras em sua fuselagem. O momento em que a aeronave foi retirada do rio, é certamente, um dos mais emocionante. Veja a seguir, a imagem do Airbus que pesa toneladas, sendo retirado por um enorme guindaste.
Após análise para verificar exatamente as causas do acidente, a fuselagem do avião foi transportada por um caminhão até o Museu onde abrigará o que restou da aeronave. Veja algumas imagens:
Você pode conferir o documentário produzido pela National Geographic sobre o acidente. Clique em "Mayday - Desastres Aéreos - Pouso no Rio Hudson". As imagens são do You Tube e o idioma é o português.
Você também pode ler as matérias anteriores da série Aviões: O Que as Catástrofes Aéreas Ensinam?, clique sobre o link destacado, e você será direcionado à página desejada.
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