DOSSIÊ CRIMES: OS 71 CASOS MAIS IMPRESSIONANTES DE TODOS OS TEMPOS
Você já sentiu curiosidade em conhecer os maiores crimes da história? Desde assassinatos a roubos bilionários. Então, convido-os a conhecer a nova série de matérias que o Conhecimento Cerebral disponibiliza para leitura. Os textos foram retirados da revista DOSSIÊ SUPERINTERESSANTE, publicada no mês de agosto de 2015.
"UM CRIME PARA A HISTÓRIA"
"Morte de John Kennedy tornou-se um dos maiores alvos de teoria da conspiração da história, e ajudou a fazer uma curva na política dos EUA"
"O PRESIDENTE DO PAÍS mais poderoso do mundo é baleado em plena luz do dia, na frente de milhares de testemunhas. Um suspeito logo é preso, mas é morto dois dias depois, ao vivo para milhões na TV. Muitos duvidam que Lee Harvey Oswald tenha agido sozinho para matar John F. Kennedy. E por isso o crime ainda é uma ferida aberta, que mudou a história dos EUA e do mundo.
Era para ser apenas uma viagem da pré-campanha à reeleição de Kennedy. O presidente e a primeira-dama Jacqueline Kennedy deixam o aeroporto de Dallas às 11h52 em carro aberto, rumo a um discurso no mercado municipal. O dia era 22 de novembro de 1963, sexta-feira. Fazia sol e 150 mil pessoas vieram à rua para saudá-los. Ao passar pela Praça Dealey, a comitiva vira na Rua Elm, bem em frente a um prédio de depósito de livros.
Às 12h30, Kennedy é atingido duas vezes, num intervalo de poucos segundos. A primeira bala fura sua garganta, a outra explode parte de seu crânio. Caos e correria. O primeiro tiro atravessa o presidente e atinge também o governador do Texas, John Connally. Instintivamente, Jackie se debruça sobre a limusine e tenta recolher pedaços do cérebro do marido. Kennedy chega moribundo ao hospital Parkland, a 5 km dali - a morte é confirmada às 13h.
Quinze minutos depois, após deixar o depósito de livros onde trabalhava, o ex-soldado de elite Oswald, 24 anos, mata um policial a tiros. Na mesma hora, a polícia encontra uma carabina e três cartuchos no sexto andar do depósito. Oswald entra sem pagar num cinema e acaba detido às 13h45. O vice Lyndon Johnson assume às 14h30, dentro do avião presidencial e ao lado de Jackie, que ainda tinha o vestido manchado de sangue.
Em menos de 12 horas, Oswald seria acusado pelas duas mortes. Embora negasse tudo ('Sou só um bode expiatório', disse a imprensa), havia provas: a posse da carabina, pólvora nas mãos. No domingo, ao ser transferido para uma prisão, ele é baleado na barriga no subsolo da chefia da polícia de Dallas - o assassino, o dono de boate Jack Ruby, grita 'Você matou meu presidente, seu rato' e é preso. Por ironia do destino, Oswald morreria horas depois no mesmo hospital Parkland."
"O cadáver do presidente nem tinha esfriado e teorias da conspiração começavam a circular. A máfia, exilados cubanos e a CIA (agência americana de inteligência) foram associados ao crime, e suspeitas não faltam - todos tinham possíveis motivos para querer Kennedy morto.
Extremistas anticomunistas não o perdoavam por ter negado reforço aéreo à invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, em 1961. O presidente arrumou confusão com a CIA por demitir a cúpula da agência. Contrariou setores pró-guerra ao evitar o conflito total com a União Soviética e no Vietnã. Na máfia, sobravam inimigos. A gestão fechara o cerco contra o chefão do submundo de Nova Orleans, Carlos Marcello, e o sindicalista James Hoffa, gângster de carteirinha.
Mas havia uma pergunta-chave: quem era Lee Harvey Oswald? Menino sem pai e com mãe ausente, aos 13 já tinha diagnóstico de distúrbio de personalidade e viés agressivo. Após servir como fuzileiro, desertou para a União Soviética em 1959 e casou-se com uma russa. Ao voltar, em 1961, fazia questão de se exibir como comunista: distribuía panfletos, dava entrevistas defendendo Fidel e Karl Marx. Preso numa discussão, pediu para ser fichado.
Num relatório de 18 mil páginas, a comissão designada pelo presidente Lyndon Johnson para apurar o caso concluiu que Oswald agiu sozinho e que houve três tiros (só duas balas foram achadas) - como registrou numa câmera 8 mm o alfaiate Abraham Zapruder, no vídeo caseiro mais famoso do mundo. Um dos membros da comissão era um ex-diretor da CIA que havia sido exonerado por Kennedy.
Em 1967, o promotor Jim Garrison reabriu o caso. Sustentava que Kennedy fora morto numa triangulação de tiros arquitetada por radicais antiCastro com aval da CIA. Apontava ainda conexões de Jack Ruby com a máfia. Conseguiu levar o empresário Clay Shaw a julgamento (o único júri sobre a morte), mas ele foi absolvido em 1969. Em nova apuração, uma comissão da Câmara dos EUA apontou em 1979 que 'provavelmente' a morte foi resultado de um plano de mafiosos e extremistas antiCastro (e isentou a CIA) - mas o relatório não deu em nada.
O crime bateu fundo na sociedade americana. 'Foi a erosão do sonho americano do pós-guerra, enquanto lutavam contra a Guerra do Vietnã e por direitos de negros, mulheres e jovens', diz o professor de história da Uni-Rio Flávio Limoncic. Os tiros também levantaram a violência política para os EUA, fenômeno que era entendido no país como restrito ao Terceiro Mundo, lembra o professor, citando os assassinatos, cinco anos depois, do ativista Martin Luther King e do senador Robert Kennedy, irmão de JFK. Depois de Kennedy, os EUA intensificaram o conflito no Vietnã e emendaram uma guerra atrás da outra. E até hoje a dúvida permanece: em 2013, uma pesquisa mostrou que 61% dos americanos acham que a morte do presidente não foi obra de um homem só."
A matéria acima foi retirada da revista DOSSIÊ SUPERINTERESSANTE - CRIMES: OS 71 CASOS MAIS IMPRESSIONANTES DE TODOS OS TEMPOS, edição 350A, agosto de 2015. Todos os direitos autorais reservados exclusivamente à revista DOSSIÊ SUPERINTERESSANTE e a Editora Abril.
Era para ser apenas uma viagem da pré-campanha à reeleição de Kennedy. O presidente e a primeira-dama Jacqueline Kennedy deixam o aeroporto de Dallas às 11h52 em carro aberto, rumo a um discurso no mercado municipal. O dia era 22 de novembro de 1963, sexta-feira. Fazia sol e 150 mil pessoas vieram à rua para saudá-los. Ao passar pela Praça Dealey, a comitiva vira na Rua Elm, bem em frente a um prédio de depósito de livros.
Às 12h30, Kennedy é atingido duas vezes, num intervalo de poucos segundos. A primeira bala fura sua garganta, a outra explode parte de seu crânio. Caos e correria. O primeiro tiro atravessa o presidente e atinge também o governador do Texas, John Connally. Instintivamente, Jackie se debruça sobre a limusine e tenta recolher pedaços do cérebro do marido. Kennedy chega moribundo ao hospital Parkland, a 5 km dali - a morte é confirmada às 13h.
Quinze minutos depois, após deixar o depósito de livros onde trabalhava, o ex-soldado de elite Oswald, 24 anos, mata um policial a tiros. Na mesma hora, a polícia encontra uma carabina e três cartuchos no sexto andar do depósito. Oswald entra sem pagar num cinema e acaba detido às 13h45. O vice Lyndon Johnson assume às 14h30, dentro do avião presidencial e ao lado de Jackie, que ainda tinha o vestido manchado de sangue.
Em menos de 12 horas, Oswald seria acusado pelas duas mortes. Embora negasse tudo ('Sou só um bode expiatório', disse a imprensa), havia provas: a posse da carabina, pólvora nas mãos. No domingo, ao ser transferido para uma prisão, ele é baleado na barriga no subsolo da chefia da polícia de Dallas - o assassino, o dono de boate Jack Ruby, grita 'Você matou meu presidente, seu rato' e é preso. Por ironia do destino, Oswald morreria horas depois no mesmo hospital Parkland."
"O cadáver do presidente nem tinha esfriado e teorias da conspiração começavam a circular. A máfia, exilados cubanos e a CIA (agência americana de inteligência) foram associados ao crime, e suspeitas não faltam - todos tinham possíveis motivos para querer Kennedy morto.
Extremistas anticomunistas não o perdoavam por ter negado reforço aéreo à invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, em 1961. O presidente arrumou confusão com a CIA por demitir a cúpula da agência. Contrariou setores pró-guerra ao evitar o conflito total com a União Soviética e no Vietnã. Na máfia, sobravam inimigos. A gestão fechara o cerco contra o chefão do submundo de Nova Orleans, Carlos Marcello, e o sindicalista James Hoffa, gângster de carteirinha.
Mas havia uma pergunta-chave: quem era Lee Harvey Oswald? Menino sem pai e com mãe ausente, aos 13 já tinha diagnóstico de distúrbio de personalidade e viés agressivo. Após servir como fuzileiro, desertou para a União Soviética em 1959 e casou-se com uma russa. Ao voltar, em 1961, fazia questão de se exibir como comunista: distribuía panfletos, dava entrevistas defendendo Fidel e Karl Marx. Preso numa discussão, pediu para ser fichado.
Num relatório de 18 mil páginas, a comissão designada pelo presidente Lyndon Johnson para apurar o caso concluiu que Oswald agiu sozinho e que houve três tiros (só duas balas foram achadas) - como registrou numa câmera 8 mm o alfaiate Abraham Zapruder, no vídeo caseiro mais famoso do mundo. Um dos membros da comissão era um ex-diretor da CIA que havia sido exonerado por Kennedy.
Em 1967, o promotor Jim Garrison reabriu o caso. Sustentava que Kennedy fora morto numa triangulação de tiros arquitetada por radicais antiCastro com aval da CIA. Apontava ainda conexões de Jack Ruby com a máfia. Conseguiu levar o empresário Clay Shaw a julgamento (o único júri sobre a morte), mas ele foi absolvido em 1969. Em nova apuração, uma comissão da Câmara dos EUA apontou em 1979 que 'provavelmente' a morte foi resultado de um plano de mafiosos e extremistas antiCastro (e isentou a CIA) - mas o relatório não deu em nada.
O crime bateu fundo na sociedade americana. 'Foi a erosão do sonho americano do pós-guerra, enquanto lutavam contra a Guerra do Vietnã e por direitos de negros, mulheres e jovens', diz o professor de história da Uni-Rio Flávio Limoncic. Os tiros também levantaram a violência política para os EUA, fenômeno que era entendido no país como restrito ao Terceiro Mundo, lembra o professor, citando os assassinatos, cinco anos depois, do ativista Martin Luther King e do senador Robert Kennedy, irmão de JFK. Depois de Kennedy, os EUA intensificaram o conflito no Vietnã e emendaram uma guerra atrás da outra. E até hoje a dúvida permanece: em 2013, uma pesquisa mostrou que 61% dos americanos acham que a morte do presidente não foi obra de um homem só."
A matéria acima foi retirada da revista DOSSIÊ SUPERINTERESSANTE - CRIMES: OS 71 CASOS MAIS IMPRESSIONANTES DE TODOS OS TEMPOS, edição 350A, agosto de 2015. Todos os direitos autorais reservados exclusivamente à revista DOSSIÊ SUPERINTERESSANTE e a Editora Abril.
SUGESTÃO
Separamos abaixo, um documentário (dublado - em português) produzido pela National Geographic sobre a morte do presidente John F. Kennedy. Para vê-lo, clique sobre o vídeo.
Comentários
Postar um comentário