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A seguinte matéria foi escrita por Raquel Beer, publicada pela revista Veja em 28 de outubro de 2015. Portanto, todos os diretos autorais são reservados exclusivamente à autora e a revista, e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.

"CABEÇAS NA NUVEM"
"Na era do trabalho remoto, a popularização da internet associada ao uso de smartphones e tablets conectados a potentes servidores matou a ideia de bater ponto no escritório"


"Seis em cada dez brasileiros se conectam diariamente à internet - assim como quase metade da população mundial. A rede tornou rápido e fácil o acesso e a troca de informações, seja para se comunicar distraidamente com um amigo pelo Facebook, seja para tratar de assunto sério com o chefe. Os dados que navegam on-line proporcionaram a criação do que se chama de nuvem ou, como é mais conhecido pelo termo em inglês, cloud. Muito mais do que bytes, esse fenômeno é formado por pessoas. A 'nuvem humana' transformou aspectos diversos da vida, a começar pela comprovada diminuição de 6 para 4 graus de separação a distância entre quaisquer indivíduos do planeta. Agora, começa a tornar obrigatória uma revisão completa das relações trabalhistas. Hoje, em muitos setores, bastam um computador e uma conexão wi-fi para estabelecer uma relação profissional. Munidos de smartphones, tablets e notebooks, profissionais passaram a trabalhar de qualquer lugar, seja em casa, seja no parque ou no escritório - ambiente cada vez mais descartável. É uma mudança radical, já nomeada de 'revolução do emprego flexível'. O risco, para os críticos desse movimento: pode ser o início de uma peleja entre empregadores e funcionários, com a deterioração das condições de trabalho.
A revolução do emprego flexível começou a ficar evidente a partir de 2007, com o lançamento do iPhone. Se antes 1% dos acessos globais à web se dava por dispositivos móveis, esse número saltou hoje para 25%, com a proliferação de smartphones. Um em cada quatro profissionais do mundo se encaixa na política do trabalho remoto, no qual funcionários, contratados ou freelancers, têm a liberdade de operar a distância - algumas orientam os funcionários a ficar em casa, de modo a economizar em gastos como a conta de luz e internet. Nessas situações, o escritório se metamorfoseia na nuvem humana. Reuniões? São feitas por Skype. Ordens da chefia? Passadas por WatsApp. A cada ano, a adoção desse novo método aumenta em até 70%, em substituição à forma tradicional, de bater ponto."


"Porém, a nuvem humana tem espalhado insegurança', afirma o economista inglês Guy Standing, da Universidade de Londres, e autor de O Precariado: A Nova Classe Perigosa, livro sobre as atuais condições instáveis de trabalho. 'Contudo, o potencial é enorme. Com os cuidados certos, os benefícios vão se mostrar mais relevantes', acrescenta. Standing calcula que, em cinco anos, uma em cada três relações trabalhistas será realizada on-line. 'É urgente achar uma forma de fazer a transição sem que, no caminho, funcionários tenham direitos desrespeitados', disse a Veja. Caso emblemático é o do Uber, o aplicativo de motoristas. Os profissionais cadastrados são autônomos, trabalham como querem - com o dever de passar 20% dos ganhos à empresa. No entanto, a Justiça da Califórnia, justamente onde está sediada a companhia, já determinou que isso se configura, sim, como emprego. Por isso, o Uber se viu obrigado a arcar com direitos trabalhistas de alguns de seus parceiros.
Não é a primeira vez que é posto em xeque o conceito que se tem de trabalho. A Revolução Industrial do século XVIII transformou artesãos em operários e com isso, a produção deixou de ser individual para virar um esforço coletivo. À época, críticos alegavam que isso culminaria em maus-tratos de empregados, supostamente jogados em rotinas cruéis. Mas a história mostrou o contrário: antes do fim do século XVIII, a produtividade foi multiplicada por oito, o salário médio aumento em dez vezes e a expectativa de vida dobrou. Três séculos depois, a era do trabalho remoto promete aumentar novamente a produtividade (veja o quadro acima). Os defensores do trabalho na nuvem apostam que a transformação aliviará crises de desemprego, eliminará a ideia de escassez de mão de obra e fundará o conceito de meritocracia global. Funcionários não serão avaliados por quão bem se relacionam com chefes. Na nuvem, ninguém tem rosto e, por isso, todos passam a ser julgados pela eficiência. Goste ou não da transformação, é irreal combatê-la. Nas palavras do escritor George Bernard Shaw: 'O homem razoável se adapta ao mundo; o insensato persiste em tentar adaptar o mundo a ele'."


A matéria acima foi retirada da revista Veja - edição 2 449 - Ano 48 - nº 48, págs. 82 e 83. 28 de outubro de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista Veja e a Editora Abril.


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