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A seguinte matéria foi escrita por Mariana Queiroz Barbosa, publicada pela revista ISTO É em 11 de novembro de 2015. Portanto, todos os direitos autorais pertencem exclusivamente à autora e a revista, e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.
A seguinte matéria foi escrita por Mariana Queiroz Barbosa, publicada pela revista ISTO É em 11 de novembro de 2015. Portanto, todos os direitos autorais pertencem exclusivamente à autora e a revista, e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.
"O ESTADO ISLÂMICO TEM ARMAS PARA ISSO?"
"Para EUA e Grã-Bretanha, militantes do EI derrubaram avião no Egito. Resta saber se a facção estaria preparada para uma ação terrorista tão eficaz"
"A queda do avião da companhia Metrojet, que levava 224 pessoas com destino a São Petersburgo, na Rússia, no sábado 31, deixou de ser tratada como um acidente. Baseadas na interpretação de mensagens trocadas por terroristas, autoridades britânicas e americanas acreditam que os responsáveis sejam militantes do Estado Islâmico (EI) que atuam na Península do Sinai, no Egito, onde a aeronave foi encontrada 23 minutos após o início do voo 9268. Informações extraoficiais indicam que uma bomba teria sido colocada no bagageiro, provavelmente com a conivência de algum funcionário do Aeroporto de Sharm-el-Sheik. A meses para aparecer (e a hipótese de falha técnica não foi descartada), mas até lá a comunidade internacional seguirá questionando se o EI teria capacidade militar para uma ação terrorista tão eficaz. O EI já se mostrou hábil em dominar porções de território entre a Síria, o Iraque e a Turquia e até redefinir as fronteiras pós-Primeira Guerra Mundial. Numa área equivalente à Grã-Bretanha, instaurou um Califado, onde impõe com violência a lei islâmica."
"Embora ainda existam evidências sólidas, o EI pode ter realizado esse ataque e essa é uma ameaça significante para nós', disse à ISTO É Fred Fleitz, vice-presidente do Centro de Política de Segurança de Washington. 'O EI está numa guerra contra a sociedade ocidental e os russos também são alvos'. O ex-funcionário da CIA e do Departamento de Estado americano alerta que a pressa em Washington em apontar o EI como responsável mostra que os americanos querem os russos lutando do seu lado. Desde que Moscou iniciou ataques na Síria para defender o regime de Bashar Al-Assad, há um mês, porta-vozes do Pentágono diziam que o alvo eram rebeldes treinados pela CIA, e não pelo EI. Agora essa narrativa sofreu um revés. Um vídeo divulgado pelos jihadistas mostra um soldado parabenizando os 'irmãos do Sinai' por derrubar o avião russo e ameaçar matar mais pessoas em retaliação à intervenção da Rússia na Guerra da Síria. 'Estamos diante de uma organização que tem capacidade para construir bombas e não tem nenhum problema em matar civis', afirma Patricia DeGennaro, especialista em segurança internacional da Universidade de Nova York e do World Policy Institute."
"Ainda que a reivindicação do ataque pelos radicais tenha sido vaga se comparada ao histórico do grupo, que costuma divulgar nomes, métodos e tipos de explosivos, há motivos para acreditar nela. Durante a tomada de Ramadi, em maio, o EI realizou cerca de 30 atentados suicidas usando carros carregados de explosivos. Entre eles, tanques Humvees, fornecidos pelos Estados Unidos ao exército iraquiano. Segundo relatório da ONG britânica Action Armed Violence, o EI é atualmente o maior responsável pelas mortes de civis em atentados suicidas. Até julho, quase 2 mil pessoas foram mortas ou feridas nessa situação. 'Os homens-bombas têm tido papel-chave nas táticas militares do EI, sobretudo no Iraque', diz o texto. Ainda que as informações não possam ser confirmadas, dados divulgados pela agência de notícias Amaq, ligada aos terroristas, mostram que o número de ataques suicidas mais do que dobrou em outubro. Em setembro, o EI realizou 29. No mês seguinte, 65."
"Por trás da intensão de espalhar terror e expandir o território do Califado, os homens-bombas carregam a ideologia do martírio. Para eles, essa violência seria uma 'transgressão menor se comparada às crueldades que o inimigo inflige sobre eles', segundo o escritor Mohammed Hafez. O argumento é tão forte que há relatos de filas de espera para ser um homem-bomba. Em entrevista à revista americana 'Foreign Policy', um pregador pró-EI disse que um potencial suicida se mudou da Síria para o Iraque porque lá a lista de espera é menor. Não bastasse a procura de homens dispostos ao martírio, a maioria entre 20 e 30 anos, crianças também estariam no radar do EI. A Comissão Independente do Iraque para Direitos Humanos estima que, entre novembro de 2014 e maio de 2015, mais de mil foram recrutadas para se transformar em homens-bombas.
Para o presidente do Egito, o militar Abdul Fatah Al-Sisi, qualquer conclusão sobre o desfecho do voo 9268 é precipitada. Afinal, o fortalecimento do braço do EI no país afetaria diretamente uma de suas principais fontes de renda no turismo. Neste ano, o governo esperava que as pirâmides e os resorts do Mar Vermelho atingisse 10 milhões de visitantes, bem abaixo dos 14,7 milhões de 2010, antes do início das manifestações da Primavera Árabe. Agora essa meta está mais longe de ser alcançada."
A matéria acima foi retirada da revista ISTO É - Ano 38 - nº 2397, págs. 60 e 61. 11 de novembro de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista ISTO É e a Editora três.
"Por trás da intensão de espalhar terror e expandir o território do Califado, os homens-bombas carregam a ideologia do martírio. Para eles, essa violência seria uma 'transgressão menor se comparada às crueldades que o inimigo inflige sobre eles', segundo o escritor Mohammed Hafez. O argumento é tão forte que há relatos de filas de espera para ser um homem-bomba. Em entrevista à revista americana 'Foreign Policy', um pregador pró-EI disse que um potencial suicida se mudou da Síria para o Iraque porque lá a lista de espera é menor. Não bastasse a procura de homens dispostos ao martírio, a maioria entre 20 e 30 anos, crianças também estariam no radar do EI. A Comissão Independente do Iraque para Direitos Humanos estima que, entre novembro de 2014 e maio de 2015, mais de mil foram recrutadas para se transformar em homens-bombas.
Para o presidente do Egito, o militar Abdul Fatah Al-Sisi, qualquer conclusão sobre o desfecho do voo 9268 é precipitada. Afinal, o fortalecimento do braço do EI no país afetaria diretamente uma de suas principais fontes de renda no turismo. Neste ano, o governo esperava que as pirâmides e os resorts do Mar Vermelho atingisse 10 milhões de visitantes, bem abaixo dos 14,7 milhões de 2010, antes do início das manifestações da Primavera Árabe. Agora essa meta está mais longe de ser alcançada."
A matéria acima foi retirada da revista ISTO É - Ano 38 - nº 2397, págs. 60 e 61. 11 de novembro de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista ISTO É e a Editora três.
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