AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?
Você sabia que, em 60% dos acidentes ocorridos com aeronaves no mundo, até o dia de hoje, a falha humana de alguma forma, contribuiu para o desastre? Mas o que seria exatamente a falha humana? O ser humano, como sabemos, está sujeito a cometer erros, que podem ser esperados, ou não. Mesmo com toda a tecnologia já existente, presente em praticamente tudo o que usamos, as falhas continuam a acontecer. O cansaço dos pilotos, é uma das principais falhas apontadas por especialistas no assunto. Este cansaço, no entanto, quase sempre, passa despercebido, quando o assunto é aviação comercial. Isso porque, os pilotos são necessários na decolagem e aterrissagem da aeronave, no caso de turbulências ou problemas posteriores, que impossibilitam que o piloto automático, controle a máquina. No caso dos aviões comerciais, como já vimos em matérias anteriores desta série, o piloto automático é acionado a partir do momento que o avião, já em pleno ar, encontra-se em equilíbrio. A partir daí, a única função dos pilotos, é checar os equipamentos e vigiar o piloto automático, além de preencher dados do voo.
Os erros humanos, causadores de tragédia, quase sempre se decorrem por uma sequência dos mesmos. O acidente mais grave da aviação comercial, ocorrido em Tenerife, também é um exemplo nítido do que uma sequência de erros humanos pode causar.
Desde 27 de março de 1977, quando uma bomba fechou o aeroporto de Las Palmas, nas Ilhas Canarias, dois boeings 747 foram transferidos para a Ilha de Tenerife, que já congestionada com tantos voos desviados, que aguardavam a liberação da torre de controle para seguir rumo aos seus destinos. O stress daquele dia no aeroporto de Tenerife, a divergência das informações por parte dos funcionários da torre, e a falta de entendimento por parte dos pilotos, atrelada ao cansaço e pressão da companhia, mais o mau tempo que formou uma densa neblina com pouca visibilidade, resultaram na maior tragédia da aviação comercial. Os dois boeings chocaram-se em plena pista do aeroporto de Tenerife, matando 583 pessoas, entre os tripulantes e passageiros dos dois aviões.
Para conhecer mais detalhes do acidente, leia A COLISÃO DE TENERIFE: O MAIOR ACIDENTE DA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO, que traz junto, um documentário com imagens da tragédia.
A PRIMEIRA VEZ DO BRASIL: O ACIDENTE DA PANAIR DO BRASIL MATOU 50 PESSOAS EM 1950
Acidente: Queda de aeronave
Local: Porto Alegre - RS
Data do acidente: 28 de julho de 1950
Causa: Mau tempo
Companhia: Panair do Brasil
Aeronave: Lockheed Constellation 049
Número de mortos: 50
Era 28 de julho de 1950, quando o magnífico Lockheed Constellation, da companhia aérea, Panair do Brasil (uma subsidiária da Pan Airlines, que surgiu em 1930), decolou da Base Aérea do Galeão, com 43 passageiros e sete tripulantes. O modelo em questão, era um dos primeiros aviões pressurizados (capaz de voar a 7 mil metros de altitude), foi comprado pela companhia em 1946. Este modelo foi o primeiro a ser fabricado em larga escala, mas até então, era um dos poucos que conseguia tamanha façanha. Para pilotá-lo, Eduardo Henrique Martins, um dos pilotos mais famosos da Panair do Brasil, que fazia a rota Rio de Janeiro e Porto Alegre, e estava no comando do Constellation naquele dia 28 de julho de 1950.
Ao decolar do Rio de janeiro, o avião já apresentava defeito em um dos motores. Mesmo assim, sua decolagem não foi abortada, e seguiu-se o script do planejado. Quando Eduardo preparava-se para descer no autódromo São João, a torre de comando afirmou que ele não poderia pousar, devido à falta de condições do local, provocada pelo mal tempo. A chuva forte, encharcava a pista de terra batida, e um pouso naquelas condições, seria muito difícil. Então, o avião foi direcionado a aterrizar na Base Aérea de Gravataí, na região metropolitana, cuja pista era asfaltada. A chuva, cada vez mais porte, não deixava que o piloto pousasse no local. Ele tentava pela segunda vez, o pouso. No entanto, o Lockheed Constellation se desgovernou e bateu contra o Morro das Cabras, por volta das 19h25. Ninguém sobreviveu ao impacto.
A maior parte dos passageiros daquele voo era do Rio Grande do Sul, que iam ao Rio assistir à primeira Copa do Mundo em casa. Estima-se que, famílias inteiras foram dizimadas naquele trágico acidente, caso do químico João Rocha Fernandes, sua esposa, e as duas filhas.
O acidente era o primeiro da história da viação comercial do Brasil. Até então, nenhum acidente tão grave havia acontecido por aqui. Vinte anos de plena paz nos ares, era o que diziam todos que voavam pelos céus do Brasil. A explosão do avião foi notícia em todos os meios de comunicação da época. O que causou profunda comoção. Mas a tragédia não pararia por ali.
Segundo investigações, além do mau tempo daquele dia, a decisão de desviar o Constellation para a Base Aérea de Gravataí foi constatada errada. Isso porque, apesar da pista pavimentada, o local não tinha capacidade para receber um avião daquele porte, muito menos instrumentos adequados para orientar seu pouso.
Dois dias depois deste acidente, outro Lockheed também caiu. Neste, o senador Joaquim Pedro Salgado Filho, ex-Ministro da Aeronáutica, voava de Porto Alegre a São Borja. Ele iria visitar o presidente Getúlio Vargas. Ao sobrevoar o município de São Francisco de Assis, o bimotor Lockheed foi ao chão devido ao mau tempo. A mesma frente fria que havia causado o primeiro acidente. Todos morreram.
Após este último acidente, o até então aeródromo São João, passou-se a se chamar Aeroporto Salgado Filho.
SUGESTÃO
Após a leitura, separamos um pequeno vídeo que mostra um avião da Panair do Brasil, semelhante ao acidentado, decolando. As imagens são do You Tube.
SUGESTÃO PARA LEITURA
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