CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA MEIO AMBIENTE!
"RETRATOS DO FIM DO MUNDO"
"É cada vez maior o número de evidências científicas que comprovam que a exploração da Terra está muito próxima de seu limite. As imagens aqui apresentadas são parte do projeto de uma rede de ativistas ambientais que clama por ações imediatas por um mundo mais sustentável. O alerta é grave, mas nem tudo está perdido"
Por: Camilo Gomide
"O ano de 2015 tem sido pouco animador para os ambientalistas e, por extenção, para todos nós. Estudos científicos publicados nos últimos meses têm comprovado o que já era sugerido desde pelo menos a década de 1970: a ação do homem tem provocado danos sérios ao planeta.
A população humana cresce a índices impressionantes: a cada hora nascem, aproximadamente, 9 mil pessoas. Aumentam também a gravidade e a incidência de problemas com a falta de alimentos, o volume de lixo, a escassez hídrica. o desmatamento e poluição."
Em maio, soou no mundo um dos alertas mais preocupantes, que deverá se impor como um desafio urgente aos negociadores da COP 21, a conferência do clima da ONU que acontecerá em dezembro, em Paris. A National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA), agência federal dos Estados Unidos que cuida de assuntos ligados a meteorologia, oceanos, atmosfera e clima, verificou que a concentração média de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapassou a marca de 400 partes por milhão (ppm) pela primeira vez desde o início das medições. O nível considerado seguro é de 350 ppm."
"Outro índice inquietante relacionado ao aquecimento global foi a elevação do nível do mar em um ritmo mais acelerado do que estimado previamente. Um estudo publicado em maio na revista National Climate Change mostrou que desde a passagem do século 20 para o 21, o volume de água dos oceanos não para de aumentar. A hipótese dos cientistas, é que esse é um dos efeitos do aumento da concentração de CO2 na atmosfera, assim como a elevação das temperaturas e a maior incidência de catástrofes climáticas."
"EXCEDENDO OS LIMITES"
"O cientista sueco Johan Rockstron, chefe de um renomado centro de estudos de resiliência do planeta na Universidade de Estocolmo, criou um método para quantificar os danos causados pela humanidade à Terra. Ele estipulou nove limites que precisam ser assegurados para que o nosso planeta continue habitável - pelo menos para as formas de vida como a conhecemos, inclusive a nossa.
As fronteiras definidas pelos ambientalistas dizem respeito: 1) às mudanças climáticas; 2) à extinção das espécies e à perda da biodiversidade; 3) à contaminação de ecossistemas com elementos como nitrogênio e fósforo; 4) ao desmatamento e à degradação da terra; 5) às emissões de partículas como os aerossóis na atmosfera; 6) à diminuição da camada de ozônio; 7) à acidificação dos oceanos; 8) ao uso de água potável; 9) ao despejo de poluentes (plástico, materiais radiativos, etc.) no meio ambiente."
"Em janeiro deste ano ele veio a público dizer que já estragamos às quatro primeiras e caminhamos para fazer o mesmo em relação às cinco restantes. 'O planeta tem sido muito hospitaleiro amortecendo nossas ações e sempre mostrou muita resiliência. Mas, pela primeira vez, chegamos a um ponto em que isso deve se reverter e, então, este mundo se tornará inóspito', disse Rockstrom na ocasião.
A pesquisa de Rockstrom engrossa o coro dos cientistas que defendem que vivemos uma nova era geológica, forçada pela ação humana: o Antropoceno. O sueco, no entanto, não é alamista, mas esperançoso. Ele acredita que ainda é possível minimizar as emissões de carbono, por exemplo, impulsionando a agricultura na África, suavizando as perdas de biodiversidade e do desmatamento, e resolvendo o problema da fome na mesma tacada."
"Para o cientista, apesar dos sinais negativos, pela primeira vez temos um quadro favorável para o crescimento e para erradicar problemas como a fome e a pobreza. Com mais esforço, acredita, é possível recuperar algumas fronteiras."
"MAIS QUE PALAVRAS"
A organização ambientalista internacional Global Population Speak Out, que reúne cientistas, acadêmicos e formadores de opinião, caminha na mesma direção. Para aumentar a consciência da população, ela lançou o livro Overdevelopment, Overpopulation, Overshoot, uma coletânea de imagens de fotógrafos do mundo todo que levam o espectador a refletir sobre a hiperexploração da Terra. As imagens chocam muitas vezes pelo aspecto trágico que retratam, mas também ao capturar a beleza e a singularidade do nosso planeta de ângulos inusitados.
Em entrevista a PLANETA, Joseph Bish, diretor da entidade, contou que a estratégia tem conseguido despertar a atenção da comunidade internacional, mas que ainda é necessário que a pauta ganhe mais relevância. 'Um número crescente de líderes políticos defende a ideia de um crescimento mais 'verde' e 'consciente'. mas ainda não há um único político de estatura no mundo que clame por uma medida importante como a desaceleração da produção econômica', diz Bish."
"Para ele, embora existam indivíduos preocupados em diminuir suas pegadas ecológicas, o número de pessoas na contramão ainda é preocupante. 'O volume de gente que está aumentando sua pegada ecológica através do consumo acaba minimizando o esforço de quem se preocupa com isso', lamenta.
Ao ilustrar o tamanho do problema com fotos como estas, Bish acredita que a instituição pode contribuir mais para o despertar das pessoas. 'Como diz o ditado, 'uma imagem vale mais do que mil palavras', afirma."
A matéria acima foi retirada da revista PLANETA - Ano 42 - edição 510, págs. 20, 21, 22, 23, 24 e 25. Junho de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista PLANETA e a Editora Três.
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