CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA SAÚDE!
"UMA ARMA NATURAL CONTRA O DIABETES"
"Novo tratamento conduzido por pesquisadores americanos, ainda em fase inicial de estudos, revelou-se capaz de suspender a aplicação de insulina em portadores de diabetes tipo 1. O mecanismo: aumento do número de células de defesa do organismo"
Por: Carolina Melo
"O diabetes tipo 1 é a versão mais brutal da doença que acomete a capacidade do pâncreas de produzir insulina, o hormônio responsável por levar a glicose para dentro das células. No organismo dos diabéticos, o hormônio é escasso. Os tratamentos atuais compensam essa deficiência com injeções diárias de insulina sintética. Um novo mecanismo, em fase inicial de testes, mostrou-se capaz de frear o diabetes em sua origem, e não apenas corrigi-lo. O trabalho, conduzido por cientistas das universidades da Califórnia e Yale, dos Estados Unidos, já passou pela chamada fase I, atestado de segurança de terapia avaliada. Até ser concluído, há a necessidade de outras etapas, nas quais serão analisadas a segurança e eficácia em um número maior de voluntários, ao longo de pelo menos cinco anos de estudo. Mas há uma imensa e luminosa avenida de esperança para 37 milhões de pessoas em todo o mundo (1,3 milhão apenas no Brasil) que sofrem de diabetes tipo 1.
O pâncreas dos pacientes avaliados para o desenvolvimento da terapia pioneira permaneceu cerca de dois anos produzindo insulina. O resultado foi animador. Diz endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, do Centro de Pesquisas Clínicas CPClin, em São Paulo: 'Fazia muitos anos que não víamos o nascimento de uma linha de pesquisa tão extraordinária para o tratamento da doença'. O achado é a mais promissora notícia no combate à afecção desde os anos 1920, quando os médicos canadenses Frederick Banting e Charles Best isolaram a insulina pela primeira vez.
Os pesquisadores americanos utilizaram a imunoterapia, que faz uso do próprio sistema de defesa do organismo para atacar uma doença. O trabalho foi desbravador em vários campos. O primeiro passo foi detalhar a participação de um tipo específico de célula do sistema imunológico no mecanismo do diabetes tipo 1, o linfócito T regulador. Como o próprio nome indica, essa estrutura exerce o papel natural de regular a intensidade com que o corpo se defende de um corpo estranho - vírus ou bactéria, por exemplo. Os cientistas descobriram que o organismo do diabético tipo 1 contém um número muito baixo de células T reguladoras, o que abre portas para que o sistema imunológico aja descontroladamente. No caso do diabético, dá-se um ataque às células produtoras de insulina no pâncreas, as células beta. Ou seja: com a baixa da guarda dos linfócitos T reguladores, o sistema imunológico passa a reconhecer as células beta como corpos estranhos, matando-as."
"O combate a células beta é gradual. Em poucos anos, o pâncreas está totalmente falido, deflagrado, assim, o diabetes tipo 1. O segundo passo decisivo do novo trabalho foi conseguir interferir nesse mecanismo. Os pesquisadores aumentaram a quantidade dos linfócitos T reguladores em laboratório e os aplicaram na corrente sanguínea do diabético.
Uma das maiores dificuldades em encontrar a cura do diabetes tipo 1 está no perfil das células beta. Extremamente sofisticadas e dedicadas, elas possuem características de maus de um tipo de célula do corpo. As células beta produzem, por exemplo, compostos próprios de um estrutura de defesa sem ser células de defesa. Possuem receptores de neurotransmissores sem ser células nervosas. Não há outra célula no organismo com características semelhantes. Outro percalço está justamente no envolvimento do sistema imunológico, um mecanismo complexo. 'Um mero descompasso do sistema de defesa pode causar danos irreversíveis ao organismo, como desenvolvimento de doenças autoimunes', diz o infectologista Artur Timerman.
O uso de imunoterapia é recente na medicina. O método começou a ser utilizado sistematicamente apenas na última década. Hoje, é consagrado no tratamento do câncer, a exemplo do tumor de pele, bexiga, estômago e mamas. A versão mais branda da doença, o diabetes tipo 2, não será beneficiada com a descoberta dos pesquisadores americanos. Ela está associada sobretudo aos péssimos hábitos da vida moderna, como as dietas desreguladas e calóricas e o sedentarismo. O acúmulo de tecido adiposo pode levar a um quadro de resistência à insulina, o que predispõe à doença. Não há relação com o sistema imunológico, portanto."
O pâncreas dos pacientes avaliados para o desenvolvimento da terapia pioneira permaneceu cerca de dois anos produzindo insulina. O resultado foi animador. Diz endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, do Centro de Pesquisas Clínicas CPClin, em São Paulo: 'Fazia muitos anos que não víamos o nascimento de uma linha de pesquisa tão extraordinária para o tratamento da doença'. O achado é a mais promissora notícia no combate à afecção desde os anos 1920, quando os médicos canadenses Frederick Banting e Charles Best isolaram a insulina pela primeira vez.
Os pesquisadores americanos utilizaram a imunoterapia, que faz uso do próprio sistema de defesa do organismo para atacar uma doença. O trabalho foi desbravador em vários campos. O primeiro passo foi detalhar a participação de um tipo específico de célula do sistema imunológico no mecanismo do diabetes tipo 1, o linfócito T regulador. Como o próprio nome indica, essa estrutura exerce o papel natural de regular a intensidade com que o corpo se defende de um corpo estranho - vírus ou bactéria, por exemplo. Os cientistas descobriram que o organismo do diabético tipo 1 contém um número muito baixo de células T reguladoras, o que abre portas para que o sistema imunológico aja descontroladamente. No caso do diabético, dá-se um ataque às células produtoras de insulina no pâncreas, as células beta. Ou seja: com a baixa da guarda dos linfócitos T reguladores, o sistema imunológico passa a reconhecer as células beta como corpos estranhos, matando-as."
"O combate a células beta é gradual. Em poucos anos, o pâncreas está totalmente falido, deflagrado, assim, o diabetes tipo 1. O segundo passo decisivo do novo trabalho foi conseguir interferir nesse mecanismo. Os pesquisadores aumentaram a quantidade dos linfócitos T reguladores em laboratório e os aplicaram na corrente sanguínea do diabético.
Uma das maiores dificuldades em encontrar a cura do diabetes tipo 1 está no perfil das células beta. Extremamente sofisticadas e dedicadas, elas possuem características de maus de um tipo de célula do corpo. As células beta produzem, por exemplo, compostos próprios de um estrutura de defesa sem ser células de defesa. Possuem receptores de neurotransmissores sem ser células nervosas. Não há outra célula no organismo com características semelhantes. Outro percalço está justamente no envolvimento do sistema imunológico, um mecanismo complexo. 'Um mero descompasso do sistema de defesa pode causar danos irreversíveis ao organismo, como desenvolvimento de doenças autoimunes', diz o infectologista Artur Timerman.
O uso de imunoterapia é recente na medicina. O método começou a ser utilizado sistematicamente apenas na última década. Hoje, é consagrado no tratamento do câncer, a exemplo do tumor de pele, bexiga, estômago e mamas. A versão mais branda da doença, o diabetes tipo 2, não será beneficiada com a descoberta dos pesquisadores americanos. Ela está associada sobretudo aos péssimos hábitos da vida moderna, como as dietas desreguladas e calóricas e o sedentarismo. O acúmulo de tecido adiposo pode levar a um quadro de resistência à insulina, o que predispõe à doença. Não há relação com o sistema imunológico, portanto."
A matéria acima foi retirada da revista VEJA - Edição 2 471 - Ano 49 - nº 13, págs. 78 e 79. 30 de março de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e a Editora Abril.
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