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TEMAS DAS PROVAS
TENHA INTERESSE PELOS ASSUNTOS DA PROVA
Veja o que especialistas falam dos temas, abordagens e expectativas da redação.
A redação é uma parte diferenciada dos vestibulares, e a expectativa quanto ao tema da redação costuma resultar em uma dose extra de ansiedade. Enquanto as demais provas avaliam basicamente os conteúdos que você aprendeu no Ensino Básico, a prova de redação é a única que tenta medir se você consegue elaborar conteúdos a partir do que aprendeu e, eventualmente, fazer propostas. Por isso mesmo, a prova de redação é a 'estrela', digamos, de muitos vestibulares.
Um bom início é observar quais tipos de temas são solicitados nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e da universidade em que você quer estudar, pois cada uma habitualmente adora uma linha, pelo menos nos anos recentes. Algumas universidades, por exemplo, preferem solicitar a dissertação sobre temas subjetivos pelos cursinhos que geram redações pré-formatadas.
Os temas recentes propostos em alguns dos maiores vestibulares dão uma boa pista de sua tendência, e elaboramos para você uma lista com os mais recentes de alguns dos maiores vestibulares.
Além disso, um bom recurso ao candidato é buscar e consultar na internet as provas vestibulares da faculdade ou universidade que ambiciona, o que ajuda a se inteirar e a praticar. Descobre-se, por exemplo, se a prova costuma trazer apenas um ou dois elementos de coletânea, se traz textos não verbais, ou se a prova inteira é uma coletânea, o que pode ajudar muito o candidato.
EVOLUÇÃO DA PROVA
'A importância e a forma da redação como conhecemos hoje surgiu com os avanços nas teorias da educação. O estudante era visto e avaliado como um reprodutor de conhecimentos. Mas com o passar do tempo passou-se à compreensão de que ele deve ser visto também como um produtor desse conhecimento, como protagonista do processo', explica Luciano Segura, do Curso Intergraus, em São Paulo.
Eclicia Pereira, professora de redação do Cursinho Politécnico, de São Paulo, afirma que as universidades buscam 'estudantes que, por meio da escrita, expressem sua visão de mundo, em um texto pleno em forma e conteúdo'. Em sua avaliação, se em outros tempos a forma se sobrepunha ao conteúdo, hoje eles caminham lado a lado, o que torna mais desafiadora a produção de texto. 'A prova de redação objetiva não apenas avaliar as condições de escrita dos candidatos, mas também sua leitura interpretativa dos dados da prova e também do mundo', diz.
Os orientadores que entrevistamos concordam em um ponto: em qualquer tema dissertativo o candidato precisa expressar reflexão sobre o tema e um ponto de vista. Filipe Couto, vice-diretor e coordenador de língua portuguesa, literatura e redação do Colégio e Curso pH, do Rio de Janeiro, orienta os alunos que, em todos os casos, é fundamental que eles consigam relacionar fatos e opinião para criar um ou mais argumentos que sustentem um ponto de vista. 'Sempre que pedem um texto argumentativo, o candidato tem de se posicionar. Se o tema for colocado sob a forma de uma pergunta, ele deve se assegurar de que seu texto oferece uma resposta. Se o tema for uma afirmação, deve problematizar essa afirmação'.
TIPOS DE TEMAS E RECORTE
Os temas da prova podem ser aglutinados em três áreas básicas que detalhamos a seguir.
- Temas com foco inicial no próprio indivíduo Como felicidade, sofrimento, altruísmo - Fuvest 2011 e 2012, PUC-Rio 2015, PUC-Minas 2015, UnB 2014 2º Semestre e UFRGS 2015.
- A relação do indivíduo com os outros Temas sociais como direitos civis, violência, imigração, pobreza, inclusão social. São uma diretriz das provas do Enem.
- A relação humana com o ambiente natural Assuntos como desmatamento, biodiversidade, sustentabilidade ambiental, efeito estufa, desastres.
Qualquer que seja o tema, ele deve ser abordado objetivamente em uma dissertação ou outro gênero de texto com interlocução semelhante, como a carta aberta, o manifesto e outros. Francisco Platão Savioli, supervisor de Língua Portuguesa do Curso Anglo Vestibulares de São Paulo exemplifica: 'Se o tema for amizade (UFRGS 2015 e PUC-Rio 2015), o candidato deve trabalhá-lo como um objeto de investigação. Não é para escrever coisas como 'sem amizade a minha vida seria vazia', isso não é dissertação', diz ele.
Outra orientação é quanto à necessidade de estabelecer um recorte para o tema. Por exemplo, se o tema é o trabalho em geral, pode-se escolher o trabalho terceirizado, o escravo, o infantil. Se o tema já traz um recorte, como o trabalho infantil (Enem 2005), como o trabalho da criança em família.
É importante também não extrapolar um tema ou acompanhá-lo pela metade. Ou seja, se a proposta é dissertar sobre o legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil, o candidato não pode discorrer apenas sobre a escravidão ou mesmo a exclusão econômica e social atual dos negros no país e esquecer a segunda parte do enunciado: o preconceito.
Savioli alerta para o que chama de 'o ladrão de cena', a saber, quando o assunto da prova se mistura com um daqueles que o vestibulando trabalhou muito. Daí que o assunto estudado 'pode roubar a cena' do tema da prova. O candidato se tranquiliza, mas acaba escrevendo sobre o assunto que estudou, e não sobre o que foi solicitado. Exemplos: o tema 'a violência provocada pelas diferenças sociais' não é sobre a violência em geral, e sugere polemizar as diferenças sociais; o tema 'a mobilização pela internet' não coloca o foco na internet, e sim na mobilização humana que ela possibilita.
Outra orientação é quanto à necessidade de estabelecer um recorte para o tema. Por exemplo, se o tema é o trabalho em geral, pode-se escolher o trabalho terceirizado, o escravo, o infantil. Se o tema já traz um recorte, como o trabalho infantil (Enem 2005), como o trabalho da criança em família.
É importante também não extrapolar um tema ou acompanhá-lo pela metade. Ou seja, se a proposta é dissertar sobre o legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil, o candidato não pode discorrer apenas sobre a escravidão ou mesmo a exclusão econômica e social atual dos negros no país e esquecer a segunda parte do enunciado: o preconceito.
Savioli alerta para o que chama de 'o ladrão de cena', a saber, quando o assunto da prova se mistura com um daqueles que o vestibulando trabalhou muito. Daí que o assunto estudado 'pode roubar a cena' do tema da prova. O candidato se tranquiliza, mas acaba escrevendo sobre o assunto que estudou, e não sobre o que foi solicitado. Exemplos: o tema 'a violência provocada pelas diferenças sociais' não é sobre a violência em geral, e sugere polemizar as diferenças sociais; o tema 'a mobilização pela internet' não coloca o foco na internet, e sim na mobilização humana que ela possibilita.
TEMAS QUE PEDEM PROPOSTA
Algumas provas podem pedir propostas para um problema colocado como tema. A mais conhecida nesse sentido é a do Enem, na qual é obrigatório apresentar uma ou mais propostas de intervenção para um problema social, respeitando os direitos humanos.
Todos os entrevistados lembram que a proposta pede uma intervenção, não uma solução. Uma orientação de Yeso Osawa, professor do Curso Positivo, em Curitiba (PR), é que 'a proposta não precisa ser aquilo que está por ser feito. É possível mencionar um procedimento já existente como aquilo que pode balizar sua sugestão'.
Filipe Couto destaca que a proposta precisa resultar de uma tese e argumentação claras, e conter três elementos para ser bem fundamentada: 'a proposta explicitada (informando como ela pode atenuar o problema colocado no tema), como ela seria implementada, e por qual agente social: pode ser um dos governos, a família, a comunidade, uma ONG'.
Luciano Segura também destaca a importância de a proposta ser vinculada à argumentação. 'Se o estudante discute a superlotação dos presídios, por exemplo, não é esperado que ele proponha mais educação como proposta de intervenção'.
NÃO SE ESQUEÇA: Não fuja do tema da prova e evite radicalismos. Isso tira pontos e pode até zerar sua nota.
Informações retiradas do livro GE - GUIA DO ESTUDANTE - REDAÇÃO: VESTIBULAR E ENEM 2016, págs. 28 e 29.
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