FIDEL CASTRO DISSE "COMETI ERROS QUE NÃO VOLTARIA A COMETER"
"Ao longo da história de Veja, o ditador cubano Fidel Castro foi destaque de matérias especiais que estamparam quatro capas da revista. Em uma delas, em 1977, Fidel concedeu uma longa e exclusiva entrevista - a sua primeira a uma publicação brasileira. Relembre abaixo alguns momentos da conversa:
QUATRO HORAS DE ENTREVISTA COM FIDEL CASTRO - 13/07/1977
Nesta entrevista especial feita pelo jornalista e escritor Fernando Morais, Fidel Castro falou durante quatro horas a VEJA, o que resultou em uma reportagem de nove páginas. Na época com 50 anos, Castro fez questão de dizer que não tinha nenhuma restrição de perguntas - mas vetou aquelas de cunho pessoal."
Fernando Morais (VEJA): "Se pudesse voltar no tempo"
Fidel Castro: "Cometi erros que não voltaria a cometer. Não vou enumerá-los porque seria muito extenso. Trataria de repetir os acertos, claro. Outro dia, num discurso, eu dizia que se tivesse o privilégio de viver de novo minha vida, talvez fizesse muitas coisas diferentes das que fiz."
Fernando Morais (VEJA): "Relação com os Estados Unidos"
Fidel Castro: "Bem, eu entendo que essa geração de cubanos que nasceu lá (...) claro que recebeu influência da sociedade em que vivem (...) Muitos já devem estar pensando como americanos e talvez nem se lembrem de Cuba. E há muitos que têm o pensamento mais progressista que seus pais. De modo que, enquanto as relações não se tenham normalizado, é difícil que existam as condições para abrir as portas de Cuba para esse intercâmbio de visitas. Penso, que quando houver relações, se criarão condições para que se possa viabilizar alguma forma de intercâmbio dessa índole. Disso nós não temos medo: nem de visitas, nem de turistas."
Fernando Morais (VEJA): "Exportação da revolução"
Fidel Castro: "Creio que em todas as relações internacionais é preciso haver normas recíprocas. Somos partidários do respeito e da coexistência pacífica entre Estados de diferentes regimes sociais. E todos os países que estejam dispostos a viver de acordo com essas normas serão respeitados por nós (...) Só o povo de cada país pode fazer a revolução".
Fernando Morais (VEJA): "Liberação de presos políticos americanos"
Fidel Castro: "Por que isso teria de ser de forma unilateral? Coisas da nossa soberania somos nós que decidimos. Mas se os americanos quiserem, posso propor-lhes um acordo: se soltarem um número de negros americanos, que tiveram de delinquir por desemprego, por fome, por falta de escolas, nós colocaremos em liberdade um número igual de presos contra-revolucionários".
Fernando Morais (VEJA): "Conflitos"
Fidel Castro: "O mundo de hoje tem muitos problemas, grandes problemas, e se não se pode resolvê-los pela guerra, será preciso resolvê-los através da paz."
UM PAÍS DE MUITOS PASSADO AGORA TEM ALGUM FUTURO - 27/02/2008
"A reportagem de Alexandre Salvador, Duda Teixeira, Thomaz Favaro e Vanessa Vieira trazia todos os detalhes sobre a renúncia do líder cubano. O texto afirmava que o ditador havia entregado o comando direto do país ao seu irmão Raúl Castro, atitude que abriria caminhos para mudanças, apesar de seu fantasma continuar assombrando o povo e preservando sua tenebrosa herança. Aos 81 anos, pronunciou que não mais concorreria as eleições indiretas. O motivo do afastamento era uma grave doença."
CAMPANHA DE LULA RECEBEU DINHEIRO DE CUBA - 02/11/2005
"A capa da reportagem especial no fim de 2005 estampava Fidel Castro em notas de dólares que, segundo revelava VEJA, vinham de Cuba direto para os bolsos da campanha de Lula. De acordo com o texto, os dólares, acondicionados em caixas de bebida, andaram por Brasília e Campinas até chegar ao comitê eleitoral de Lula em São Paulo. Dois ex-auxiliares do ministro Paloci confirmaram a história a VEJA. São eles: Rogério Buratti e Vladimir Poleto, que transportou o dinheiro de Brasília a Campinas a bordo de um avião Seneca."
DÓLARES E NEGÓCIOS AGITAM A ILHA DE FIDEL - 20/01/1998
"Reportagem de VEJA a Cuba as vésperas da histórica visita do papa João Paulo II a ilha e constatou mudanças significativas no país. Sem a mesada da União Soviética, Fidel Castro se viu obrigado a permitir tímidas reformas econômicas, como a liberação da circulação de dólares e de pequenos negócios particulares. As medidas deram um novo sopro de esperança a modernidade a Cuba, com as tradicionais fotos de líderes da revolução agora dividindo espaço com outdoors de marcas internacionais."
ENTREVISTA e MATÉRIA retirada do site VEJA.com, 26 de novembro de 2016 (Acesso 27/11/2016)
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