REDAÇÃO:
VESTIBULAR E ENEM
APRENDA COM EDITORIAIS ESTRATÉGIAS DE ARGUMENTAÇÃO
A leitura cotidiana dos editoriais de revistas e jornais amplia sua capacidade de interpretar fatos, organizar argumentos e opinar
Por: Alan Nicoliche
A argumentação é a grande preocupação dos vestibulandos na hora de enfrentar a redação do vestibular. Afinal, como desenvolver o texto, demonstrar suas ideias e conhecimentos e, ainda, causar uma boa impressão na banca examinadora? Essa questão, que tira o sono de muitos estudantes, pode ser resolvida com a compreensão das técnicas argumentativas, uma boa interpretação do tema e dos assuntos de que ele trata, uma boa carga de informação e, obviamente, prática de escrita.
Dominar as técnicas argumentativas é essencial para construir um texto coerente e persuasivo. É necessário que o candidato demonstre seu ponto de vista e desenvolva um raciocínio claro sobre sua tese. Dessa forma, interpretar dados, valer-se de bons exemplos e fazer comparações pode ajudar a ilustrar as ideias que o redator pretende transmitir. É importante que as informações sejam usadas em favor do texto e dos argumentos defendidos - por isso, deve-se fazer a escolha das estratégias com cuidado, ressaltando os pontos que são mais pertinentes às questões defendidas e certificando-se de que todas as informações estarão claras para o leitor.
Informar-se é essencial para quem vai enfrentar uma redação de vestibular. É importante que o candidato tenha um bom repertório para que não seja pego de surpresa pelo tema que será abordado. Essa carga informacional pode advir da própria vivência do estudante, mas é importante que ele vá além, inteirando-se em diferentes meios de comunicação, procurando diferentes abordagens que possam ampliar sua capacidade argumentativa e enriquecer seus exemplos.
É importante que o estudante pratique, exercitando sua capacidade de interpretar dados e desenvolver ideias. Conhecendo as técnicas de escrita e estando bem informado, terá condições de produzir textos argumentativos realmente relevantes.
Paralelamente à prática, é interessante ter contato com outras produções textuais, que possam servir como exemplo e inspiração na hora de redigir. A leitura de editoriais e artigos de opinião em jornais, revistas, sites e blogs é um excelente exercício, pois ali podemos encontrar uma exposição ampla de informações e argumentos que defendem visões específicas, seja do autor ou da linha editorial da publicação, com o intuito de persuadir o leitor. Obviamente, esses gêneros não são exatamente o que é pedido no vestibular, mas trazem características muito próximas e estratégias argumentativas bastante interessantes - que podem ser aproveitadas na hora do exame.
Para auxiliá-lo nesse processo, trouxemos a análise de um editorial de jornal, que consegue fazer um bom uso, em defesa de seu ponto de vista, dos dados disponíveis sobre o assunto abordado. Ao ler o texto e sua análise, procure perceber como a escolha dos dados, a posição dos argumentos e exemplos e os elementos coesivos trabalham em favor do raciocínio que se quer incutir no leitor. Por fim, perceba como a conclusão foi bem arquitetada, tornando o texto persuasivo e coerente - exatamente como se pretende em uma dissertação.
Dominar as técnicas argumentativas é essencial para construir um texto coerente e persuasivo. É necessário que o candidato demonstre seu ponto de vista e desenvolva um raciocínio claro sobre sua tese. Dessa forma, interpretar dados, valer-se de bons exemplos e fazer comparações pode ajudar a ilustrar as ideias que o redator pretende transmitir. É importante que as informações sejam usadas em favor do texto e dos argumentos defendidos - por isso, deve-se fazer a escolha das estratégias com cuidado, ressaltando os pontos que são mais pertinentes às questões defendidas e certificando-se de que todas as informações estarão claras para o leitor.
Informar-se é essencial para quem vai enfrentar uma redação de vestibular. É importante que o candidato tenha um bom repertório para que não seja pego de surpresa pelo tema que será abordado. Essa carga informacional pode advir da própria vivência do estudante, mas é importante que ele vá além, inteirando-se em diferentes meios de comunicação, procurando diferentes abordagens que possam ampliar sua capacidade argumentativa e enriquecer seus exemplos.
É importante que o estudante pratique, exercitando sua capacidade de interpretar dados e desenvolver ideias. Conhecendo as técnicas de escrita e estando bem informado, terá condições de produzir textos argumentativos realmente relevantes.
Paralelamente à prática, é interessante ter contato com outras produções textuais, que possam servir como exemplo e inspiração na hora de redigir. A leitura de editoriais e artigos de opinião em jornais, revistas, sites e blogs é um excelente exercício, pois ali podemos encontrar uma exposição ampla de informações e argumentos que defendem visões específicas, seja do autor ou da linha editorial da publicação, com o intuito de persuadir o leitor. Obviamente, esses gêneros não são exatamente o que é pedido no vestibular, mas trazem características muito próximas e estratégias argumentativas bastante interessantes - que podem ser aproveitadas na hora do exame.
Para auxiliá-lo nesse processo, trouxemos a análise de um editorial de jornal, que consegue fazer um bom uso, em defesa de seu ponto de vista, dos dados disponíveis sobre o assunto abordado. Ao ler o texto e sua análise, procure perceber como a escolha dos dados, a posição dos argumentos e exemplos e os elementos coesivos trabalham em favor do raciocínio que se quer incutir no leitor. Por fim, perceba como a conclusão foi bem arquitetada, tornando o texto persuasivo e coerente - exatamente como se pretende em uma dissertação.
EDITORIAL
1 ESTRADAS MENOS LETAIS
2 São animadoras as últimas notícias sobre o trânsito nacional. Em 2015, segundo dados compilados por esta Folha, verificou-se o menor número de mortes nas estradas federais desde 2007.
Em termos absolutos, a quantidade de vítimas é ainda expressiva: 6.868. Na comparação com 2014, entretanto, a redução foi de 17%. Os registros do ano passado, ademais, mostram uma aceleração da tendência de queda constatada desde 2012 nessas vias.
3 Por trás dessa retração existe um conjunto de fatores. O ano passado foi o primeiro sob uma legislação de trânsito mais dura; historicamente, iniciativas dessa natureza produzem efeitos imediatos, ainda que não duradouros, em favor da redução do total de mortes.
As sanções para motoristas que realizam ultrapassagens perigosas, como aquelas feitas pelo acostamento ou com a invasão irregular do outro sentido da via, tiveram aumento de até 900%, chegando a R$ 1.915,40, e passaram a ser consideradas gravíssimas.
4 Além disso, veículos e rodovias do Brasil têm-se tornado mais seguros. Desde 2014, freios ABS e airbags são itens obrigatórios nos carros fabricados no país. Nas estradas, aponta-se o programa de concessões como um fator relevante.
Os investimentos do setor privado resultaram em mais vias duplicadas, recuperação da malha rodoviária, em mais sinalização e implantação de sistemas de atendimento ao motorista, com guinchos e ambulâncias.
5 A tendência de redução da letalidade nas rodovias federais, tudo leva a crer, deve ser mantida neste ano. Nos feriados do Carnaval e da Páscoa observou-se diminuição de óbitos de 8,6% e 14,5%, respectivamente, na comparação com 2015.
6 Reconhecer esses avanços, porém, não significa esquecer a carnificina diária nas vias nacionais, ainda responsável por ceifar mais de 40 mil vidas todos os anos.
Essa brutal realidade do trânsito brasileiro dificilmente será alterada sem que o país tenha verdadeira política pública para o setor. É crucial instituir um plano nacional de redução de mortes e acidentes em ruas e estradas, com objetivos, responsabilidades e orçamento definidos para todos os entes da Federação.
Em termos absolutos, a quantidade de vítimas é ainda expressiva: 6.868. Na comparação com 2014, entretanto, a redução foi de 17%. Os registros do ano passado, ademais, mostram uma aceleração da tendência de queda constatada desde 2012 nessas vias.
3 Por trás dessa retração existe um conjunto de fatores. O ano passado foi o primeiro sob uma legislação de trânsito mais dura; historicamente, iniciativas dessa natureza produzem efeitos imediatos, ainda que não duradouros, em favor da redução do total de mortes.
As sanções para motoristas que realizam ultrapassagens perigosas, como aquelas feitas pelo acostamento ou com a invasão irregular do outro sentido da via, tiveram aumento de até 900%, chegando a R$ 1.915,40, e passaram a ser consideradas gravíssimas.
4 Além disso, veículos e rodovias do Brasil têm-se tornado mais seguros. Desde 2014, freios ABS e airbags são itens obrigatórios nos carros fabricados no país. Nas estradas, aponta-se o programa de concessões como um fator relevante.
Os investimentos do setor privado resultaram em mais vias duplicadas, recuperação da malha rodoviária, em mais sinalização e implantação de sistemas de atendimento ao motorista, com guinchos e ambulâncias.
5 A tendência de redução da letalidade nas rodovias federais, tudo leva a crer, deve ser mantida neste ano. Nos feriados do Carnaval e da Páscoa observou-se diminuição de óbitos de 8,6% e 14,5%, respectivamente, na comparação com 2015.
6 Reconhecer esses avanços, porém, não significa esquecer a carnificina diária nas vias nacionais, ainda responsável por ceifar mais de 40 mil vidas todos os anos.
Essa brutal realidade do trânsito brasileiro dificilmente será alterada sem que o país tenha verdadeira política pública para o setor. É crucial instituir um plano nacional de redução de mortes e acidentes em ruas e estradas, com objetivos, responsabilidades e orçamento definidos para todos os entes da Federação.
Folha de S. Paulo, 20/4/2016
ANÁLISE DO EDITORIAL
1 O título apresenta o assunto do editorial, seu tema, o transporte em estradas, já com um recorte, a diminuição do número de mortes.
2 Os primeiros parágrafos contextualizam o tema, traduzindo o título em números. Tal artifício busca criar um impacto no leitor para auxiliar a argumentação que se seguirá. Repare como o texto todo é apoiado em números e em sua interpretação para o leitor - o que o levará a absorver o ponto de vista editorial.
3 Nestes dois parágrafos, começam a ser apresentados os motivos que, segundo o editorial, levaram à redução das mortes nas estradas. Note que o maior rigor na legislação é apresentado como fator em destaque, mas é também criticado. Permanece o uso dos números como forma de impressionar o leitor, com os 900% de aumento da multa e o seu alto valor máximo.
4 Uma sequência de fatores que ocasionaram a nova realidade das estradas é apresentada nesta parte: estradas e carros mais bem preparados e aparelhados. Repare, porém, que eles são delegados a segundo plano, aparecem depois e são introduzidos pela conjunção aditiva "além disso". A escolha da ordem dos fatores não é aleatória, ela demonstra o raciocínio do autor, o problema maior está na atitude dos motoristas, e não nas condições dos veículos e das estradas.
5 O texto novamente recorre aos números para demonstrar que a diminuição das mortes nas estradas é uma tendência. A ideia, aqui, é apresentar uma perspectiva otimista ao leitor, com o intuito de criar um contraste com as colocações finais. Normalmente, não se aconselha trabalhar com possibilidades e perspectivas futuras em uma dissertação.
6 A conclusão do editorial vai na contramão da visão positiva apresentada até então. Isso pode parecer incoerente, mas não é - faz parte da estratégia argumentativa. Se os números ao longo do texto foram significativos, nada supera as 40 mil mortes anuais. Dessa forma, o redator consegue a adesão do leitor ao seu raciocínio e sua proposta de intervenção. É importante que esse tipo de proposta seja bem articulada com o resto do texto, que seja clara e envolva mais de um agente - pata que tenha um efeito amplo no problema tratado. No caso deste editorial, os agentes envolvidos são bem definidos - "todos os entes da federação" -, mas a proposta em si é vaga.
REDAÇÃO: VESTIBULAR E ENEM foi retirado do livro GE: GUIA DO ESTUDANTE - REDAÇÃO: VESTIBULAR + ENEM 2017.
2 Os primeiros parágrafos contextualizam o tema, traduzindo o título em números. Tal artifício busca criar um impacto no leitor para auxiliar a argumentação que se seguirá. Repare como o texto todo é apoiado em números e em sua interpretação para o leitor - o que o levará a absorver o ponto de vista editorial.
3 Nestes dois parágrafos, começam a ser apresentados os motivos que, segundo o editorial, levaram à redução das mortes nas estradas. Note que o maior rigor na legislação é apresentado como fator em destaque, mas é também criticado. Permanece o uso dos números como forma de impressionar o leitor, com os 900% de aumento da multa e o seu alto valor máximo.
4 Uma sequência de fatores que ocasionaram a nova realidade das estradas é apresentada nesta parte: estradas e carros mais bem preparados e aparelhados. Repare, porém, que eles são delegados a segundo plano, aparecem depois e são introduzidos pela conjunção aditiva "além disso". A escolha da ordem dos fatores não é aleatória, ela demonstra o raciocínio do autor, o problema maior está na atitude dos motoristas, e não nas condições dos veículos e das estradas.
5 O texto novamente recorre aos números para demonstrar que a diminuição das mortes nas estradas é uma tendência. A ideia, aqui, é apresentar uma perspectiva otimista ao leitor, com o intuito de criar um contraste com as colocações finais. Normalmente, não se aconselha trabalhar com possibilidades e perspectivas futuras em uma dissertação.
6 A conclusão do editorial vai na contramão da visão positiva apresentada até então. Isso pode parecer incoerente, mas não é - faz parte da estratégia argumentativa. Se os números ao longo do texto foram significativos, nada supera as 40 mil mortes anuais. Dessa forma, o redator consegue a adesão do leitor ao seu raciocínio e sua proposta de intervenção. É importante que esse tipo de proposta seja bem articulada com o resto do texto, que seja clara e envolva mais de um agente - pata que tenha um efeito amplo no problema tratado. No caso deste editorial, os agentes envolvidos são bem definidos - "todos os entes da federação" -, mas a proposta em si é vaga.
REDAÇÃO: VESTIBULAR E ENEM foi retirado do livro GE: GUIA DO ESTUDANTE - REDAÇÃO: VESTIBULAR + ENEM 2017.
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