DOSSIÊ ANSIEDADE:
DE ONDE ELA VEM. PARA QUE SERVE. E COMO SE LIVRAR DESSE SUFOCO.
- "O MAL DO SÉCULO" -

Você já teve ou tem ansiedade? Certamente sua resposta foi sim. E não dá para não dizer que, a ansiedade virou o tema para muita coisa, desde notícias a matérias de jornais e revistas, está na televisão e no rádio, é assunto de livros e trabalhos nas faculdades, e até mesmo, Best-seller. Se você ainda não está convencido da veracidade desse mal, que pode ser tão benéfico, quando nos ajuda a se proteger de acidentes ou algo perigoso, mas também pode atormentar, com fobias das mais variadas e claro, pensamentos negativos que podem atrapalhar em qualquer momento. Para muitos, confundida com a depressão, por ter muito em comum. A ansiedade ainda é um dilema para muitos que convivem com ela diariamente. Mas já há inúmeros tratamentos para que possa ser amenizada, e seus sintomas, menos nocivos. Por isso, é importante procurar ajuda quando for preciso. Psicólogos, terapeutas e psiquiatras com certeza irão ajudar muito e da forma correta, a enfrentá-la e tratá-la. E é por isso que, à partir de agora, conheça o DOSSIÊ ANSIEDADE: DE ONDE ELA VEM. PARA QUE SERVE. E COMO SE LIVRAR DESSE SUFOCO. - "O MAL DO SÉCULO" -, que reúne preciosas informações e dicas, para levar mais conhecimento a sua vida e assim, te ajudar a enfrentar seus medos e claro, a ansiedade. 

3. COMO TRATAR - TERAPIAS, MEDICAMENTOS, ALIMENTAÇÃO, EXERCÍCIOS, MEDITAÇÃO. CONHEÇA OS TRUQUES PARA DRIBLAR A ANGÚSTIA


"ALÍVIO EM CÁPSULAS: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA/ USO ADULTO CONTÉM 30 COMPRIMIDOS"
"Dos primeiros remédios para dormir às drogas de última geração, a lista de medicamentos para combater a ansiedade não para de crescer."


Por: Tatiana Reckziegel

"Los Angeles, EUA, 5 de agosto de 1962. Uma bela moça loira de 36 anos é encontrada morta deitada nua na cama ao lado de frascos de remédios para a ansiedade. As capas de jornal que estampavam a morte de Marilyn Monroe - assim como as de Jimi Hendrix e de Judy Garland anos depois - forçaram a indústria farmacêutica a se reinventar no tratamento do transtorno. Muito em função do perigo de overdose representado pelos medicamentos da época, até hoje uma aura negativa paira sobre os ansiolíticos. Mas desde aquela geração, dos barbitúricos perigosos até as drogas atuais, muita coisa mudou.
Antes da década de 1970, a medicação mais comum no tratamento dos transtornos de ansiedade que nem tinham esse nome, era o ácido barbitúrico. A substância tinha efeitos sedativos poderosos e ficou popular como um comprimido para dormir. De 30 segundos a 15 minutos depois de tomar o remédio, já era possível sentir o relaxamento profundo pela ação da droga no sistema nervoso central. Até aí, parece uma boa opção. O problema dos barbitúricos é que os pacientes ficavam progressivamente menos sensíveis aos efeitos. Por isso, iam aumentando as doses para reproduzir aquele alívio inicial. Automedicar-se assim seria só imprudente, se não fosse letal. Os barbitúricos ficaram estigmatizados pelas altas taxas de overdoses acidentais e intencionais.
O começo de uma nova geração de ansiolíticos veio com os benzodiazepínicos. Em 1957, o químico croata Leo Sternbach, que trabalhava nos laboratórios da Roche nos Estados Unidos, descobriu uma série de substâncias que tinham ações relaxantes com baixíssimo risco de envenenamento. O pai Valium e do Revotril lançou verdadeiros hits farmacológicos. Já no final dos anos 1970, os benzodiazepínicos eram as drogas mais prescritas do mundo. Excelente ação contra a ansiedade sem o fantasma da overdose.
Mas aí pintou outro fantasma: a alta dependência com o uso prolongado dos remédios. Um estudo publicado em 2014 também associa o tipo de ansiolítico ao aumento de 51% no risco de desenvolver Alzheimer. Ele ainda pode provocar síndrome de abstinência, inclusive em bebês de mães que fizeram uso do medicamento durante a gravidez ou amamentação. Apesar disso, os benzodiapínicos continuam sendo utilizados em tratamentos atuais para casos agudos, em geral de síndrome do pânico.
Pode parecer estranho, mas às vezes um remédio é utilizado justamente por seus efeitos colaterais. Foi assim com o uso de anti-histamínicos contra a ansiedade. Os fármacos, que foram pensados para combater os efeitos de alergias, apresentaram um bom e surpreendente desempenho ansiolítico. A hidroxizina é a mais popular do grupo. Só que, como a maioria dos anti-histamínicos, conforme estudo, provoca sonolência em 28% dos pacientes. A boa notícia é que não causa dependência, e aquela leseira fica menor com mais tempo de uso da droga."

"AS DROGAS MODERNINHAS"

"Mesmo sendo os ansiolíticos - como o próprio nome diz - 'destruidores da ansiedade', outras drogas mandam bem nessa função. Meio por acaso, descobriu-se que os antidepressivos, criados para combater a depressão (claro), são excelentes medicamentos para o tratamento também da ansiedade. Dando um zoom nos nossos neurônios, dá para entender melhor. A serotonina é um neurotransmissor que regula sono, humor, apetite e trabalha mais ou menos como um regente da ansiedade. Os remédios para depressão agem, cada um à sua forma, diretamente na serotonina.
Desde essa descoberta, na década de 1980, os antidepressivos passaram a dominar os receituários para ansiosos. A primeira leva era formada pelos inibidores de monoaminoxidase (IMAO) e pelos tricíclicos (ADT). Como vantagem sobre a medicação anterior eles não causam dependência. Mas têm seus contras. Eles atuavam sob um guarda-chuva bem maior que a serotonina, o das monoaminas, e isso provocava efeitos indesejados, como ganho de peso, disfunção sexual e pressão baixa. Os IMAO estão quase sumidos do mapa, principalmente por outra razão. É que quem utiliza esse remédio tem que dar adeus ao vinho, aos queijos, aos embutidos e outros alimentos com alta concentração do aminoácido tiramina, sob pena de passar por uma grave crise de hipertensão.
A buspirona não poderia ficar fora da lista de medicamentos mais populares para ansiedade. O princípio ativo do Buspar é o único da classe das azapironas comercializado no Brasil. Por muito tempo, a medicação foi utilizada como uma alternativa aos benzodiazepínicos, mas sua eficácia no tratamento de transtornos de ansiedade é bastante questionável. A maioria dos estudos realizados não foi conclusiva sobre o seu mecanismo de ação contra as psicopatologias. Pendendo para o lado bom da balança, a buspirona não tem riscos de dependência e nem interage com o álcool. Os efeitos colaterais são menos preocupantes, como náusea, vertigem e dor de cabeça. Só que leva umas duas semanas até aparecerem as primeiras melhoras do paciente, o que é considerado um período meio longo - especialmente para um ansioso."


"Mesmo não sendo os últimos na ordem cronológica, tendo sido descobertas na década de 1970, os inibidores seletivos de recepção de serotonina (ISRS) são o que há de mais moderno nos tratamentos contra ansiedade. A diferença é que esse tipo de droga age seletivamente na serotonina. Logo, os ISRS têm bem menos efeitos colaterais, mas ainda podem dar náuseas, urticária e agitação. Hoje, eles costumam ser a primeira opção de medicamento para tratar os pacientes de transtornos de ansiedade."


"Com eficiência comparável à da buspirona, os inibidores seletivos de recepção de serotonina e noradrenalina (ISRSNA) funcionam de forma bem semelhante aos inibidores seletivos de receptação de serotonina. Eles são mais novos que os ISRS, mas nem de longe superaram a precisão dos antecessores - apesar de terem efeitos colaterais semelhantes, como perda de libido e retardar a ejaculação no caso dos homens. A questão é que nem sempre intervir na noradrelina é positivo. Da turma dos neurotransmissores (substâncias produzidas pelos neurônios que permitem que eles conversem com outras células), ela é responsável por regular, além da ansiedade, o humor e outras funções do corpo. Isso faz remédios como a venlafaxina estarem entre as opções mais atuais de tratamento, mas não ocuparem o primeiro lugar.
Já nos últimos anos, os betabloqueadores - drogas originalmente receitadas para doenças cardíacas - entraram na moda entre os pacientes de ansiedade. Funcionam para atenuar sintomas como tremores e taquicardias em situações de ansiedade. Isso dá confiança para a pessoa seguir em frente com a terapia. Além do transtorno de ansiedade generalizada (TAG), os betabloqueadores são usados contra a ansiedade situacional, como falar em público."


"Porém, como toda moda medicamentosa, oferece riscos se não houver orientação médica. 'Como você não compra remédios para ansiedade sem receita, existem pacientes que usam outras medicações de venda livre sem indicação, o que é um perigo', comenta Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria ao Hospital das Clínicas de São Paulo. O propranolol e o metropolol, por exemplo, podem desencadear crises de asma e pressão baixa."

"A PRÓXIMA GERAÇÃO"

"Daqui para frente, tudo é hipótese nos tratamentos medicamentosos da ansiedade. A próxima geração de remédios pode surgir a partir de uma descoberta fresquinha, publicada em janeiro deste ano. A pesquisa da Universidade Abo Akademi, na Finlândia, encontrou uma superproteína chamada JNK, capaz de inibir o nascimento de novos neurônios no hipocampo, a região do cérebro responsável pelas emoções e pelo aprendizado. Na prática, os estudiosos conseguiram regular a JNK para aliviar a ansiedade de camundongos. Resta acompanhar a evolução dos estudos para saber se o mesmo vai valer com os humanos. 
Outras possibilidades surgem com o canabidiol (CBD). Mesmo sem estudos finais sobre sua ação, as pesquisas preliminares indicam que a substância extraída da cannabis sativa - ela mesma, a maconha - ajuda no tratamento da ansiedade. A dúvida é como isso acontece na escala dos neurônios. Até agora, tudo indica que o CBD interage com receptores modulando várias funções cerebrais. Mas não pense que os médicos incentivam os pacientes a fumar um baseado - o canabidiol é isolado e consumido via oral, como um remédio mesmo."


"Estudos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - braços da Universidade de São Paulo - já mostraram que o CBD não causa dependência e funciona principalmente com pacientes de fobia social. O experimento conduzido pelos pesquisadores mostrou que os fóbicos que consumiram o canabidiol estavam muito mais confiantes e relaxados ao terem que discursar diante de uma câmera do que o grupo do placebo.
Os resultados são importantes, mas é preciso mais estudos para consolidar o CBD no tratamento dos transtornos de ansiedade. Inclusive, a USP anunciou no início de 2017 a inauguração de um centro de pesquisas especializado em maconha para averiguar o potencial medicinal da planta contra a ansiedade e outras doenças - talvez com menos efeitos colaterais."


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