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"UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA"
"The Observer A polícia londrina propõe abordagem preventiva para crimes à faca"




Por: Mark Townsend

"A chefe da Scotland Yard aposta na ideia de que os ataques à faca devem ser tratados como uma crise de saúde pública, e não mero crime. Falando à Assembleia de Londres, Cressida Dick afirmou que os níveis persistentes de violência relacionada a armas brancas exigem um programa preventivo que ajude a reduzir o número de mortes e ferimentos nos ataques.
Os comentários de Dick representam uma importante demonstração de apoio da principal autoridade policial do Reino Unido para que os crimes com facas sejam vistos através da 'lente da saúde pública'. Em resposta a uma pergunta sobre se a Polícia Metropolitana de Londres está envolvida em discussões sobre crimes de faca e de saúde pública, Dick disse estar consciente de que a maioria dos envolvidos ou processados por crimes de faca teve uma criação problemática. 
'Estamos comprometidos com a ideia de que a prevenção é melhor que a repressão, o que é, afinal, a abordagem de saúde pública', afirmou Dick. '(A maioria dos agressores) sofreu algum tipo de experiência adversa significativa quando eram jovens ou tiveram problemas na vida familiar e na criação, coisas que podem levar a outros resultados negativos, e não apenas ser submetidos a violência grave, ou causá-la contra alguém'. Os comentários foram feitos dias antes de três ataques fatais na véspera de ano-novo e um quarto em 1º de janeiro, que elevaram a 80 o total de mortes por faca em 2017 em Londres."


"Para Sarah Jones, deputada trabalhista de Croydon Central e presidente do grupo parlamentar pluripartidário sobre crimes de facas, qualquer pessoa influente que surgira essa abordagem é muito bem-vinda. 'Sei que o governo tem uma comissão interdepartamental que se reúne para falar sobre crimes violentos, crimes de faca. As sementes estão lá. Mas isso é algo que vai além do Departamento do Interior, muito além do policiamento. É uma questão de saúde pública, uma epidemia'.
Tratar os crimes de faca como questão de saúde teria provocado uma queda drástica nos esfaqueamentos na Escócia, com declínio mais pronunciado em Glasgow, cidade que já teve um dos maiores índices de assassinatos na Europa Ocidental.
'A abordagem de saúde pública foi bem comprovada na Escócia', afirmou Dick. 'Há comunidades muito diferentes, dinâmicas muito diferentes e problemas muito diferentes em torno da violência e, de fato, a violência entre jovens. Entretanto, houve uma enorme redução dos crimes violentos por meio da visão da saúde pública'."


"Sian Berry,  que representa o Partido Verde na Assembleia de Londres e que há muito faz campanha por uma abordagem da questão pelo viés da saúde pública, disse que foi o mais perto que Dick chegou de endossar essa abordagem. 'Temos muito exemplos internacionais em que reduziram a violência entre jovens investindo principalmente nos jovens, mas o governo da Inglaterra não parece estar pronto para isso ainda'.
Outra opção, segundo Berry, seria investir uma porcentagem do orçamento da polícia em serviços para jovens como medida preventiva para ajudar a compensar os cortes das verbas. 'Londres não poderá se esquivar desse problema'.
Em novembro e dezembro, durante a chamada Operações Noites de Inverno, 900 pessoas foram detidas e 359 armas apreendidas, incluindo 278 facas. No entanto, os últimos dados para Londres mostram um aumento acentuado nos crimes de faca, com 13.715 incidentes (alta de 30,2%) num período de 12 meses, até setembro. Os cortes de verbas foram citados como um motivo do aumento, e Dick afirmou que mais recursos seriam aplicados contra os crimes de faca se houvesse disponibilidade."


"Tiramos milhares e milhares de facas das ruas. Estamos fazendo revistas de modo inteligente e estamos parando e revistando as pessoas que sabemos que costumam portar facas', disse ela à radio BBC. Para a deputada Jones, a prevenção é o método mais eficiente em relação aos custos, pois cada assassinato custa mais de 1 milhão de libras (cerca de 4,4 milhões de reais) em termos de gastos policiais e judiciais.
A deputada acrescenta: 'Há evidências consideráveis de que se você examinar a coisa como um problema de saúde pública, você a ataca na origem; você tem intervenção real com os jovens que estão à beira do envolvimento com a atividade criminosa. Ninguém, da primeira-ministra para baixo, discorda disso. O problema é que não estamos fazendo nada'. Segundo o Departamento do Interior, os crimes de faca têm consequências devastadoras nas comunidades e serão enfrentados de frente. 'Colaboramos com vários parceiros, incluindo serviços sociais, escolas, a polícia e o setor voluntário, assim como os conselhos locais, para tratar a causa original'."

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


A matéria acima foi retirada da revista CARTA CAPITAL - Edição 986. 17 de janeiro de 2018. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista CARTA CAPITAL e à Editora Confiança.


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