GUERRA NUCLEAR


"EUA QUEREM AVANÇO COM KIM ATÉ FIM DE 2020"
"Pompeo diz esperar desarmamento significativo até Trump concluir mandato; pesquisa indica aprovação e dúvida"


Por: Estelita Hass Carazzal

"WASHINGTON Os EUA esperam avançar na desnuclearização da Coreia do Norte, promessa resultante da inédita cúpula entre o presidente do país e o ditador norte-coreano realizada nesta semana, até o final de 2020, nos últimos meses do atual mandato de Donald Trump na Casa Branca.
'Nós esperamos conseguir atingir um significativo desarmamento nos próximos dois anos e meio ou algo próximo disso', afirmou o secretário de Estado, Mike Pompeo, nesta quarta-feira (13).
É a primeira menção a um prazo para o fim das armas nucleares no país, estabelecido em declaração conjunta assinada por Kim Jong-un e Trump na terça (12).
O histórico encontro enfraquece as chances de conflito nuclear e diminui a tensão após um ano marcado pela troca de ofensas e ameaças entre os dois mandatários.
Mas a declaração final da reunião foi considerada vaga demais por especialistas, por repetir promessas descumpridas no ano passado e não estabelecer prazos nem um cronograma de verificação para que a prometida desnuclearização total da península coreana seja levada a cabo.
Pompeo defendeu o documento e disse que muito do que foi negociado e acordado com os norte-coreanos não foi incluído na versão final - por exemplo, o consenso de que as armas nucleares do país serão verificadas e fiscalizadas 'em profundidade' por observadores internacionais.
Esse é um passo fundamental para a desnuclearização.
'Nós temos trabalhado nisso há meses, e estou confiante de que o processo vai se mover muito rapidamente daqui em diante', afirmou o secretário.
Se cumprido o prazo, sua incidência com o fim do mandato de Trump pode embalá-lo em uma provável tentativa de reeleição.
Pesquisa divulgada nesta quarta pela Reuters, feita em parceria com a Ipsos, mostra que 51% dos entrevistados aprovam o modo como o republicano lidou com a Coreia do Norte nas negociações.
'Provavelmente vai haver um solavanco [nos índices]', afirmou à Folha o pesquisador John Zoghy, fundador de um dos principais institutos de pesquisas presidenciais nos EUA. 'É um tema que está dominando a mídia, e Trump sabe como fazê-lo e como ser o foco das atenções'.
Uma das formas, diz, é pelas redes sociais - como aconteceu nesta quarta, quando ao chegar em Washington, o presidente disparou: 'Antes de eu assumir, as pessoas achavam que iríamos para a guerra com a Coreia do Norte. O presidente [Barack] Obama disse que ela era o nosso problema mais perigoso. Não é mais - durmam tranquilos esta noite'.
Atualmente, os índices de aprovação de Trump se estabilizaram acima dos 40%. São de 42%, segundo o instituto Gallup, e de 49%, na Rasmussen.
Está longe de ser fantástica, mas é mais confortável do que os índices do ano passado, quando bateu em 35%.
Para Zoghy, Trump pode tirar vantagem do encontro e ganhar 'um par de pontos' de aprovação. Apoiadores do republicano já começaram a bombar a imagem pública do presidente após a cúpula.
'Homens de negócio como Trump não temem negociações difíceis', disse o governador do Maine, Paul LePage. 'A América está de volta ao centro do palco global', celebrou o deputado Todd Rokita.
Mas Zoghy não vê o ponteiro subindo muito acima dos 50%.
Primeiro, porque o republicano ainda é um presidente que divide o país. Enquanto 49% dos entrevistados pela Rasmussen aprovam, 49% o desaprovam - e, entre esses, a maioria faz 'fortemente'."


"O país está tão polarizado que, se você gosta de Trump, acha que a cúpula foi a melhor coisa do mundo; se não, avalia que foi um acordo terrível', comenta Gary Nodlinger, professor da George Washington University.
Segundo, porque não se sabe qual será o desfecho das negociações com os norte-coreanos, alvo de desconfiança da população. A mesma pesquisa divulgada pela Reuters aponta que só 1 em cada 4 entrevistados diz acreditar que a cúpula levará à desnuclearização da península Coreana.
Para 40%, os países descumprirão as promessas."


"Pompeo inicia na semana que vem reuniões com os norte-coreanos para definir os prazos do processo."


A notícia acima foi retirada do jornal FOLHA DE S. PAULO - EDIÇÃO DIGITAL - Ano: 98 - nº. 32.579, pág. A11. Mundo. 14 de junho de 2018, quinta-feira (Acesso: 14/06/2018)


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