MENTE CÉREBRO
psicologia➮ psicanálise ➮ neurociência
MACONHA
RISCOS E BENEFÍCIOS
MACONHA
RISCOS E BENEFÍCIOS
Em muitas matérias e notícias falamos sobre a maconha, seja em relação à polêmica de sua legalização para uso recreativo, já permitida em países como EUA, Canadá e Uruguai, como seus prós e contras, seja através de estudos e pesquisas que mostraram o benefício da cannabis, a planta utilizada no preparo da maconha, para auxiliar no tratamento de doenças como epilepsia, convulsões, esquizofrenia, alívio da dor, depressão e ansiedade, entre outras doenças.
Alguns estudos científicos descrevem a maconha como uma das substâncias mais perigosas à saúde, principalmente quando se trata do cérebro. Entretanto, um estudo do renomado The Lancet, mostra que o álcool é a quarta droga mais perigosa, atrás apenas do crack, da heroína e da metanfetamina. O tabaco fica em 8° lugar, e a maconha, apenas na posição 12 deste levantamento.
É bom ressaltar que a diferença entre o bom e o ruim relacionado à maconha depende, sem dúvida, da quantidade e de como ela é processada. Entre o uso recreativo para consumo moderado, e o vício atrelado aos excessos. Tudo isso deve ser levado em conta quando falamos sobre ela.
É bom ressaltar que a diferença entre o bom e o ruim relacionado à maconha depende, sem dúvida, da quantidade e de como ela é processada. Entre o uso recreativo para consumo moderado, e o vício atrelado aos excessos. Tudo isso deve ser levado em conta quando falamos sobre ela.
Entre quem é contra ou favor dela, algo que deve ser considerado sem nenhuma dúvida, é o conhecimento sobre suas propriedades, benefícios ou males. Por isso, o Conhecimento Cerebral traz em parceria com a revista MENTE CÉREBRO esse especial sobre a maconha, que conta dentre novidades, descobertas, estudos e muito mais sobre o assunto. Embarque conosco nessa imensidão de conhecimento e acompanhe a nossa nova série de matérias, que será apresentada nos próximos meses.
Você está preparado? Então vamos lá!
POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS DA ERVA
Estudos recentes indicam que compostos da maconha podem proteger o cérebro dos efeitos do trauma, aliviar espasmos da esclerose múltipla e reduzir crises epiléticas. Trabalho preliminar mostra que as substâncias têm potencial para retardar o crescimento de tumores e reduzir a lesão cerebral em casos de Alzheimer
A polêmica a respeito da Cannabis sativa, a maconha, é antiga, mas vem se tornando cada vez mais atual, à medida que surgem novos estudos a respeito dos efeitos da substância nas funções cerebrais (como atenção, motivação, memória), bem como dos riscos da utilização e de seu potencial terapêutico. Inúmeras pesquisas publicadas nos últimos anos - muitas delas feitas em tubo de ensaio e animais, mas algumas executadas em humanos - sugerem que os canabinoides, ingredientes ativos da maconha, podem ter usos medicinais, até além dos reconhecidos e aprovados legalmente em alguns países.
A questão, porém, não se restringe à compreensão dos efeitos neurológicos que o consumo provoca. É preciso antes entender alguns pontos importantes. O composto químico da maconha que induz a alucinações, o delta-9-tetraidrocanabinol (THC), foi isolado em 1964. Vários outros compostos foram descritos desde então, inclusive o canabidinol (composto que não provoca euforia), usado por pacientes com epilepsia. No final da década de 1980 e início dos anos 1990, cientistas passaram a identificar e a mapear dois grupos de moléculas, conhecidos como receptores, no sistema nervoso central e no sistema imune, que ajudam canabinoides a se ligarem a células. Essa interação parece desempenhar um papel crítico sobre diversos efeitos da maconha. O cérebro dispõe de pequenas quantidades de seus próprios canabinoides, os endocanabinoides, que também se ligam a esses receptores.
CB1, o mais comum dos dois receptores principais, se distribui amplamente pelo cérebro, com concentrações elevadas no córtex e no hipocampo (uma região importante para formar novas memórias e mais recentemente reconhecido pela neurociência como uma área importante para conferir o tom emocional associado às recordações). Receptores de CB1 ocorrem também em partes do cérebro envolvidas na percepção da dor. Há níveis baixos de CB1 no tronco cerebral, onde as funções cardíacas e respiratórias são reguladas: sua relativa escassez nessa região pode explicar por que, ao contrário de opioides, mesmo doses pesadas de canabinoides não representam ameaças graves ao coração ou à capacidade respiratória.
CB2, o outro receptor principal da canabinoide, é encontrado principalmente no sistema imune. A sua presença já interessa cientistas, pois o sistema imune desencadeia a inflamação, e estudos mostram que a maconha pode ter efeito anti-inflamatório.
No cérebro, quando o componente psicoativo THC se liga ao CB1, ele interfere na ação de neurotransmissores, que são moléculas sinalizadoras liberadas pelos neurônios. O resultado é a euforia pela qual a maconha é famosa, muitas vezes acompanhada do prejuízo temporário da memória de curto prazo. Dois outros efeitos bem conhecidos da ligação do THC-CB1 são estímulo do apetite, um benefício para pacientes com aids é outros que precisam manter o peso corporal, e a supressão de náuseas, excelente para alguns pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Foi demonstrado que o THC interrompe a transmissão de sinais de dor.
Várias pesquisas recentes sugerem que o THC também pode proteger os neurônios do trauma. Os primeiros estudos em tubos de ensaio apontaram para esse efeito, bem como um estudo clínico publicado em outubro passado. Nele, o cirurgião de trauma David Plurad e seus colegas fizeram uma revisão retrospectiva de 446 traumatismos cranio-encéfalicos (TCE), casos tratados no Harbor-UCLA Medical Center, de janeiro de 2010 a dezembro de 2012. Segundo estudo publicado na revista American Surgeon, foi descoberto que 82 desses pacientes tiveram teste positivo para THC, e dois deles morreram, o que representa 2.4% da amostra. O índice de mortalidade entre os 364 pacientes que não tinha THC em seu sistema foi de 11.5%, quase cinco vezes superior.
Levando em conta outros fatores como idade, gravidade da lesão e nível de álcool no sangue, pesquisadores concluíram a relação entre o THC e uma menor taxa de mortalidade nesses pacientes era evidente. Embora os mecanismos não sejam plenamente compreendidos, a investigação anterior sugere que o THC e o canabidiol podem aumentar o fluxo sanguíneo do cérebro, trazendo o oxigênio necessário, bem como os nutrientes para os neurônios em risco. Como eles inibem o glutamato, podem evitar também efeitos tóxicos que ocorrem após trauma encefálico quando os neurônios podem ser superestimulados pelo neurotransmissor.
Há comprovações de que a maconha prejudica a percepção e o tempo de reação, por isso pode ter contribuído para os acidentes que Plurad estudou - e, ao mesmo tempo, talvez tenha ajudado algumas pessoas a sobreviver a eles. A ironia não passou despercebida para o cirurgião. "Nunca haverá uma única resposta para questões sobre maconha", acredita Plurad. "É bom para você; é ruim para você. Nunca será um ou outro. Ela sempre estará em algum lugar no meio".
A questão, porém, não se restringe à compreensão dos efeitos neurológicos que o consumo provoca. É preciso antes entender alguns pontos importantes. O composto químico da maconha que induz a alucinações, o delta-9-tetraidrocanabinol (THC), foi isolado em 1964. Vários outros compostos foram descritos desde então, inclusive o canabidinol (composto que não provoca euforia), usado por pacientes com epilepsia. No final da década de 1980 e início dos anos 1990, cientistas passaram a identificar e a mapear dois grupos de moléculas, conhecidos como receptores, no sistema nervoso central e no sistema imune, que ajudam canabinoides a se ligarem a células. Essa interação parece desempenhar um papel crítico sobre diversos efeitos da maconha. O cérebro dispõe de pequenas quantidades de seus próprios canabinoides, os endocanabinoides, que também se ligam a esses receptores.
CB1, o mais comum dos dois receptores principais, se distribui amplamente pelo cérebro, com concentrações elevadas no córtex e no hipocampo (uma região importante para formar novas memórias e mais recentemente reconhecido pela neurociência como uma área importante para conferir o tom emocional associado às recordações). Receptores de CB1 ocorrem também em partes do cérebro envolvidas na percepção da dor. Há níveis baixos de CB1 no tronco cerebral, onde as funções cardíacas e respiratórias são reguladas: sua relativa escassez nessa região pode explicar por que, ao contrário de opioides, mesmo doses pesadas de canabinoides não representam ameaças graves ao coração ou à capacidade respiratória.
CB2, o outro receptor principal da canabinoide, é encontrado principalmente no sistema imune. A sua presença já interessa cientistas, pois o sistema imune desencadeia a inflamação, e estudos mostram que a maconha pode ter efeito anti-inflamatório.
No cérebro, quando o componente psicoativo THC se liga ao CB1, ele interfere na ação de neurotransmissores, que são moléculas sinalizadoras liberadas pelos neurônios. O resultado é a euforia pela qual a maconha é famosa, muitas vezes acompanhada do prejuízo temporário da memória de curto prazo. Dois outros efeitos bem conhecidos da ligação do THC-CB1 são estímulo do apetite, um benefício para pacientes com aids é outros que precisam manter o peso corporal, e a supressão de náuseas, excelente para alguns pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Foi demonstrado que o THC interrompe a transmissão de sinais de dor.
Várias pesquisas recentes sugerem que o THC também pode proteger os neurônios do trauma. Os primeiros estudos em tubos de ensaio apontaram para esse efeito, bem como um estudo clínico publicado em outubro passado. Nele, o cirurgião de trauma David Plurad e seus colegas fizeram uma revisão retrospectiva de 446 traumatismos cranio-encéfalicos (TCE), casos tratados no Harbor-UCLA Medical Center, de janeiro de 2010 a dezembro de 2012. Segundo estudo publicado na revista American Surgeon, foi descoberto que 82 desses pacientes tiveram teste positivo para THC, e dois deles morreram, o que representa 2.4% da amostra. O índice de mortalidade entre os 364 pacientes que não tinha THC em seu sistema foi de 11.5%, quase cinco vezes superior.
Levando em conta outros fatores como idade, gravidade da lesão e nível de álcool no sangue, pesquisadores concluíram a relação entre o THC e uma menor taxa de mortalidade nesses pacientes era evidente. Embora os mecanismos não sejam plenamente compreendidos, a investigação anterior sugere que o THC e o canabidiol podem aumentar o fluxo sanguíneo do cérebro, trazendo o oxigênio necessário, bem como os nutrientes para os neurônios em risco. Como eles inibem o glutamato, podem evitar também efeitos tóxicos que ocorrem após trauma encefálico quando os neurônios podem ser superestimulados pelo neurotransmissor.
Há comprovações de que a maconha prejudica a percepção e o tempo de reação, por isso pode ter contribuído para os acidentes que Plurad estudou - e, ao mesmo tempo, talvez tenha ajudado algumas pessoas a sobreviver a eles. A ironia não passou despercebida para o cirurgião. "Nunca haverá uma única resposta para questões sobre maconha", acredita Plurad. "É bom para você; é ruim para você. Nunca será um ou outro. Ela sempre estará em algum lugar no meio".
Comentários
Postar um comentário