CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA POLÍTICA INTERNACIONAL!
"O BREXIT NO TELHADO"
"Reino Unido Theresa May resiste no cargo, mesmo após o fracasso nas negociações para retirar o país da União Europeia"
Por: Edward Tumbull
DE LONDRES
"A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, sobreviveu a uma moção de desconfiança no Parlamento britânico na quarta-feira 16, um dia depois de sofrer uma derrota histórica na mesma Casa, com a rejeição do seu plano para o "Brexit", a separação do país da União Europeia. O acordo apresentado pelo governo acabou derrotado por 230 votos de diferença, o revés mais expressivo de um chefe de governo desde os anos 1920.
Por margem estreita, 325 votos a 306, os parlamentares decidiram, porém, mantê-la no cargo, com a missão de concluir o Brexit até o prazo-limite de 29 de março. "Continuaremos a trabalhar para cumprir a promessa que fizemos ao povo, cumprir o resultado do referendo e deixar a União Europeia", afirmou May. Após sobreviver à tentativa da oposição de forçá-la a renunciar, a premier adotou um tom conciliatório e prometeu reunir-se com adversários para costurar uma saída para o impasse. "Acredito ser uma tarefa de cada membro desta Câmara".
A moção de desconfiança foi apresentada pelo líder da oposição Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista. "Se um governo não consegue fazer passar sua legislação pelo Parlamento, ele deve pedir ao país um novo mandato", afirmou o parlamentar, que propôs a convocação de novas eleições. Com a manutenção de May à frente do governo, ele exortou a primeira-ministra a abandonar a possibilidade de uma saída sem acordo com a União Europeia. Já o Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) anunciou que só retomará o diálogo se o governo apresentar a opção de uma nova consulta popular ou a prorrogação da data prevista para o divórcio.
O Reino Unido integra a União Europeia desde janeiro de 1973. Os britânicos decidiram abandoná-la em junho de 2016. À época, o então premier David Cameron convocou o referendo com a certeza de que a proposta seria rejeitada. Surpreendido cm a aprovação do Brexit por 51,9% dos votos, o conservador renunciou ao cargo e foi substituído por May, a sua ministra do Interior.
Em 29 de março de 2017, o Reino Unido anunciou formalmente a intenção de romper com o tratado que une 28 nações europeias em torno de um mercado comum, com livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. A partir de então, começou a contagem regressiva de dois anos para a saída definitiva do bloco.
O acordo negociado por May com Bruxelas prevê uma compensação financeira para a União Europeia de 39 bilhões de libras (cerca de 190 bilhões de reais) e um período de transição de 21 meses, para que os dois lados tenham tempo de acertar acordos comerciais bilaterais. Um dos pontos mais sensíveis é o que fazer na fronteira com a Irlanda, Estado Independente e membro da UE, e a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido e, portanto, também se separa do bloco. Como faziam parte de um mercado comum, a circulação de pessoas e mercadorias entre os dois países era livre, e não será mais.
O governo britânico teme que as checagens na divisa tragam à tona antigas tensões entre irlandeses e norte-irlandeses, após três décadas de sangrentos conflitos que cessaram com o acordo de paz de 1998. Desde o princípio, Londres e Bruxelas concordaram em não fixar uma fronteira "dura" no local. Acordou-se que haveria salvaguardas para evitar um rígido controle aduaneiro entre os países, caso os acordos bilaterais entre a União Europeia e o Reino Unido demorem a ser costurados."
"Esse escudo (backstop, como a iniciativa foi batizada) prevê que a Irlanda do Norte continuará alinhada com certas regras alfandegárias do bloco europeu. Parlamentares pró-Brexit argumentavam que a proposta negociada por May deixaria o Reino Unido indevidamente vinculado ao regramento da UE, enquanto os contrários à saída britânica do bloco temiam uma fratura territorial entre as Irlandas e defendiam uma relação econômica ainda mais próxima com a Europa.
Esta é a razão de muitos governistas se unirem aos opositores contra o plano da primeira-ministra do Reino Unido, e ainda assim se ela sobreviver no cargo. Muitos conservadores rejeitam os termos do acordo proposto pelo governo, mas não estão dispostos a correr o risco de entregar o poder aos trabalhistas em uma nova eleição. May deve apresentar uma nova proposta até a segunda 21."
"A rejeição do Brexit pelo parlamento britânico gerou reações de descontentamento por parte dos principais líderes em Bruxelas. "Peço ao Reino Unido que esclareça suas intenções assim que possível. O tempo está quase acabando", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. "Se um acordo é impossível, e ninguém quer que não haja acordo, quem finalmente terá a coragem de dizer qual é a solução?", indagou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pelo Twitter.
O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, colocou em xeque a possibilidade de um novo acerto entre May e o bloco econômico. "Chegamos ao máximo do que poderíamos fazer com o acordo e não iremos, apenas para resolver questões políticas domésticas do Reino Unido, parar de defender os interesses dos europeus". Já o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, alertou para os riscos de uma saída não negociada. "Um Brexit sem acordo é a pior de todas as hipóteses para a União Europeia, mas sobretudo para o Reino Unido"."
A matéria acima foi retirada da revista CARTA CAPITAL - Ano XIX - nº 1038. 23 de janeiro de 2019
Por margem estreita, 325 votos a 306, os parlamentares decidiram, porém, mantê-la no cargo, com a missão de concluir o Brexit até o prazo-limite de 29 de março. "Continuaremos a trabalhar para cumprir a promessa que fizemos ao povo, cumprir o resultado do referendo e deixar a União Europeia", afirmou May. Após sobreviver à tentativa da oposição de forçá-la a renunciar, a premier adotou um tom conciliatório e prometeu reunir-se com adversários para costurar uma saída para o impasse. "Acredito ser uma tarefa de cada membro desta Câmara".
A moção de desconfiança foi apresentada pelo líder da oposição Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista. "Se um governo não consegue fazer passar sua legislação pelo Parlamento, ele deve pedir ao país um novo mandato", afirmou o parlamentar, que propôs a convocação de novas eleições. Com a manutenção de May à frente do governo, ele exortou a primeira-ministra a abandonar a possibilidade de uma saída sem acordo com a União Europeia. Já o Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) anunciou que só retomará o diálogo se o governo apresentar a opção de uma nova consulta popular ou a prorrogação da data prevista para o divórcio.
O Reino Unido integra a União Europeia desde janeiro de 1973. Os britânicos decidiram abandoná-la em junho de 2016. À época, o então premier David Cameron convocou o referendo com a certeza de que a proposta seria rejeitada. Surpreendido cm a aprovação do Brexit por 51,9% dos votos, o conservador renunciou ao cargo e foi substituído por May, a sua ministra do Interior.
Em 29 de março de 2017, o Reino Unido anunciou formalmente a intenção de romper com o tratado que une 28 nações europeias em torno de um mercado comum, com livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. A partir de então, começou a contagem regressiva de dois anos para a saída definitiva do bloco.
O acordo negociado por May com Bruxelas prevê uma compensação financeira para a União Europeia de 39 bilhões de libras (cerca de 190 bilhões de reais) e um período de transição de 21 meses, para que os dois lados tenham tempo de acertar acordos comerciais bilaterais. Um dos pontos mais sensíveis é o que fazer na fronteira com a Irlanda, Estado Independente e membro da UE, e a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido e, portanto, também se separa do bloco. Como faziam parte de um mercado comum, a circulação de pessoas e mercadorias entre os dois países era livre, e não será mais.
O governo britânico teme que as checagens na divisa tragam à tona antigas tensões entre irlandeses e norte-irlandeses, após três décadas de sangrentos conflitos que cessaram com o acordo de paz de 1998. Desde o princípio, Londres e Bruxelas concordaram em não fixar uma fronteira "dura" no local. Acordou-se que haveria salvaguardas para evitar um rígido controle aduaneiro entre os países, caso os acordos bilaterais entre a União Europeia e o Reino Unido demorem a ser costurados."
Esta é a razão de muitos governistas se unirem aos opositores contra o plano da primeira-ministra do Reino Unido, e ainda assim se ela sobreviver no cargo. Muitos conservadores rejeitam os termos do acordo proposto pelo governo, mas não estão dispostos a correr o risco de entregar o poder aos trabalhistas em uma nova eleição. May deve apresentar uma nova proposta até a segunda 21."
"A rejeição do Brexit pelo parlamento britânico gerou reações de descontentamento por parte dos principais líderes em Bruxelas. "Peço ao Reino Unido que esclareça suas intenções assim que possível. O tempo está quase acabando", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. "Se um acordo é impossível, e ninguém quer que não haja acordo, quem finalmente terá a coragem de dizer qual é a solução?", indagou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pelo Twitter.
O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, colocou em xeque a possibilidade de um novo acerto entre May e o bloco econômico. "Chegamos ao máximo do que poderíamos fazer com o acordo e não iremos, apenas para resolver questões políticas domésticas do Reino Unido, parar de defender os interesses dos europeus". Já o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, alertou para os riscos de uma saída não negociada. "Um Brexit sem acordo é a pior de todas as hipóteses para a União Europeia, mas sobretudo para o Reino Unido"."
A matéria acima foi retirada da revista CARTA CAPITAL - Ano XIX - nº 1038. 23 de janeiro de 2019
SUGESTÃO
Abaixo, vídeo sobre a reta final do Brexit, e as dificuldades de Theresa May, no noticiário da Jovem Pan. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.
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