CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA SAÚDE!


"A MAIS POTENTE ARMA CONTRA A DEPRESSÃO"
"EUA liberam remédio que tira pacientes de crises graves em duas horas. Festejada no mundo todo, a droga é apontada como uma evolução no tratamento da doença"


Por: Cilene Pereira

"É a maior novidade no tratamento da depressão em 33 anos. Na terça-feira 5, a Food and Drug Administration, a agência americana responsável pela aprovação de medicamentos, liberou para a comercialização nos Estados Unidos o Spravato, nome comercial da droga inalável produzida pela Jannssen Pharmaceuticals Inc que tem como composto principal a esketamina. Trata-se de uma parte da molécula da ketamina, um anestésico conhecido há décadas pela medicina e que, nos anos recentes, vinha se mostrando por meio de estudos científicos como uma das mais poderosas armas contra a depressão."


"O remédio recebeu o sinal verde para a venda depois de passar pelo regime de aprovação urgente, aplicado somente à drogas que apresentam desempenho muito superior aos existentes. De acordo com a maioria das pesquisas, a esketamina de fato representa uma revolução contra a depressão. Sua administração tira os pacientes de crises graves de duas horas ou em dias, no máximo, afastando ideias suicidas e reduzindo a apatia que não deixa o indivíduo sequer sair da cama, em muitos casos. Nenhum outro faz isso em tão pouco tempo. Em geral, os medicamentos levam semanas ou meses para fazer efeito.
Além desta limitação, estima-se que os remédios sejam inócuos para 30% dos pacientes. Isso ocorre por diversos motivos, entre algumas características genéricas do paciente que resultam na ineficácia das medicações. E por seu conjunto de atributos que o Spravato anima os médicos da mesma forma que o Prozac (fluoxetina), o primeiro antidepressivo, quando foi lançado em 1986. "Agora finalmente temos um remédio que funciona rapidamente contra uma doença grave", explica o psiquiatra Todd Gould, professor da Universidade de Maryland (EUA) e não envolvido com as pesquisas feitas pela Jannsen."


"A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta 322 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, são 11,5 milhões de indivíduos. Junto com a ansiedade, a enfermidade compõe uma bomba relógio em termos de saúde pública. Ambas são responsáveis por índices elevados de incapacitação para o trabalho, redução de produtividade e estão associados ao desenvolvimento de outras doenças, como o infarto e a diabetes. A incidência das duas só cresce - entre 2005 e 2015, os casos de depressão aumentaram 18% -, obrigando a ciência a correr atrás de opções eficazes e acessíveis.
A depressão é uma enfermidade de causa multifatorial, incluindo predisposição genética e ambiente. É caracterizada por um desequilíbrio na ação de substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios (neurotransmissores), como a serotonina e a noradrenalina, envolvidos no processamento cerebral das emoções. Até hoje, os antidepressivos atuavam basicamente sobre esses compostos, tentando reequilibrar sua disponibilidade para desenvolver ao cérebro a capacidade de processar o humor adequadamente.
Até agora não se sabe exatamente o mecanismo de ação da ketamina. Concorda-se que ela atua sobre o glutamato, também um neurotransmissor, mas que até os anos 1990 não havia entrado no radar dos estudos sobre a depressão. No entanto, os resultados observados com ketamina administrada por via endovenosa, no tratamento para a doença. É uma utilização fora do rótulo e sem aprovação oficial. É importante que os pacientes não se submetam a tratamentos assim, até porque a substância apresenta riscos de episódios alucinatórios e de dependência. Por isso, qualquer tentativa de uso deve ser feita sob estrito controle médio, como os resultados em estudos conduzidos em instituições como a Universidade Federal de São Paulo.
O remédio agora liberado, feito apenas com uma parte da ketamina, exige também muito cuidado na administração (leia quadro). Só dessa maneira novidades como essa realmente beneficiam os pacientes e os deixam longe dos perigos do uso inadequado."


A matéria acima foi retirada da revista ISTOÉ - Nº 2567, págs. 56 e 57. 13 de março de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista ISTOÉ e à Editora Três.


SUGESTÃO

Após a leitura, sugerimos que assista ao vídeo abaixo, que é da reportagem do jornalismo da TV Band, que comenda e explica a liberação do antidepressivo em forma de spray nasal pela FDA nos EUA. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.


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