DOSSIÊ CHOCOLATE:
DO XOCOLATL DOS ASTECAS ÀS CHOCOLATIERS DA BÉLGICA: A SAGA, A CIÊNCIA E OS SEGREDOS DO ALIMENTO DOS DEUSES"

Você gosta de chocolate? Provavelmente, sua resposta foi sim. Dos mais simples às obras de artes gourmet. Dos chocolates branco, ao leite e o amargo. Dos bombons diversos às trufas de inúmeros sabores. E não poderia faltar, é claro, do chocolate símbolo da Páscoa: o de ovos diversos de chocolates. Não importa de onde você é, a paixão é a mesma. Difícil seria encontrar alguém que nunca tenha provado dessa guloseima doce e não tenha gostado. Chocolate pode entrar até mesmo nos produtos de higiene pessoal e cuidados com a pele, como cremes corporais, perfumes e até mesmo, sabor de creme dental. E tem até especialistas que afirmam que ele faz muito bem para a saúde. Então, nada melhor do que saber de onde e como surgiu esse doce incrivelmente amado não só pelos brasileiros, como também pelas populações de todos os continentes da Terra. Bem-vindo ao DOSSIÊ CHOCOLATE: DO XOCOLATL DOS ASTECAS ÀS CHOLATIERS DA BÉLGICA: A SAGA, A CIÊNCIA E OS SEGREDOS DOS ALIMENTOS DOS DEUSES. Vamos contar ao longo de cinco capítulos, toda a história deste alimento incrível que é o chocolate, e te levar ainda mais ao encontro de seu amor por esta guloseima que vêm do cacau. Depois de ler cada matéria desse DOSSIÊ CHOCOLATE, tenho certeza que você irá terminar com muita vontade de comer chocolate. Então, bom apetite!

CAPÍTULO 2


SUÍÇA
Conheça a história - e o sucesso - do país que modernizou como nunca a produção do chocolate



Não deve ser por causa dos canivetes ou relógios. Talvez dos queijos furadinhos. Mas, na terceira edição do Relatório Mundial da Felicidade, que saiu em 2015, a Suíça despontou como o país mais feliz do mundo - seguido por Islândia, Dinamarca, Noruega e Canadá (O Brasil está em 16°). De onde vem tamanha alegria?
Nosso palpite: do chocolate (além do ótimo Índice de Desenvolvimento, claro). O produto é tão patrimônio do país quanto o brigadeiro é para nós. Com a diferença de que o brigadeiro, em 90% dos casos, é produzido com chocolate inferior. E os chocolates deles estão na outra ponta dessa história.
O país começou sua relação com o chocolate razoavelmente tarde - só na segunda década do século 19, enquanto outros países europeus estavam se deliciando com bebidas de cacau dois séculos e meio antes. Mas, quando começou, foi para se especializar na coisa.



A marca mais antiga de chocolate no país foi estabelecida em 1819, a Cailler, com uma das primeiras fábricas de chocolate mecanizada. E uma série de suíços se dedicou a revolucionar a produção do doce. Como você viu em nosso capítulo sobre a chegada do chocolate à Europa, após fundar sua fábrica em 1867, o suíço Daniel Peter realizou a proeza que muitos consideravam impossível. Ou nem imaginavam. Fez chocolate ao leite, usando o leite condensado inventado pelo amigo Heinrich Nestlé. 
Outra inovação ligada a uma marca que existe até hoje foi a invenção da conchagem por Rodolphe Lindt. O processo foi determinante para que os chocolates modernos sejam de fato como conhecemos. Num recipiente grande feito em formato de concha, cilindros prosseguem a moagem do chocolate até que este fique com uma textura macia e aveludada. É também nessa etapa que ocorre a incorporação da manteiga de cacau à massa de cacau, até que tudo se transforme em um líquido espesso e cremoso.

ENTRE AS MAIORES DO MUNDO

Com tantas inovações assim, é natural que, até hoje, algumas das principais marcas mundiais de fabricação de chocolate venham desse país. A Nestlé é uma multinacional bilionária que, no Brasil, mantém primeiro lugar nos rankings de diversos produtos que fabrica. Inclusive no setor de chocolates, com as marcas Nestlé e Garoto. Já a Lindt, um empreendimento que começou em meados do século 19 com apenas dez empregados, hoje está no supermercados do mundo inteiro.
Lógico, não são marcas reconhecidas pela sofisticação de belgas e franceses. Mas, em termos de invenção científica e empreendedorismo, estão entre as mais bem-sucedidas de todos os tempos. A Lindt é inclusive uma campeã de presença em free shops. Provavelmente, muitas crianças só vieram a conhecer o sabor do chocolate suíço por causa delas - em meio à pressa de seus pais nos aeroportos. O que não é pouco.
Mas, claro, em se tratando de um país tão identificado com o chocolate, não seria apenas de produção industrial que os suíços iriam se esbaldar. Se você pretende passar um friozinho na Suíça em algum futuro próximo, aqui vão algumas dicas de como experimentar chocolates de alto padrão, mas sem preços estratosféricos - muitos estão à venda inclusive em supermercados.
A Laderach vende seus chocolates por peso. Você escolhe a barra, pede uma quantidade e é só pagar. Mas, atenção, não é um restaurante por quilo. Os preços lá são suíços.
A Lindt tem uma versão artesanal, a Sprungli - assim como as grandes cervejarias no Brasil estão querendo parecer moderninhas, vendendo cerveja "caseira". Mas os turistas aprovam, e fica aquele gostinho de uma descoberta que é só deles.
A Cailer, de 1819, hoje é a marca de luxo da Nestlé. Apesar de existir sob as asas da gigante, é uma opção à altura do que as melhores chocolaterias artesanais produzem.

O FIM DO SUÍÇO?

Mas aproveite enquanto pode chamar seus presentes de "chocolates suíços". Está sendo definida uma regulamentação para uma lei que entrará em vigor no país em 2017. Ela estabelecerá o seguinte: os chocolates produzidos na Suíça que tiverem avelãs turcas já não poderão ser embalados com o termo "suíço". Para isso, deverão ter 80%  de material exclusivamente helvético. É o inverso da globalização atingindo o coração do chocolate.

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