CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA ALIMENTAÇÃO!

"VAI TER CHOCOLATE, SIM!

"Você não precisa se privar dessa delícia - ainda mais nesta época do ano. O doce pode ser uma boa opção, desde que seja consumido na medida certa. Aproveite e aprecie com moderação!" 

Por: Karina César

"A Páscoa é um feriado cristão que celebra a ressurreição de Jesus. No entanto, hoje, por conta da tradição que se associa essa data aos ovos, também tem tudo a ver - e muito - com chocolate. Calcula-se que o consumo mais do que dobre nesta época do ano. Alguns produtores chegam a estimar um aumento de 400% nas vendas! Entre os tipos de chocolate prediletos dos brasileiros estão o ao leite, seguido pelo branco e pelo meio amargo, de acordo com um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab)."

"PAIXÃO UNIVERSAL"

"O desejo por chocolate tem explicação científica. Esse alimento estimula a produção de serotonina, um neurotransmissor que provoca a sensação de prazer, melhorando o humor e combatendo a ansiedade e depressão. Uma pesquisa suíça estudou, ainda, a relação entre o consumo diário de chocolate e o nível de cortisol, hormônio responsável pelo estresse. A conclusão foi de que os participantes que consumiam o doce tinham uma redução de até 40% na taxa dessa substância. Também entram na equação os chamados flavonoides. Presentes no cacau, matéria-prima do chocolate, são compostos químicos apontados como benéficos para a saúde cognitiva, que, por sua vez, está relacionada à memória, atenção e ao raciocínio."

"NECESSIDADE BIOLÓGICA"

"A ânsia por doces, especialmente por chocolate, alguns dias antes da menstruação também não é mero acaso. No período pré-menstrual, o organismo feminino passa por mudanças hormonais, e há a diminuição da produção de serotonina. Com isso, a TPM pode trazer alterações de humor, irritabilidade e sensação de tristeza. "O chocolate é um aliado nessa fase, pois contém triptofano, precursor da serotonina", explica Roseli Ueno Ninomiya, nutricionista de São Paulo (SP). Além disso, os especialistas alegam que as mulheres têm uma necessidade maior de calorias durante a ovulação, com predileção para alimentos com alto índice de gordura e açúcar."

"COMO É FEITO?"

"Primeiro, há um processamento das sementes de cacau, pelo qual se obtém uma massa. A partir dela, produz-se então a manteiga e o pó. De acordo com a legislação brasileira, o chocolate é definido como o produto obtido a partir de derivados do cacau com outros ingredientes", explica Amanda Padoveze, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário FMU, de São Paulo (SP)."

"ALIMENTO DOS DEUSES"

"O cacau, principal componente do chocolate, é uma planta nativa do México e da América Central. Os astecas consideravam o fruto tão sagrado que seu cultivo era acompanhado de cerimônias religiosas solenes, e suas sementes eram usadas como moeda. No século 16, o cacau foi levado para a Espanha, onde recebeu a adição de açúcar e baunilha, para se adaptar ao paladar local. O chocolate, como o conhecemos hoje, só surgiu no século 19, quando se passou a adicionar leite à preparação. O cacaueiro dá frutos o ano todo, e é necessária a produção inteira de uma árvore para fabricar meio quilo de cacau."

"GUIA DOS CHOCOLATES"

"A seguir, conheça os principais tipos dessa delícia e suas propriedades, para poder fazer a melhor escolha"

Ao Leite  

Possui aproximadamente 30% de cacau em sua composição e leva massa e manteiga de cacau, açúcar e leite. Por sua textura mais cremosa, devido à maior concentração de gordura e sabor adocicado, é o campeão em vendas. Mas um tablete pequeno (30 gramas) soma 160 calorias. Por isso, deve ser consumido com moderação. "Coma dois quadradinhos por dia, no máximo", indica Roseli Ninomiya. Outra dica é não comer o chocolate com o estômago vazio, pois isso colabora para aumentar o nível de açúcar no sangue - e, quando ele cai, vem a compulsão por comer mais doce.

Amargo

Embora seja feito, basicamente, com os mesmos ingredientes do chocolate ao leite (sendo que o leite nem sempre aparece), possui percentual de cacau mais elevado: acima de 60%. Ele é o tipo que os especialistas veem com bons olhos, por ser o mais benéfico para a saúde. Além de menos calórico - são 142 kcal em 30g -, apresenta maior concentração de polifenóis. "São antioxidantes que desempenham um papel importante na prevenção da oxidação do LDL [colesterol ruim] e na inibição de processos inflamatórios no organismo", justifica Rejane Vaz, endocrinologista e metabologista da Endoclínica, de São Paulo (SP). A recomendação de consumo é de 30g por dia. Dica: a versão com 90% de cacau costuma ter pouco ou nenhum açúcar na composição.

Meio Amargo 

Em comparação com o amargo, tem sabor mais suave e menor porcentagem de cacau em torno de 40% a 50%. Os benefícios para a saúde são os maiores do que os do chocolate ao leite, mas perde para o amargo nesse quesito. Porém, é uma boa opção para quem não aprecia o sabor forte da versão com mais cacau. Os tipos com avelã, nozes ou castanhas fornecem vitaminas, minerais e antioxidantes. A porção diária também é de 30g, o equivalente a 153 kcal.

Branco

É o que contém a menor quantidade de cacau, apenas 4%. Isso porque ele é elaborado apenas com a manteiga do fruto, obtida da gordura das sementes. É o mais calórico e rico em gorduras e açúcares. Em 30g, conta 178 kcal. É rico em gordura saturada, o que pode resultar no aumento dos níveis do mau colesterol e na redução do HDL [colesterol bom]. Se optar por esse tipo, procure as versões sem açúcar, sem lactose e sem glúten. "Raspe um pouco [menos de dois quadradinhos] do chocolate na xícara de café, no leite ou em cima de uma fruta. Confere um toque doce e evita exageros", ensina Roseli Ninomiya.

Com Oleaginosas 

Fontes de vitamina E, selênio, manganês e magnésio, as oleaginosas - como castanhas, avelã, amêndoas ou nozes - têm ação anti-inflatória. "Isso ajuda a reduzir a pressão arterial, os níveis de LDL e triglicérides, contribuindo para a prevenção de doenças cardiovasculares", destaca Anna Carolina Miotto Maia, nutróloga do Instituto Gastroenteron de Medicina e Cirurgia (IGEMIC), de Osasco (SP). Apesar dos benefícios, é preciso não exagerar, já que eles costumam ser calóricos. Um tablete pequeno possui 167 kcal. Prefira as versões amargas e não coma mais do que três quadrados.

Crocante

Existe nas variações amargo, ao leite ou branco. À massa é adicionada uma mistura de castanha-de-cajú ou amendoim com açúcar. Ricos em gorduras instauradas e vitamina E, tanto a castanha quanto o amendoim ajudam a controlar o apetite e à aumentar a saciedade, devido a boa quantidade de fibras. "Por outro lado, como são fontes de gorduras, podem elevar a ingestão calórica diária. Por isso, o seu consumo deve ser controlado", orienta Rejane Vaz. Opte pelo tipo amargo e não ultrapasse dois quadradinhos. Afinal, são 175 kcal em 30g.

Trufado

É feito a partir de creme de leite, produto obtido da nata desta bebida, que contém alto teor de gordura. Por isso, figura entre os chocolates mais calóricos (cerca de 176 kcal em 30 gramas) e menos nutritivos. Geralmente, faz parte do recheio dos ovos de Páscoa. Por isso, uma dica para quem gosta consumi-lo é escolher um produto cuja casca seja feita de chocolate mais saudável, como o amargo. Outra sugestão é trocar o ovo por uma trufa pequena e consumi-la depois do seu cafezinho, quando bate aquela vontade por doces.

Diet

Indicado para os diabéticos, é feito com adoçantes, como o sorbitol, no lugar do açúcar. Mas fique atento, pois, ao contrário do que o nome pode sugerir, não há redução calórica neste chocolate. Ele leva massa e manteiga de cacau, além de leite em pó - por isso, a porcentagem de gordura pode ser igual ou até maior do chocolate ao leite. Caso não tenha diabetes, evite. Já os portadores da doença podem ingerir cerca de dois quadradinhos por dia.

Sem glúten

Essa proteína vegetal está presente no trigo, na aveia, na cevada e no centeio. Portadores da doença celíaca ou que tem intolerância ao glúten precisam evitar o consumo, porque a ingestão pode causar inchaço, diarreia, dor abdominal, cansaço e erupções cutâneas. "O chocolate puro não contém glúten, mas alguns podem se misturar à proteína ao longo do processo de fabricação", alerta Roseli Ninomiya. Ela lembra, ainda, que a ausência da substância não significa que o produto não tenha calorias. A quantidade é praticamente igual ao de outros tipos - são 160 kcal em 30g.

Sem lactose 

No lugar do leite, entra uma bebida vegetal à base de soja. O sabor, no entanto, é parecido com o chocolate feito com leite. A recomendação é similar ao do tipo sem glúten - ou seja, só é indicado para quem apresenta intolerância à lactose. Essas pessoas não têm a enzima lactose, que quebra o açúcar do leite. Quando ingerem leite e derivados, sentem cólicas abdominais, distensão na barriga e diarreia. A recomendação de consumo é a mesma para os demais tipos: máximo de dois quadradinhos. Em 30g há 168 kcal.

Orgânico 

É feito a partir de sementes de cacau cultivadas sem o uso de fertilizantes, herbicidas ou pesticidas sintéticos. Mas, para que possa usar o termo "orgânico", os demais ingredientes também precisam ser livres de agrotóxicos. "Além disso, em geral não entram substâncias alergênicas, como o leite e o glúten, nem gordura trans, em chocolates desse tipo", esclarece Rejane Vaz. As calorias são praticamente as mesmas da versão ao leite, mas com mais benéficos para a saúde.

Alfarroba 

Apelidada de "chocolate saudável", a alfarroba é, na verdade, o fruto de uma árvore da região mediterrânea, utilizado pela indústria para substituir o cacau na produção do chocolate. Não contém lactose, glúten e nem cafeína. Então, sacia a vontade de doce sem causar compulsão. A ausência da substância estimulante também causa menos enxaqueca ou dor de cabeça. Além disso, a quantidade de gordura é pequena - apenas 0,7% - e ainda é fonte de minerais como cálcio, o potássio e o fósforo, e vitaminas E, B6 e B12. Também é rico em fibras, que ajudam as pessoas que têm intestino preguiçoso. "Com baixo índice glicêmico, a alfarroba é digerida lentamente, algo importante para controlar os níveis de açúcar no sangue", ressalta Anna Carolina Maia. Possui apenas 139 kcal na mesma quantidade dos demais chocolates.

A matéria acima foi retirada da revista PENSE LEVE - x Ano 27 - n° 321, págs. 26, 27, 28, 29, 30, 31 e 31. Abril de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista PENSE LEVE e à GR1 Editora.

SUGESTÃO

Após a leitura da matéria, separamos um vídeo que mostra como o chocolate é feito em uma fábrica do doce. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.

Já neste outro vídeo, você pode assistir e conhecer o cacau, o fruto que dá origem ao chocolate que conhecemos. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.