DOSSIÊ CHOCOLATE:
DO XOCOLATL DOS ASTECAS ÀS CHOCOLATIERS DA BÉLGICA: A SAGA, A CIÊNCIA E OS SEGREDOS DO ALIMENTO DOS DEUSES"

Você gosta de chocolate? Provavelmente, sua resposta foi sim. Dos mais simples às obras de artes gourmet. Dos chocolates branco, ao leite e o amargo. Dos bombons diversos às trufas de inúmeros sabores. E não poderia faltar, é claro, do chocolate símbolo da Páscoa: o de ovos diversos de chocolates. Não importa de onde você é, a paixão é a mesma. Difícil seria encontrar alguém que nunca tenha provado dessa guloseima doce e não tenha gostado. Chocolate pode entrar até mesmo nos produtos de higiene pessoal e cuidados com a pele, como cremes corporais, perfumes e até mesmo, sabor de creme dental. E tem até especialistas que afirmam que ele faz muito bem para a saúde. Então, nada melhor do que saber de onde e como surgiu esse doce incrivelmente amado não só pelos brasileiros, como também pelas populações de todos os continentes da Terra. Bem-vindo ao DOSSIÊ CHOCOLATE: DO XOCOLATL DOS ASTECAS ÀS CHOLATIERS DA BÉLGICA: A SAGA, A CIÊNCIA E OS SEGREDOS DOS ALIMENTOS DOS DEUSES. Vamos contar ao longo de cinco capítulos, toda a história deste alimento incrível que é o chocolate, e te levar ainda mais ao encontro de seu amor por esta guloseima que vêm do cacau. Depois de ler cada matéria desse DOSSIÊ CHOCOLATE, tenho certeza que você irá terminar com muita vontade de comer chocolate. Então, bom apetite!

CAPÍTULO 2


FRANÇA
Os franceses tiveram que correr atrás da familiaridade de espanhóis e italianos com a produção de chocolate. Mas, hoje, talvez só vejam a Bélgica à frente. Ou nem isso.




Apesar de não ter sido a pioneira na Europa no consumo de bebidas à base de cacau, nem considerada a número 1 dos chocolates finos hoje, a França está quase lá. Desde Ana de Áustria, a rainha chocolátra, os franceses se enamoraram pelo chocolate quanto pela baguete e queijos de aromas fortes. Por isso se especializaram em duas frentes aparentemente opostas, mas que têm similaridades indiscutíveis: as grandes casas, voltadas para o fornecimento para outros fabricantes ou para um público vasto, e o chamado "chocolate de autor", em que os produtos são obras assinadas e tão exclusivas quanto uma pintura de Monet.
Falando sobre uma dessas grandes casas, a Valrhona, Mort Rosenblum, autor de Chocolate - Uma saga agridoce preta e branca, afirma. "Para o chocolate industrial, companhias gigantes simplesmente jogam as sementes da ponta de uma fábrica e carregam caminhões de barras de chocolate na outra. Mas a maioria dos que trabalham com chocolate precisa de um fornecedor atacadista confiável para sua matéria bruta. É aí que a Valrhora entra".
Rosenblum está se referindo a um dos orgulhos do chocolate francês. A Valrhora especializou-se na produção de chocolate em escala comercial, fornecendo matéria-prima de incrível qualidade para todo tipo de fabricante. Embora produza cerca de 7 mil toneladas de chocolate por ano, mais que o dobro da belga Godiva, só confeciona produtos finos. E, desde os anos 1990, está disponível para aficionados por um produto de sofisticação - e preço - superior. Não que a marca goste muito da companhia. Segundo o escritor, conseguir visitar a fábrica é uma missão tão impossível quanto obter um visto para a Coreia do Norte.



Outra grande referência francesa é La Maison du Chocolat - um exemplo de que ser grande não precisa ser desvantagem para a produção de chocolate fino artesanal. Aberta em 1977, a empresa ficou conhecida especialmente pela sua ganache - O chocolate misturado com creme de leite ou manteiga para ganhar uma consistência macia. A fama veio também da invenção da bomba de chocolate, que os franceses - e alguns brasileiros estilosos - chamam de éclair. As receitas que fizeram seu sucesso incluem trufas diversas, mas também ousadias que só uma marca francesa poderia conceber, como uma ganache preta e vermelha flutuando em champanhe, foie gras mergulhado em fondue de chocolate, além de macarrão de... chocolate.
Mas a França é hoje, por excelência, o país do chocolate assinado. Com pequenos fabricantes que se confundem com artistas plásticos, e levam sua relação com o chocolate para além da pura qualidade de seus produtos - excepcionais, apesar da diversificação das atividades.
Um deles é Michel Chaudun, cujo os bombons são "tão delicados que parecem capazes de derreter sob um olhar intenso". Ele compra chocolates da Valrhora e acrescenta o seu próprio toque às composições. É um artesão trabalhando com a melhor matéria-prima do mercado - o que não pode dar errado.
Outro lugar onírico é a Debauve & Gallais, que produz chocolates finos desde 1800. Por isso, já teve entre a sua clientela a fina nata da literatura francesa: Balzac, Proust... É permanece lá até hoje, esperando por nós, ilustres mortais.
Mas, entre tantas opções que não parecem deste mundo, vale pensar no chocolate como o vinho francês. Você não precisa se colocar de um lado só - Borgonha ou Bordeaux. Se não errar muito feio, você tem uma chance oceânica de volta da França encarando o doce.

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