CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA BRASIL!


"UMA NOVA VIAGEM"
"Droga criada por australiano ganha adeptos no Brasil e preocupa polícia"


Por: Henrique Gomes Batista

"Uma uma nova droga chamada changa tem preocupado as autoridades policiais. Fumável e altamente alucinógena, ela começa a ganhar um número maior de adeptos no Brasil. Às vésperas do Carnaval deste ano, foi preso um homem que ia de Minas Gerais à Bahia levando à droga e um carregamento de LSD, ecstasy e maconha. O destino era uma rave no litoral baiano. Desde o ano passado, houve sete apreensões de changa em São Paulo.
Foi o australiano Julian Palmer que, em 2004, batizou de changa uma mistura de ervas que vinha produzindo desde o ano anterior. O consumo começou a se difundir principalmente a partir de 2008, no festival de música Boom Festival, de Portugal. Assim como os cigarros, existem tipos distintos de changa, criados a partir de diferentes raízes e folhas. Cada produtor tem seu próprio "blend". Em comum, os produtos usados têm dimetiltriptamina, composto popularmente conhecido como DMT, o mesmo encontrado na ayahuasca, uma bebida produzida a partir da combinação de plantas da região amazônica, consumida por povos indígenas e difundida, desde o século passado, por praticantes do santo-dame. Foram justamente os "ayahuasqueiros" que começaram a popularizar o uso da changa no Brasil. Por aqui, é comum fazer cigarros da droga usando raízes de uma planta conhecida como jurema, nativa do Nordeste.
Seu efeito é imediato. Assim que o usuário começa a fumar, vivência fortes alucinações visuais, que duram, em média, entre sete e oito minutos, seguidas de um rápido retorno à consciência. Passado esse momento, muitos relatam uma sensação de bem-estar que pode durar de 30 minutos a uma hora. Uma das características da changa, dizem os usuários, é o cheiro forte, que se assemelha a estrume. "Esse é o produto com as consequências que as mães costumam associar às drogas. Tem muitos efeitos visuais", afirmou um usuário à ÉPOCA, sob sigilo."




"Embora a changa e a ayahuasca tenham o mesmo composto, o uso de cada um é distinto - e a lei tem visões diferentes sobre elas. Uma decisão do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), de 2010, diz que a ayahuasca pode ser consumida, com base no direito de liberdade religiosa. Já a changa, fumada em festas e raves, onde disputa o mercado com o LSD e o ecstasy, não pode ser classificada como um item amplamente reconhecido de um ritual da cultura brasileira. Há quem acredite que os cigarros feitos de jurema, que tem um passado ligado a religiões indígenas e de origem africana, possam ser mais aceitos daqui para a frente, mas para a polícia, essa versão não convence."


"Como evidência, há os vários casos de uso recreativo da changa. Segundo a Associação Psicodélica do Brasil, suspeita-se de que pelo menos uma pessoa morreu após o consumo de changa e outras drogas. Uma política de redução de danos usada para evitar casos de óbitos provocados pela changa e por outros entorpecentes é a popularização de kits reagentes, que testam o teor das substâncias. Após separar uma pequena quantidade de changa, raspar ecstasy ou cortar uma parte de LSD, gotas de um preparado químico entram em contato com uma quantidade mínima do material coletado e indicam, por cores, se há um componente estranho. "Não se pode falar que a testagem é uma apologia às drogas. As pessoas consumiriam essas substâncias de qualquer maneira. O que a testagem faz é dar uma pouco de segurança", afirmou Ana Paula Pellegrino, responsável pela política de drogas da ONG Instituto Igarapé. "Não há a menor dúvida de que, em festas onde há ações de redução de danos e testagem de drogas, ocorrem muito menos problemas de saúde, menos casos de overdose", afirmou Bruno Logan, psicólogo que possui um canal sobre o tema no YouTube. Os kits podem até salvar vidas, evitando a ingestão de produtos letais, mas não livram os usuários da changa da ação repressora do Estado."



A matéria acima foi retirada da revista ÉPOCA - n° 1087. 06 de maio de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista ÉPOCA e à Editora Globo.




SUGESTÃO

Abaixo, separamos um vídeo do canal no YouTube, Fatos Desconhecidos, que fala dos efeitos de 4 substâncias alucinógenas. O idioma é o português.


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