MARKUS ZUSAK
EM "ÉPICOS DO SUBÚRBIO"
"Autor do best-seller A Menina que Roubava Livros, o escritor australiano lança, treze anos depois, um romance em que a morte é uma figura central - O Construtor de Pontes"
Por: Raquel Carneiro
Raquel Carneiro (VEJA): "Foram treze anos entre A Menina que Roubava Livros e O Construtor de Pontes. Por que demorou tanto para escrever um livro novo?"
Markus Suzak: "Nunca pensei que A
Menina que Roubava Livros poderia ser um sucesso. Na verdade, ainda fico intrigado com isso. Acho que levei treze anos entre um e outro porque estava tentando escrever melhor do que realmente escrevo. Tentei vencer uma competição particular e fazer um livro melhor que A Menina... Sou ambicioso."
Raquel Carneiro (VEJA): "A Morte é um personagem de A Menina... e, embora não seja tão personalizada, também é central no novo livro. Por quê?"
Markus Zusak: "Tenho fascínio pela ideia de que a morte dá valor à vida. A morte nos impele, de alguma maneira, a refletir sobre o sentido do que vivemos. É comum pensarmos que temos vidas ordinárias e desinteressantes. Mas carregamos em nós as histórias de pessoas que já morreram. Começamos a ser lapidados por esse passado familiar já antes de nascermos. Por isso gosto de escrever sobre famílias e suas jornadas. O que eu faço são, digamos assim, épicos do subúrbio."
Raquel Carneiro (VEJA): "Sua mãe é alemã e seu pai, austríaco. Como foi crescer em um lar de imigrantes na Austrália?"
Markus Zusak: "Filho de estrangeiros, era um pouco diferente das outras crianças, e algumas pessoas faziam questão de apontar essas diferenças. Minha mulher também é uma refugiada. Ela tinha 6 anos quando a família se mudou do Leste Europeu para a Austrália. As histórias sobre o nazismo contadas pelos meus pais influenciaram A Menina que Roubava Livros, enquanto a minha mulher inspirou a mãe do meu novo livro, que deixa a Europa Oriental durante o avanço do comunismo. São essas boas histórias que me levam a escrever. A Menina..., por exemplo, não nasceu para ser um livro antinazista: nasceu para contar histórias incríveis que ouvi de pessoas que passaram por aquele terrível período."
Raquel Carneiro (VEJA): "A adaptação de A Menina... para o cinema fez mais de 70 milhões de dólares de bilheteria. Espera ver O Construtor de Pontes transformado em filme também?"
Markus Zusak: "Por enquanto, só estou feliz de O Construtor de Pontes ter saído. Não crio expectativas de que as minhas tramas sejam levadas para o cinema ou para a TV. Já penso nos meus próximos projetos. Tenho uma ideia de outro livro de ficção e de um de não ficção. Vamos ver qual deles vê a luz do dia primeiro."
A matéria acima foi retirada da revista VEJA - Edição 2632 - Ano 52 - nº 22. 29 de maio de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e à Editora Abril.
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