AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?


O ônibus espacial Challenger que voou pela primeira vez em 1983, era o orgulho da Nasa: uma máquina de 2,5 milhões de peças e mais de 37 metros de comprimento que podia alcançar uma velocidade de até 23 mil quilômetros por hora. Foi o segundo ônibus espacial a ser produzido; o primeiro foi o Columbia em 1981.
O ônibus espacial provou durante o tempo em que esteve em operação, ser uma das aeronaves mais perigosas já inventadas. Pode não parecer muito, mas de 135 voos realizados, dois acabaram em acidentes fatais - ou seja, um para cada 67,5.
O Challenger apesar de sua exuberância, provaria que não apenas podia fazer parte da lista fatal de desastres, como seria o primeiro dos dois acidentes ocorridos com ônibus espacial.
Na manhã do dia 28 de janeiro de 1986, centenas de pessoas estavam reunidas no Cabo Canaveral, na Flórida, para ver o décimo lançamento da Challeger - incluindo familiares dos sete tripulantes. A televisão transmitia os próximos feitos dos astronautas. O ônibus espacial decolou ás 11 horas e 9 minutos. Após alcançar 14 mil metros de altitude, uma chama brotou de um dos foguetes laterais. Logo em seguida, a estrutura de aço, cerâmica e alumínio reforçado também estava imersa ao calor da bola de fogo e vapor d'água - gerada pelo hidrogênio líquido do tanque de combustível. A explosão aconteceu apenas 73 segundos após a decolagem. Dos seis astronautas e uma professora de história que estavam no veículo aéreo, não sobram muito. Todos foram carbonizados ou mortos durante a queda. O choque daqueles que assistiam o evento de perto, foi imediato. O sonho se fora, e o que restou foi apenas saudade daqueles que se foram junto com ele.
A investigação oficial do acidente concluiu que a Nasa foi imprudente, pois sabia que os anéis de borracha que vedavam o foguete poderiam encolher se expostos a temperaturas inferiores a 11 graus Celsius. Já tinha até debatido isso com o fabricante dos anéis (a empresa americana Thiokol, segundo a qual não haveria problema, pois a nave tinha vários anéis de vedação; se um encolhesse, os demais compensariam). Na prática, isso não aconteceu. Naquela fática manhã, os termômetros marcavam próximo do zero em Cabo Canaveral. Mesmo assim, a Nasa levou adiante o lançamento. E como consequência, um dos anéis falhou, o combustível vazou, e nave explodiu.


O FIM DO SONHO CONCORDE


O Concorde era um avião incrível, inclusive no quesito segurança. Até que aconteceu o que ninguém imaginava.

Acidente: Incêndio, queda e explosão
Local: Paris, França
Data do acidente: 25 de julho de 2000
Causa: Rompimento do tanque de combustível
Companhia: Air France
Aeronave: Concorde
Número de mortos: 113

Desenvolvido nos anos 1960 por um consórcio de empresas francesas e inglesas, a atual Airbus, o Concorde era um dos aviões mais bonitos de todos os tempos. Com suas asas alongadas e viradas para trás, cabine bem estreita e bico fino - que deslizava para baixo durante o pouso, para melhorar a visibilidade do piloto. Ainda tinha quatro motores ultrapotentes, que queimavam 25 mil litros de combustível por hora - o dobro do Boeing 747. Viajava a 60 mil pés de altitude, 20 mil a mais que outros aviões. Outro diferencial era a tecnologia revolucionária, com sistema que desacelerava a passagem do ar dentro das turbinas. Tudo isso para alcançar a extraordinária velocidade de 2.179 km/h, duas vezes a velocidade do som. Isso fazia com que o Concorde pudesse ir de Londres a Nova Iorque em apenas três horas, algo jamais feito por nenhum outro avião.
Foram fabricados vinte Concordes ao longo de 13 anos, e apenas dois eram comercializados. Somente a Air France e a British Airways possuíam o modelo em sua frota. O avião era extremamente caro, até mesmo para operar comercialmente. 
O seu primeiro voo foi em 1976. E uma das primeiras linhas fazia o trajeto Paris - Rio de Janeiro, com dois voos semanais. Mesmo maravilhados com a aeronave, poucos conseguiam pagar pela passagem, que chegava a custar o equivalente a US$ 10 mil nos valores de hoje. Apesar do preço alto das passagens, o avião precisava decolar com 90% dos assentos ocupados para que as empresas obtivessem lucro. Entretanto, isso nem sempre acontecia, a linha brasileira tinha uma média de 50% da ocupação total, e por isso, foi uma das primeiras que deixaram de existir no ano de 1982.
Mesmo assim, ele continuou operando comercialmente, com voos ligando a Europa e os Estados Unidos, até o dia 25 de julho de 2000, quando o sonho se transformou em pesadelo. Nesse dia, o concorde F-BTSC da Air France saiu do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, com destino a Nova York. Haviam cem passageiros e nove tripulantes. Na decolagem, aconteceu o que ninguém previa. Durante a aceleração inicial, o Concorde ainda no chão, um dos tanques de combustível explodiu. Apesar de perceberem a falha, já era tarde para que os pilotos abortassem a decolagem - só tinham mais 2 km, espaço insuficiente para frear o avião e abortar o voo em segurança. A saída era continuar o processo de decolagem, mesmo com a aeronave em chamas.
As consequências foram dramáticas. Os motores 1 e 2 pifaram, e com isso o avião foi se inclinando violentamente para o lado. Para tentar compensar isso, os pilotos ainda tentaram forçar o Concorde ferido, desacelerando os motores 3 e 4. A ação foi em vão, porque a aeronave caiu em seguida. Além de todos os ocupantes morrerem durante a queda, mais quatro vítimas em solo que foram atingidas por pedaços da fuselagem do avião que se despedaçou e voou para todos os lados. Os que viam a cena, chocaram-se e não acreditavam que era o fim do sonho Concorde.
Depois do acidente, o relatório francês confirmou que a causa não foi nem por defeitos técnicos - uma das possíveis causas até então-, muito menos pelo excesso de peso - havia 810 kg excedidos do que o avião deveria levar. Por fim, constataram que foi outro avião que provocara a catástrofe aérea. Um DC-10 da Continental Airlines tinha decolado cinco minutos antes que o Concorde da Air France. Por causa de manutenção malfeita, soltou um pedaço de metal na pista. Era uma faixa de titânio, com 40 cm de comprimento e 3 cm de largura, que caiu de uma das turbinas. Como ninguém havia percebido, o Concorde decolou sem maiores problemas, e a consequência foi o desastre fatal.
O outro Concorde da British Airlines, agora o único que operava comercialmente, voou até 26 de novembro de 2003. Foi considerado economicamente inviável. Após este dia, os motores do Concorde foram desligados definitivamente, e com ele, se fechou um dos mais gloriosos capítulos da aviação. E assim, chegou O fim do sonho Concorde.
Abaixo, a imagem do Concorde da British Airlines, durante o tempo de operação. Em seguida, a parte interna do avião:


A última imagem do Concorde voando antes de se aposentar em 26 de novembro de 2003:

Abaixo, o noticiário brasileiro divulga detalhes sobre o acidente com o Concorde da Air France.



Este é um documentário sobre o desastre da Air France produzido pela National Geographic para assisti-lo, clique no ícone colorido.


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