CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA CONFLITO INTERNACIONAL
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A seguinte matéria é de autoria da colunista Nathalia Watkins, foi publicada pela revista Veja. Portanto, todas as informações são reservadas exclusivamente aos seus autores, e não devem ser copiadas sem a divulgação de seus nomes.
"ESCRAVOS DAS IDEIAS"
"O Sendero Luminoso sequestra mulheres e crianças e mantém o objetivo de instaurar uma ditadura maoista no Peru. Com essa turma, não há chance de negociação."
"Extremistas, quando dominam um território, tornam-se capazes de perpetuar as piores crueldades, quase sempre elegendo mulheres e crianças como vítimas preferenciais. Na segunda-feira, 27, soldados peruanos resgataram escravos em um dos três campos de trabalhos forçados do grupo esquerdista Sendero Luminoso. Alguns eram da tribo ashaninka e tinham sido sequestrados três décadas antes, em uma invasão a um hospital psiquiátrico. O grupo de reféns incluía 26 crianças com 1 e 14 anos, dez mulheres e três homens. Os pequenos, como nasceram confinados, nunca haviam desfrutado a sensação de uma vida em liberdade. Trabalhavam na lavoura para prover comida aos seus algozes. As mulheres eram vítimas de repetidos abusos sexuais e tinham a função de reprodutores. Forneciam soldados e assim garantiam que o espírito de combate fosse transmitido às próximas gerações.
O Sendero foi responsável pela maior parte das 69 000 mortes causadas durante o conflito armado que se estendeu no Peru de 1980 a 2000. Suas vítimas foram principalmente esquerdistas e indígenas. Inspirado na Revolução Cultural chinesa, que começou em 1966 e dizimou os quadros menos radicais do Partido Comunista Chinês, tem por meta destruir qualquer rasgo da democracia e instaurar uma ditadura maoista pela luta armada. Conta a 600 homens armados. Atualmente, concentra-se na área do vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro, conhecida pela sigla Vraem. Nessa região montanhosa, onde a presença do Estado é quase nula, o grupo é a única instituição vigente e mantém seu domínio principalmente por meio da violência. 'Se alguém os denuncia, é degolado e pendurado numa corda em um local público. Com medo, os camponeses vivem na pobreza e se submetem aos terroristas', diz o analista de segurança e narcotráfico peruano Pedro Yaranga. Desde 1984, os terroristas se sustentam com o imposto de guerra dos plantadores da folha de coca, a matéria-prima da cocaína e do crack. O Vraem produz 70% da cocaína peruana , mais de 200 000 toneladas por ano. O Peru é hoje e o segundo país com a maior área de cultivo de coca, atrás apenas da Colômbia.
Em seus feudos nas montanhas, o Sendero realiza um pesado doutrinamento político. Segundo seus ensinamentos, todos os que vivem nos campos são obrigados a defender a tomada do poder pela luta armada. Por isso, na semana passada, alguns até esboçaram uma reação quando viram soldados. As crianças aprendem o bê-á-bá da revolução desde os 8 anos. Com 12, recebem armas e ingressam na força principal. Em um vídeo divulgado pelo grupo em setembro de 2014, um dos dirigentes apresenta seus combatentes com fuzis, metralhadoras, granadas e munição em abundância. Na filmagem, crianças observam os mais velhos carregando as armas, muitas vezes maiores do que eles mesmos."
"A verve maoista do Sendero Luminoso faz com que negociações de paz, como as que estão em andamento entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, hoje com mais de 6 000 soldados), sejam impensáveis. O Sendero foi fundado pelo professor universitário de filosofia Abimael Guzmán no fim da década de 60 e teve seu apogeu nos anos 1980, quando o Peru voltou à democracia. O declínio veio principalmente após a dissolução do Parlamento pelo presidente Alberto Fujimori, em 1992. Com poderes ampliados, o presidente lançou uma dura campanha militar e pôs grupos clandestinos no encalço dos senderistas. 'A maioria dos peruanos não sabe o que é Sendero ou não se lembra do grupo, que matou tanta gente que nunca encontramos todas as fossas comuns nas quais enterrou as vítimas', diz o ex-juiz Jose Daniel Rodriguez Robinson, que investigou crimes dos terroristas na década de 90. Desde sua prisão, em 1992, Guzmán afirma ter renunciado à luta armada. A maior parte dos seus seguidores estendeu seu apelo, mas uma maioria, hoje no Vraem e ainda presa à ideologia, duvida das suas declarações. 'O Sendero Luminoso mantém o objetivo de instaurar uma ditadura maoista no Peru e não tem nenhum receio de matar pessoas para conseguir isso', diz o analista peruano Yaranga."
A matéria acima foi retirada da revista Veja, edição 2 437, ano 48, nº 31, págs. 78 e 79. 05 de agosto de 2015. Todos os direitos são reservados à revista Veja e a Editora Abril.
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