ENERGIA NUCLEAR


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"DESASTRE NUCLEAR NA USINA DE CHERNOBYL COMPLETA 29 ANOS"
"A explosão do reator nuclear, que vitimou milhares de pessoas por conta da radiação, acelerou a queda da União Soviética e despertou o temor sobre o uso da energia nuclear."


Por: Thiago Tanji

"Ainda era madrugada de sábado, quando os técnicos da usina nuclear de Chernobyl, localizada a pouco mais de 150 quilômetros da capital ucraniana Kiev, estavam a postos para conduzir uma bateria de testes de rotina. A avaliação consistia em desligar a rede elétrica da central e ativar o sistema auxiliar de emergência caso houvesse algum apagão.
O relógio marcava 1h23 da manhã do dia 26 de abril de 1986 quando o teste se transformou em um dos maiores acidentes da história: ao diminuir a potência das turbinas, o sistema de resfriamento do reator nuclear número quatro parou de funcionar, causando um superaquecimento que culminou em uma grande explosão de vapor. O teto do reator, que pesava mil toneladas, foi destruído, e uma nuvem de radiação tomou a cidade. 'A vegetação, o solo e a água foram contaminadas, sendo necessária a evacuação dos moradores. A nuvem radioativa, com elementos como o césio-137 e o iodo-131, se estendeu por vários países da Europa', afirma a professora de química Márcia Guekezian, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Desde 1949, quando a União Soviética detonou a primeira bomba atômica, o país investiu pesado na tecnologia nuclear, inaugurando a primeira central de energia atômica do mundo, em 1954, na região russa de Obninsk. República que fazia parte da nação soviética, a Ucrânia também conta com um parque nuclear de peso, abrigando a maior usina da Europa, na cidade de Zaporizhia. Construída em 1977, a central de Chernobyl contava com quatro reatores responsáveis por fornecer cerca de 10% da energia para o território ucraniano."


"Os conceitos de ecologia começaram a ser discutidos com mais intensidade a partir da década de 1970 e o desastre de Chernobyl despertou a fragilidade do planeta em relação às usinas nucleares."

"Apesar de na década de 1980 a União Soviética viver um período de estagnação econômica e desvantagem tecnológica em relação aos países ocidentais, a tecnologia atômica do país era considerada sólida. 'Os conceitos de ecologia começaram a ser discutidos com mais intensidade a partir da década de 1970 e o desastre de Chernobyl despertou a fragilidade do planeta em relação às usinas nucleares', diz o professor de história Alexandre Hecker, do Mackenzie.
Até então, o principal incidente envolvendo energia atômica ocorrera era 1979, quando a usina americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, superaqueceu e só não explodiu graças à liberação de gases radioativos no meio ambiente. Um episódio com consequências pequenas se comparado ao que aconteceu em Chernobyl: 31 pessoas morreram por conta da explosão no com´bate ao fogo, mas milhares foram diretamente afetadas por conta da nuvem de radiação, que obrigou a evacuação dos 350 mil moradores da cidade de Prypiat, construída pelo governo soviético para abrigar os trabalhadores da usina nuclear.
'A liberação de alta radiação ionizante é capaz de matar as células do organismo, além de causar mutações. Dependendo do tempo de exposição, podem ocorrer danos irreversíveis no sistema nervoso central', afirma Márcia. O número de vítimas causadas pela radiação não é um consenso, mas as Nações Unidas estimas que mais de 9 mil pessoas morreram em decorrência à exposição de césio-137 e iodo-131, além do aumento significativo dos casos de câncer de tireoide na Ucrânia, na Bielorrússia e em parte da Rússia."


"Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle."

"Mikhail Gorbatchev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, iniciava suas reformas econômicas e políticas quando a notícia do desastre nuclear chegou em Kremlim. 'Vocês sabem que houve um inacreditável erro, o acidente na usina nuclear de Chernobyl. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle', disse o líder em um discurso transmitido pela rede de televisão soviética.
Para combater os efeitos da radiação, o governo determinou uma zona de exclusão com raio de 30 quilômetros do epicentro da explosão, mobilizando mais de 500 mil pessoas. 'Do ponto de vista simbólico e político, o acidente contribuiu para a aceleração do fim da União Soviética ao questionar a eficácia da administração socialista', diz Hecker.
Após evacuar a população da região às pressas e combater o fogo que consumia parte da usina, as autoridades soviéticas iniciaram a construção de uma espécie de sarcófago de 200 toneladas para aplacar o vazamento de radiação. Mesmo assim, a zona de exclusão continua a existir e Prypiat se tornou uma cidade fantasma. 'Para ter ideia, o césio-137 demora cerca de 30 anos para que sua radiação caia pela metade e cada elemento tem um tempo de meia-vida diferente', afirma Márcia. 'Por conta disso, a radiação ainda persiste em existir naquele local'."



"A história de Chernobyl está viva e volta a nos assustar, como o que ocorreu recentemente na usina japonesa de Fukushima após o tsunami."

"Com o final da União Soviética, em 1991, os cuidados em relação à administração da usina ficaram a cargo das autoridades ucranianas, que vivem um movimento de tensão com a Rússia por conta dos movimentos separatistas concentrados no leste da Ucrânia. 'A história de Chernobyl está viva e volta a nos assustar, como o que ocorreu recentemente na usina japonesa de Fukushima após o tsunami', diz Hecker. Logo após o acidente, aversão oficial da investigação responsabilizou os operadores da usina pelo erro que culminou com o superaquecimento do reator. Uma segunda tese, no entanto, coloca a tecnologia deficiente da usina como motivadora da instabilidade capaz de provocar a explosão de vapor."


Informações retiradas do site REVISTA GALILEU, 26 de abril de 2015 (Acesso: 20/08/2015)


SUGESTÃO PARA SE APROFUNDAR NO ASSUNTO:

Sugerimos que você assista ao documentário do Discovery Channel sobre o desastre de Chernobyl. O mesmo conta em detalhes, o que o acidente provocou e como mudou a visão da perigosa energia nuclear. Para vê-lo, clique no ícone destacado. O documentário está em português, e as imagens são do You Tube.

Outra sugestão, é que você leia o artigo publicado pelo site Globo Educação: "Chernobyl, Maior Acidente Nuclear".

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