CONFLITOS INTERNACIONAIS

"ATAQUE NA TURQUIA ATRIBUÍDO AO EI MATA 10"

"Homem-bomba se explode em bairro turístico de Istambul; entre os mortos há ao menos oito alemães e um peruano"

"Governo turco diz que terrorista era sírio e entrou pela fronteira com o país vizinho, em guerra civil desde 2011.

Um terrorista suicida detonou nesta terça-feira (12) uma bomba no bairro turístico de Sultanahmet, em Istambul, deixando ao menos dez mortos - dos quais pelo menos oito são turistas alemães e um peruano - e 15 feridos.

A Turquia acusou a facção terrorista Estado Islâmico (EI) pelo ataque. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, descreveu o homem-bomba como um 'estrangeiro' membro do EI. Antes disso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmara que o responsável pela explosão tinha nacionalidade síria.

A informação sobre a nacionalidade foi corroborada pelo vice-primeiro-ministro, Numan Kurtulmus, que também informou que o homem-bomba nasceu em 1988. A agência de notícias privada Dogan, porém, afirmou que o terrorista era saudita.

Segundo o vice-premiê, o governo acredita que o homem-bomba tenha entrado na Turquia pela fronteira com a Síria. Ele não constava, porém, da lista de suspeitos de ligação com extremistas.

A guerra civil que a Síria vive desde 2011 já fez 1,7 milhão de sírios se refugiarem na Turquia, conforme números da ONU. Além disso, o EI domina partes do território sírio.

'A Turquia não recuará em sua luta contra o Daesh em nenhum passo', declarou Davutoglu, referindo-se ao EI pelo seu acrônimo árabe.

Em discurso transmitido pela TV, Erdogan disse que o atentado 'demonstra novamente que devemos estar juntos em face do terror'.

'O primeiro alvo de todos os grupos terroristas ativos nesta região é a Turquia, porque a Turquia combate todos eles com a mesma determinação', acrescentou o presidente em seu discurso.

A forte explosão, que pôde ser ouvida em vários bairros da cidade pouco depois das 10h locais (6h em Brasília), aconteceu em um parque que abriga um importante obelisco e a 25 metros da histórica Mesquita Azul. A polícia isolou a área para evitar que uma eventual segunda explosão fizesse mais vítimas.

Em entrevista coletiva em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, condenou o ataque e confirmou a morte de oito cidadãos do país.

Em nota, o Itamaraty afirmou que, até o momento, não há registro de vítimas brasileiras. O ministério também transmitiu suas condolências aos familiares das vítimas e afirmou que o governo brasileiro reitera 'seu mais firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo'."

"Após a explosão, a União Europeia (UE) disse apoiar a Turquia no combate a 'todas as formas de terrorismo'.

A chanceler da UE, Federica Mogherini, disse nesta terça-feira que tanto o bloco quanto a Turquia 'devem aumentar seus esforços para conter a violência extremista' e ressaltou que esse foi um tema prioritário da cúpula entre União Europeia e Turquia, realizada em novembro, em Bruxelas (Bélgica)."

"HISTÓRICO DE ATAQUES"

"Aliada do Ocidente no Oriente Médio, a Turquia foi alvo de dois grandes atentados no ano passado. Em julho, um ataque do EI em Suruç, perto da fronteira com a Síria, deixou ao menos 30 mortos.

Em outubro, duas grandes explosões mataram quase cem pessoas durante manifestação no centro da capital, Ancara. Foi o maior atentado da história no país, também atribuído pelo governo ao EI.

Em 2015, também cresceram os confrontos entre as forças do governo turco e milícias separatistas curdas."

"ALVO DO ATENTADO É BAIRRO HISTÓRICO DE ISTAMBUL"

"O bairro de Sultanahmet, local do atentado em Istambul, guarda muitos elementos da rica história da cidade. A explosão foi a poucos metros do Obelisco de Teodósio, instalado no século 4º pelo imperador romano que lhe dá nome.

A 25 metros dali está a entrada da Mesquita Azul. Construída entre 1609 e 1616, ela ainda funciona como local de culto islâmico e é conhecida por sua arquitetura imponente.

Do outro lado da praça de Sultanahmet está a Basílica de Santa Sofia. Erguida como igreja no século 6º, tornou-se mesquita no século 15, após a conquista otomana. Desde 1935, funciona como um museu.

Nas redondezas há outros monumentos e museus, além de vários hotéis, bares e restaurantes."

Informações retiradas do jornal FOLHA DE S. PAULO - Edição Digital - Ano 95 - nº 31.696, pág. A8. 13 de janeiro de 2016, quarta-feira (Acesso: 13/01/2016)