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"A CHANTAGEM ATÔMICA"
"A Coreia do Norte afirma que testou com sucesso uma bomba de hidrogênio - a mais letal das armas atômicas. Embora não tenha convencionado as potências mundiais de seu feito, o ditador Kim Jong-un preocupa até aliados tradicionais, como a China"
Por: Leonardo Coutinho
"Um tremor de 5,1 pontos na escala Richter, cujo epicentro coincidiu com as instalações militares de Pung-gye-ri, na Coreia do Norte, foi captado por centros de sismologia em diversas partes do mundo e obrigou a comunidade internacional a convocar seus porta-vozes para as declarações de repúdio de praxe. Afinal, os abalos iniciaram-se exatamente no local onde o regime norte-coreano realizou três testes nucleares desde 2006. A preocupação aumentou quando o regime do ditador Kim jong-un divulgou que os tremores eram o resultado de um teste bem-sucedido de uma bomba de hidrogênio, ou termonuclear. Esse tipo de arma, que possui uma capacidade de destruição exponencialmente maior que a de uma bomba atômica convencional, está nas mãos de poucos países: Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China. A posse de uma bomba H, como também é chamada, representaria um sombrio salto tecnológico para a Coreia do Norte, que tem o regime mais fechado e repressor do mundo, ainda mais se for verdade que os cientistas norte-coreanos desenvolveram um artefato pequeno o suficiente para ser instalado na ponta de um míssil."
"As análises do impacto da explosão de quarta-feira passada, no entanto, desmontaram a versão do regime norte-coreano. Jong-un está blefando. Os principais centros de armas nucleares calculam que os abalos de 5,1 na escala Richter iniciados em Punggye-ri foram provocados por uma explosão de 6 quilotons (o equivalente a 6 000 toneladas de dinamite). Para que se tratasse de uma bomba H, a detonação deveria ser dez vezes maior, gerando tremores de magnitude superior a 7 pontos na escala Richter. Há duas possibilidades: ou a bomba atômica era do tipo convencional, ou efetivamente se tentou usar uma bomba H mas o teste fracassou, alcançando apenas a primeira fase da explosão, a da fissão nuclear (veja o infográfico abaixo)."
"Um consultor do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse a Veja que, embora Jong-un não tenha detonado uma bomba H, as potências ocidentais e a China tentam descobrir se o regime comunista tornou-se capaz de instalar ogivas nos seus doze mísseis Masudan. Esses equipamentos ainda não foram testados oficialmente e, por causa do seu alcance restrito, não representam um risco para os Estados Unidos. Mas para a Coreia do Sul e o Japão, sim. O teste de semana passada desagradou à China, a principal aliada do regime, porque demonstra que Jong-un é pouco permeável à influência do vizinho mais poderoso e porque as explosões podem desencadear atividades geológicas naturais, provocando um terremoto de grandes proporções na região. Com suas bravatas nucleares, o ditador norte-coreano repete a estratégia do pai e antecessor, Kim Jong-II, que usava as ameaças para obter doações internacionais de alimentos, já que o regime comunista é incapaz de produzir o necessário para manter a população sob controle."
A matéria acima foi retirada da revista VEJA - edição 2 460 - ano 49 - nº 2, págs. 52 e 53. 13 de novembro de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e a Editora Abril.
SUGESTÃO
Após a leitura, sugerimos que você assista ao debate produzido pela Globo News sobre o assunto. As imagens são do You Tube e o idioma é o português.
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