CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA POLÍTICA INTERNACIONAL!


"UNIÃO AMEAÇADA"
"Saída dos britânicos da comunidade europeia ganha fôlego no Reino Unidos, provoca reações contrária até dos Estados Unidos e coloca em xeque o futuro dos acordos de livre comércio"


Por: Mariana Queiroz Barbosa

"A dois meses do referendo que decidirá sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (EU), a campanha contra o 'Brexit' (expressão em inglês que mistura as palavras Grã-Bretanha e saída) ganhou um reforço de peso. Em visita ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, em Londres na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, entrou em campanha aberta pelo sim - numa interferência indevida, segundo os partidários do não. 'Alguns pensam que talvez venha a haver um acordo de livre comércio com os EUA e a Grã-Bretanha, mas isso não ocorrerá tão cedo', disse. 'A Grã-Bretanha irá para o fim da fila'."


"Apesar da declaração de Obama, o resultado em 23 de junho deve ser apertado. De acordo com a média das pesquisas de opinião organizada pelo jornal Financial Times, 47% dos britânicos eram a favor de continuar na UE na semana passada, enquanto 41% votaram pela saída. Para Stephen Booth, diretor do centro de pesquisas Open Europe, em Londres, se o Reino Unido deixasse o bloco, haveria interesse mútuo num acordo entre britânicos e americanos devido ao grande volume de comércio entre os dois países. 'A questão é quanto tempo isso levaria e se o Reino Unido seriam oferecidos termos melhores ou piores do que aqueles negociados no Tratado Transatlântico (acordo de livre comércio entre EUA e UE que vem sendo discutido há três anos)', disse à ISTOÉ."


"Nos últimos meses, Cameron renegociou com Bruxelas os termos da adesão de Londres ao bloco, mas as mudanças foram insuficientes para desidratar a campanha pela saída, que conta com a participação do popular prefeito de Londres, Boris Johnson, do mesmo Partido Conservador que Cameron, e de ministros de seu próprio governo. Dentro da UE, argumentam, os britânicos se submetem a um poder centralizador, lento e burocrático, e a certas regulações que não necessariamente concordam. 'Queremos autonomia, não uma Comissão Europeia suprema', afirma John Petley, gerente de operações da Campanha por uma Grã-Bretanha Independente. A contrapartida, diz o outro lado, é que, do jeito que está agora, o Reino Unido pode ao menos participar dessa legislação. Fora do bloco, entraria num terreno desconhecido não só na economia, que poderia sofrer com a queda do investimento estrangeiro direto e das exportações."


"A saída do Reino Unido poderia ser um precedente perigoso para uma desintegração da União Europeia num momento-chave da história do continente, que passa pela maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Em outros países, partidos nacionalistas e, não raro, xenófobos, como a Frente Nacional, de extrema-direita da França, têm acompanhado de perto na esperança de que possam dar início a campanhas semelhantes. Além disso, se o 'Brexit' vencer nas urnas, os britânicos terão que lidar com um antigo problema: a ameaça de independência dos escoceses. Sob novas condições, os nacionalistas escoceses, que perderam o plebiscito em 2014, já avisaram que uma nova consulta popular deveria ser marcada."



A matéria acima foi retirada da revista ISTO É - Ano 39 - nº 2421, págs. 66 e 67. 04 de maio de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista ISTO É e a Editora Três.


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