SAÚDE
"O QUE É MAYARO, VÍRUS QUE PODE ESTAR SE ESPALHANDO PELO CONTINENTE E PREOCUPA CIENTISTAS"
Por: Maria Esperanza Sánchez
Da BBC Mundo
"Primeiro foi o chikunguya e, depois, o Zika. Agora cientistas e epidemiologistas começam a se preocupar com outro vírus: o Mayaro.
Pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, anunciaram ter encontrado no Haiti um caso inédito de mayaro, doença caracterizada por uma febre hemorrágica similar a da chikunguya.
Especialistas alertam que este caso pode ser um indício de que o vírus está se espalhando e já começa a circular pela região do Caribe.
'Os sintomas são muito similares aos da chikunguya. Por isso, quando o paciente vai ao médico, pensam se tratar dessa doença e não sabem que é mayaro', disse John Lednicky, que liderou a equipe da universidade americana responsável pelo estudo.
Lednicky explicou não haver nenhum sintoma que distingua a chikunguya da febre mayaro. Ambas provocam febre, erupções na pele e dores na articulações.
Em ambos os casos, os efeitos são mais prolongados do que em paciente com dengue e zika, chegando a durar de seis meses a um ano."
"O que está acontecendo é que estamos nos deparando com pacientes que se queixam de erupções na pele e dores musculares prolongadas, mas os exames dão negativos para Zika e Chikunguya. Então, o que afinal eles têm?', disse Lednicky.
O preocupante é que o vírus detectado no Haiti é geneticamente diferente dos que haviam sido descritos previamente, esclareceu o especialista.
'Não sabemos se é um vírus novo ou uma nova cepa de diferentes tipos de Mayaro'."
Lednicky explicou não haver nenhum sintoma que distingua a chikunguya da febre mayaro. Ambas provocam febre, erupções na pele e dores na articulações.
Em ambos os casos, os efeitos são mais prolongados do que em paciente com dengue e zika, chegando a durar de seis meses a um ano."
"O que está acontecendo é que estamos nos deparando com pacientes que se queixam de erupções na pele e dores musculares prolongadas, mas os exames dão negativos para Zika e Chikunguya. Então, o que afinal eles têm?', disse Lednicky.
O preocupante é que o vírus detectado no Haiti é geneticamente diferente dos que haviam sido descritos previamente, esclareceu o especialista.
'Não sabemos se é um vírus novo ou uma nova cepa de diferentes tipos de Mayaro'."
"CASOS DE MAYARO"
"O vírus foi descoberto em 1954 em Trinidad e Tobago, mas até agora só se sabia de surtos isolados na selva amazônica e em outras partes da América do Sul, como Brasil e Venezuela.
O caso encontrado pela Universidade da Flórida foi identificado a partir de uma amostra de sangue de um menino de oito anos de uma zona rural do Haiti. Ele tinha febre e dores abdominais, mas não apresentava erupções nem conjuntivite, sintomas normalmente associados a chikunguya.
Pesquisadores da universidade colheram uma série de amostras durante e após o surto de chikunguya no Haiti.
Após a análise virológica e molecular para detectar os vírus da dengue e da zika, foi confirmada a presença da dengue no paciente alvo do estudo, mas também de um novo vírus, identificado depois como Mayaro, disse Lednicky.
Enquanto a atenção do mundo estava voltada para o Zika, 'a descoberta deste outro vírus é uma grande fonte de preocupação', disse Glenn Moris, diretor do Instituto de Enfermidades Patógenas Emergentes da Universidade da Flórida."
"INVESTIGAÇÃO PRECISA DE RECURSOS"
"Lednicky explicou que é 'difícil avaliar o quão grave é o surto de mayaro neste momento', já que existem poucos estudos sobre o vírus.
'No Brasil, há dois tipos genéticos diferentes, e não sabemos qual é o mais virulento. Faltam mais estudos e monitoramento das áreas afetadas'.
Um problema é a falta de recursos para fazer essas pesquisas, segundo médico americano.
'Na Universidade da Flórida, estamos buscando fundos, mas é difícil obtê-los para esse tipo de estudo nos Estados Unidos. E no Haiti, os poucos recursos que eles têm são necessários para cobrir as necessidades mais básicas dos pacientes'.
Lednicky acrescentou não saber o que vai acontecer no Haiti após a passagem pelo país do furacão Matthew, que poderia ter levado os mosquitos transmissores da doença até a República Dominicana e outras ilhas caribenhas."
"POSSÍVEL ADAPTAÇÃO DO VÍRUS"
"A semelhança com o vírus da chikunguya preocupa os cientistas.
Em um artigo publicado na revista Scientific American, Marta Zaraska, jornalista especializada em ciência, destaca que isso poderia explicar por que o Mayaro pode se tornar um problema generalizado.
'Ambos os vírus eram originalmente transmitidos por mosquitos da selva, infectando pessoas na região amazônica, mas o Chikunguya tem se adaptado e hoje é transmitido por mosquitos urbanos, como o Aedes albopictus e o Aedes aegypti', que também transmitem a febre amarela, a dengue e a zika.
Segundo Zeraska, 'o mesmo pode estar ocorrendo no caso do Mayaro'.
Em exames de laboratório, foi provado que o Aedes albopictus e o Aedes aegypti pode ser vetores da febre mayaro - e o fato do vírus ter sido detectado no Haiti sugere que ele também está se adaptando ao ambiente urbano."
Notícia retirada do site BBC BRASIL, 01 de novembro de 2016 (Acesso: 01/11/2016)
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