MUNDO ESTRANHO:
PERGUNTAS & RESPOSTAS

A partir de agora, o Conhecimento Cerebral traz em parceria com a revista Mundo Estranho, a série de matérias que despertará ainda mais sua curiosidade, resultando em mais conhecimento para você, chamada de MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS. Para quem não sabe, essa revista traz mensalmente em suas publicações impressas, perguntas, que podem ser sugestão de seus leitores ou escolha dos editores, e a resposta para tal, de um jeito de dinâmico e explicativo. Por isso, resolvemos transformá-la em mais uma série de matérias para o blog. Preparado? Então, embarque você também neste mundo do conhecimento.


QUEM FOI JOANA D'ARC?


Reportagem: Juliana Sayuri
Ilustra: Estevan Silveira
Design: Juliana Caro
Edição: Victor Bianchin

1: Joana D'Arc nasceu no vilarejo Domrémy em 1412. Filha de camponeses relativamente ricos, ela era ruiva, religiosa e analfabeta. Por volta dos 13 anos, afirmou ouvir vozes do Arcanjo São Miguel, de Santa Catarina de Alexandria e de Santa Margarida de Antioquia. As vozes lhe deram quatro missões: acabar com o cerco inglês em Orleans; levar o novo rei para ser coroado, conforme as tradições, em Reims; expulsar os invasores de Paris; e libertar o duque de Orleans, primo do monarca.

2: Joana conseguiu se encontrar com o rei no castelo de Chinon. Ela foi interrogada por conselheiros reais e teólogos e teve sua virgindade verificada por matronas. Os senhores chancelaram a sinceridade da fé da garota, que então recebeu do rei uma espada, um estandarte grafado com as palavras "Jesus-Maria" e, embora não tenha sido nomeada cavaleira, se uniu aos soldados franceses com destino a Orleans.

3: Joana lutou ao lado dos soldados franceses, vestida como eles, contra a denominação inglesa em diversos campos bastilha de Saint-Loup, torre des Augustins, torre de Tourelles, Jargeau e Patay. Sua principal contribuição era manter a moral dos soldados com palavras de confiança. A fama de guerreira se espalhou, e assim ela passou por cidadãos como Gien, Mézilles, Auzerre e Saint Paul. Depois marchou a Reims, onde Carlos 7º foi coroado no dia 17 de julho de 1429.

4: Joana conseguiu cumprir suas duas primeiras metas. A terceira missão era libertar Paris, o que não aconteceu. Joana foi ferida e seu pajem morto. As forças francesas foram derrotadas pelos ingleses em setembro de 1429. Meses depois, Joana e seus soldados se uniram ao exército real para liberar Compiègne e, em maio de 1430, Filipe, o Bom, sitiou a cidade. Joana foi presa por um escudeiro borguinhão e vendida ao rei da Inglaterra por 10 mil libras.

5: Mais de 100 juízes e especialistas participaram do julgamento de Joana por feitiçaria. Entre eles, apenas sete ingleses - todos os demais eram franceses. O interrogatório durou um mês. Dois pontos (discutíveis) condenaram a ré: as vozes, que viriam do diabo na interpretação dos magistrados,; e o uso teimoso de vestes masculinas, inadmissível para uma dama da época. Condenada, Joana foi queimada viva aos 19 anos, em 30 de maio de 1431.

6: Quatro anos depois, a nobreza irlandesa se reconciliou e virou o rumo da guerra, que terminou em 1453 com a vitória francesa. Carlos 7º mandou revisar o caso e negociou com a Igreja, pois não podia ter sua vitória associada a uma herege. Em 1455, o papa Calisto 3º aceitou o pedido de revisão da família D'Arc e, em 1456, a condenação foi anulada. Em 1920, a donzela foi canonizada. Símbolo da resistência francesa contra a invasão, Joana é desde 1922 a padroeira da França.

7: O fascínio pela história inspirou lendas e mitos. Uns dizem que Joana sobreviveu à fogueira (outra mulher teria sido queimada no seu lugar). Outros acreditam que ela era filha bastarda da rainha Isabel da Baviera e do duque Luís de Orleans, irmão de Carlos 6º. Às vezes as duas teses se encontram em uma das versões mais delirantes: Joana não só seria filha do duque mas assumiria outra identidade anos após escapar do fogaréu, como Claude des Armoises, uma aventureira que viveu em meados do século 15.


INTERVENÇÃO DIVINA

Por que o rei Carlos 7º deu ouvidos a uma camponesa iletrada? Na época, profecias não eram exatamente algo do outro mundo - outros reis ouviam profetas também. Entre 1350 e 1450, uma crise econômica se arrastava na Europa, com a peste, a guerra e um cisma dentro da Igreja. Assim, os reis estavam mais predispostos a ouvir os emissários divinos, pois acreditavam que, de fato, Deus intervinha na história dos homens e poderia salvá-los.

CONSULTORIA: Victor Villon, historiador e doutorando em história social da cultura pela PUC-Rio.
FONTES: Livros Joana D'Arc, de Mary Gordon, e Joana D'Arc: Verdades e Lendas, de Colette Beaune.


MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS foi retirado da revista MUNDO ESTRANHO - Edição 192, págs. 40 e 41. Março de 2017. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista MUNDO ESTRANHO e a Editora Abril.

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