ECONOMIA


"POR COMPRA DA GAROTO, NESTLÉ DEVE VENDER MARCAS DE CHOCOLATE"
"O pacote deve incluir Serenata de Amor, Chokito, Lollo e Sensação; medida busca aprovação do Cade para compra realizada em 2002"


"A Nestlé terá que se desfazer de marcas e ativos e não poderá vendê-los para concorrentes de grande porte para conseguir, 15 anos depois, que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a compra da Garoto. A aprovação consta do acordo firmado entre a empresa e o Conselho no ano passado, segundo apuração da reportagem.
O prazo para a venda dos ativos vai até outubro. Segundo fontes que acompanharam as negociações, o pacote inclui os chocolates Serenata de Amor, Chokito, Lollo e Sensação - o detalhamento dos ativos que a empresa terá de vender é mantido sob sigilo.
Com a proibição de que as marcas sejam repassadas para um concorrente de grande porte, fica de fora das negociações a Lacta (do grupo Mondelez), hoje vice-líder de mercado, atrás da Nestlé. A tendência é que os ativos sejam comprados por concorrentes menores, como Arcor e Hershey's. O comprador terá de ser apresentado ao Cade e aprovado pelo conselho antes da operação."

"IMPASSE"

"A fusão entre Nestlé e Garoto foi firmada em 2002. Dois anos depois, foi vetada pelo conselho, tendo sido suspensa pela Justiça em 2005. Com isso a Nestlé deve de manter separados os ativos da Garoto e ficou impedida de incorporar totalmente a marca.
No ano passado, a Nestlé procurou o Cade para apresentar uma proposta de acordo que possibilitasse dar fim ao processo e à longa disputa judicial.
O conselho entendeu que as soluções apresentadas pela Nestlé endereçam todas as questões concorrenciais decorrentes da fusão, com a venda de ativos, plantas e marcas e homologou o acordo em outubro do ano passado, dando prazo de um ano para a venda.
Na época da fusão, a Nestlé tinha 34% da participação no mercado de chocolate do País - ao comprar a Garoto sua fatia chegaria a 58%, contra 33% da Lacta. Mesmo com a entrada de concorrentes, o mercado continuou sendo dominado pelas três empresas 15 anos depois."

"CONCORRÊNCIA"

"O caso Nestlé/Garoto é um dos mais emblemáticos da história do Cade e influenciou o trabalho da legislação posterior. Em 2002, fusões e aquisições eram analisadas depois de o negócio já ter sido fechado. Isso muitas vezes acontecia anos depois da operação. quando as duas empresas já estavam funcionando conjuntamente.
Em 2012, com a nova lei da concorrência, os negócios passaram a ser analisados previamente. Empresas só podem fundir plantas de produção e administrações após aval definitivo.
Procurada, a Nestlé disse que o processo ainda está em andamento no Cade e corre sob sigilo e, portanto, não poderia comentar o assunto."

(Com Estadão Conteúdo)

Notícia retirada do site VEJA.com, 20 de setembro de 2017 (Acesso: 20/09/017)

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