NACIONAL
"FAMILIARES DE VÍTIMAS DE NAUFRÁGIO NO PARÁ PLANEJAM AÇÃO CONTRA EMPRESA"
Por: Carolina Linhares
"Familiares de nove desaparecidos no naufrágio que ocorreu no Pará em 2 de agosto planejam entrar com ação judicial nesta segunda-feira (4), questionando a empresa Transportes Bertolini Ltda., proprietária do rebocador que afundou após bater em um navio cargueiro no rio Amazonas.
Um mês após o naufrágio, as famílias reclamam de demora para retirar a embarcação do fundo do rio - acredita-se que os corpos dos desaparecidos estejam no rebocador. O veículo foi encontrado por um radar a 63 metros de profundidade, em um ponto a 15 quilômetros de onde ocorreu o acidente."
"Um ato com as famílias está marcado para 8h desta segunda, momento em que a ação será ajuizada, em frente ao fórum de Santarém, onde o caso está sendo investigado e onde fica a sede da Bertolini.
Os desaparecidos faziam parte da tripulação do rebocador. Duas pessoas sobreviveram.
O objetivo da ação é cobrar celeridade no resgate dos corpos. 'Queremos ver se as autoridades conseguem fazer cumprir a retirada da embarcação e também para dar uma resposta concreta aos familiares, tranquilizar a agonia que estamos passando', afirma Gilmar dos Santos Brito, irmão de Juraci dos Santos Brito, um dos desaparecidos."
"A Transportes Bertolini tem até o dia 15 de setembro para apresentar uma empresa e um plano de resgate à Marinha. O prazo para retirar o rebocador é até novembro - o tempo de espera foi considerado longo demais pelos familiares.
'Nós sabemos que, quanto mais demora, pior fica, porque o rio Amazonas vai aterrando, e depois não tem como tirar se estiver preso no fundo', diz Brito.
O Ministério Público Federal e o Corpo de Bombeiros também dizem que há risco de que o resgate fique inviável caso ocorra só daqui a dois meses, quando o barco pode estar soterrado.
Na quinta-feira (31), a partir das 6h30, as famílias protestaram em frente à Bertolini, impedindo a passagem de veículos e funcionários pelos portões. A manifestação durou até o fim da sexta (1º) - os parentes montaram uma tenda e continuaram no local mesmo durante a madrugada."
"O bloqueio só foi desmobilizado por uma ordem judicial, que estabeleceu multa de R$ 5 mil caso os familiares não liberassem os portões.
Segundo a Transportes Bertolini, os parentes estavam realizando 'atos de violência e vandalismo', embora estivessem sendo informados do cronograma para retirada do barco.
O juiz afirmou que a manifestação, 'não obstante ser legítima, está impedindo o livre exercício das atividades da empresa' e determinou o fim do protesto.
No último dia 14, os familiares já haviam organizado uma manifestação em frente à sede do MPF em Santarém."
"COBRANÇA"
"O Ministério Público Federal do Pará e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) cobram maior celeridade da Bertolini na retirada do rebocador.
A empresa enviou informações ao MPF após ser intimidada na semana passada."
"O órgão agora analisa as informações prestadas como a 'rota operada pela embarcação, quais providências emergenciais foram tomadas pela empresa, que apoio está sendo dado às vítimas quanto aos seus familiares, documentação da embarcação e planos de emergência'.
A Polícia Civil e a Marinha também investigam as responsabilidades pelo acidente.
O naufrágio ocorreu na madrugada de 2 de agosto, próximo à cidade de Óbidos (PA).
O rebocador e um comboio de oito balsas bateram num navio cargueiro da Mercosul Santos que seguia para Manaus (AM). As balsas levaram milho e iam de Porto Velho (RO) a Santarém."
"OUTRO NAUFRÁGIO"
"No dia 22 de agosto, outro naufrágio deixou 23 mortos no interior do Pará.
O acidente aconteceu no rio Xingu. O barco deixou o porto improvisado da praça Tiradentes, em Santarém, com destino a cidade de Vitória do Xingu (PA). O naufrágio ocorreu em Vila do Maruá, numa região conhecida como Ponta Grande.
A embarcação fazia o transporte clandestino de passageiros, segundo a Arcon (Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos), autarquia do governo do Pará responsável por regular o transporte intermunicipal."
Notícia retirada do site FOLHA DE S. PAULO, 03 de setembro de 2017 (Acesso: 03/09/2017)
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