DOSSIÊ ANSIEDADE:
DE ONDE ELA VEM. PARA QUE SERVE. E COMO SE LIVRAR DESSE SUFOCO.
- "O MAL DO SÉCULO" -

Você já teve ou tem ansiedade? Certamente sua resposta foi sim. E não dá para não dizer que, a ansiedade virou o tema para muita coisa, desde notícias a matérias de jornais e revistas, está na televisão e no rádio, é assunto de livros e trabalhos nas faculdades, e até mesmo, Best-seller. Se você ainda não está convencido da veracidade desse mal, que pode ser tão benéfico, quando nos ajuda a se proteger de acidentes ou algo perigoso, mas também pode atormentar, com fobias das mais variadas e claro, pensamentos negativos que podem atrapalhar em qualquer momento. Para muitos, confundida com a depressão, por ter muito em comum. A ansiedade ainda é um dilema para muitos que convivem com ela diariamente. Mas já há inúmeros tratamentos para que possa ser amenizada, e seus sintomas, menos nocivos. Por isso, é importante procurar ajuda quando for preciso. Psicólogos, terapeutas e psiquiatras com certeza irão ajudar muito e da forma correta, a enfrentá-la e tratá-la. E é por isso que, à partir de agora, conheça o DOSSIÊ ANSIEDADE: DE ONDE ELA VEM. PARA QUE SERVE. E COMO SE LIVRAR DESSE SUFOCO. - "O MAL DO SÉCULO" -, que reúne preciosas informações e dicas, para levar mais conhecimento a sua vida e assim, te ajudar a enfrentar seus medos e claro, a ansiedade. 

3. COMO TRATAR - TERAPIAS, MEDICAMENTOS, ALIMENTAÇÃO, EXERCÍCIOS, MEDITAÇÃO. CONHEÇA OS TRUQUES PARA DRIBLAR A ANGÚSTIA


"CONVIVA COM SEUS MONSTROS"
"Longe do divã, as psicoterapias contra a ansiedade são focadas em eliminar os sintomas e conseguem realmente transformar regiões cerebrais inteiras"


Por: Tatiana Reckziegel

"No começo da década de 1960, um psiquiatra renomado da Universidade da Pensilvânia fazia uma série de estudos psicanalíticos sobre depressão quando percebeu que um relato se repetia entre os pacientes. A maioria descrevia uma espécie de 'pensamento automático', algo que surgia contra a vontade deles e dominava a mente. Foi assim que Aaron Beck teve um estalo. E se essas pessoas aprendessem a controlar esses pensamentos?
O tratamento desenvolvido pelo médico era diferente de tudo que se fazia nos consultórios. Em vez de escavar o inconsciente como a psicanálise, ele ajudava os pacientes a identificar e avaliar esses pensamentos. Com o tempo, os gatilhos que atiravam esses pensamentos automáticos iam perdendo força. Só que a descoberta foi bem maior que a encomenda. Além da depressão, o tratamento funciona também com transtornos de ansiedade, de personalidade, alcoolismo e outras tantas patologias. Nascia, assim, a terapia cognitivo-comportamental, que rendeu a Beck o Prêmio Lasker, uma espécie de Nobel de Medicina americano.
A TCC é o tratamento mais indicado para combater a ansiedade atualmente. Apesar dos medicamentos ansiolíticos, o primeiro passo quando a ansiedade se inclina a um transtorno é recorrer à psicoterapia. Se o caso for mais grave, aí sim trabalha-se com um combo de TCC e remédios. O problema de colocar tudo na conta dos fármacos é que eles não seriam capazes de tratar a ansiedade ao longo prazo. Assim que o remédio deixa de ser tomado e os princípios ativos saem da sua corrente sanguínea, o efeito já era.
O papel terapêutico é modificar os padrões de pensamentos e comportamentos associados. Ou seja, o paciente tem que desaprender alguns hábitos mentais antigos e automáticos e aprender novas maneiras de lidar com situações que antes geravam grande ansiedade. É preciso trabalhar as crenças centrais de quem, por exemplo, acredita que é fraco, suscetível a doenças ou que vai quebrar com qualquer crise financeira. Por meio de conversas, o paciente passa a ter uma visão mais racional da sua realidade. Isso tudo de forma gradativa, mas bem mais duradoura que qualquer droga, porque muda o pensamento negativo que rege nosso funcionamento. Um estudo publicado no início de 2017 na revista científica Molecular Psychiatry indica que a TCC realmente modifica as partes do cérebro envolvidas em processar e regular as emoções. Os pesquisadores da Universidade de Zurique descobriram que, depois de apenas dez semanas de tratamento, a terapia restabelece o balanço de importantes regiões cerebrais e, de quebra, deixa essas áreas muito mais conectadas entre si."


"Na prática, a terapia de hoje se vale principalmente de uma técnica conhecida como exposição. É tão direta quanto o nome faz soar. A pessoa precisa se expor aos eventos que dispararam a sua ansiedade. Antes de tudo, o terapeuta levanta uma espécie de 'hierarquia de medos'. Vale tanto para fobias específicas, como de barata, quanto para o medo de falar em público, comum nos fóbicos sociais. Para quem detesta os insetos antenudos, a graduação pode começar com o desenho de uma baratinha sorrindo e terminar com muitas baratas escalando o seu corpo.
A ideia é que o paciente vá perdendo pouco a pouco a sensibilidade depois de entrar em contato com a causa de sua ansiedade por diversas vezes. Primeiro ele observa o desenho da barata, até que, na sessão seguinte, toca nele. Depois é uma foto do inseto e vai avançando até que ele consiga ver o animal de verdade sem sofrer com as descargas de adrenalina habituais. 'Nas terapias cognitivo-comportamentais, a odeia é que o paciente também seja o próprio terapeuta. Ele trabalha no consultório, mas pratica fora com uma série de tarefas em casa', diz Ricardo Wainer, doutor em psicologia e especialista em psicoterapias cognitivo-comportamentais.
Nos casos em que a exposição é mais complicada que tocar em uma barata, ela pode acontecer só na mente mesmo. Como um paciente claustrofóbico que se imagina em espaços cada vez menores, até que ele passa a ser capaz de encarar um aparelho de ressonância magnética.
Cada patologia exige uma abordagem distinta. No transtorno obsessivo compulsivo, o tratamento é feito controlando o alívio que a pessoa sente por satisfazer sua compulsão. Alguém com TOC de contaminação encosta em um celular e precisa ficar dez minutos sem lavar a mão. A ansiedade baixa naturalmente e o alívio que o corpo recebe em troca também é menor.
Já na fobia social, o desafio é que a pessoa não evite o contato, em primeiro lugar, com o próprio terapeuta. Enquanto, nos ataques ou no transtorno do pânico, a psicoeducação pode ter um papel mais importante."


"CONHECIMENTO É TERAPÊUTICO"

"E o que é psicoeducação? Imagine se deparar com o seu maior medo. Na mesma hora, você sente taquicardia, boca seca e pupilas dilatadas. Você está pronto para lutar ou fugir, dominado da cabeça aos pés por aquele sentimento. Mas, se aguentar encará-lo por dez minutos, acredite, a resposta fisiológica vai sumir. É da natureza das emoções terem grande intensidade e curta duração. Esse conhecimento se chama psicoeducação e é capaz de mudar a vida de quem sofre com transtornos de ansiedade.
Entender o funcionamento da emoção já ajuda a racionalizar os medos em situações críticas. Que tem transtornos de pânico, por exemplo, sente todos os sintomas do banho de adrenalina no corpo e acredita que vai morrer daquilo. Se ele racionalizar que não funciona assim, que a ansiedade tem que baixar depois de alguns minutos, vai estar munido de conhecimento para contornar melhor uma futura crise.
Combinando psicoeducação com TCC e medicamentos - caso seja necessário -, o tratamento cognitivo-comportamental para os transtornos de ansiedade tem uma duração média de seis meses, variando bastante de caso para caso. Mesmo quem consegue superar todos os sintomas tem que se manter vigilante como um terapeuta de si mesmo. O paciente deve estar o tempo todo identificando quais ansiedades são improdutivas no seu dia a dia e nunca parar de se expor. Afinal, se não for praticado, todo o aprendizado pode ir pelo ralo do nosso cérebro."

"EM ALTA"

"A grande tendência no universo das psicoterapias é prevenir mais e tratar cada vez mais cedo. Uma pesquisa divulgada recentemente pela Universidade de Washington mostra que o cérebro dos recém-nascidos já dá sinais do que pode se transformar em um transtorno de ansiedade ou uma depressão. Certos padrões de conectividade cerebral, que estão presentes desde o nosso nascimento, são intimamente ligados a uma série de psicopatologias.
É claro que genética importa, mas a criação também é fundamental para que uma criança ansiosa desenvolva, de fato, um transtorno. Segundo um estudo de 2016 da Universidade de Cambridge, as mulheres têm duas vezes mais chance de sofrer com transtornos de ansiedade que os homens. Acredita-se que parte seja por razões evolutivas e parte seja responsabilidade também da criação de meninas sob a crença do 'sexo frágil'. Quando os pequenos crescem sendo levados a acreditar que são vulneráveis ou incapazes, é mais provável que se sintam assim para encarar a vida."



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