AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?


Ao longo da série Aviões: O Que As Catástrofes Aéreas Ensinam?, vimos que o avião é o meio de transporte mais seguro, não é mesmo? Contudo, ele não é imune a erros, e como consequência, acidentes com aviões ao longo do mundo. Muitas vezes, esses eventos trágicos são uma resultante de várias erros, eventos e até mesmo, intencionalmente, quando é o resultado de ações terroristas, como o que aconteceu no 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, envolvendo quatro aviões comerciais sequestrados (você pode ver cada matéria clicando no marcador com o nome da série). 
O transporte aéreo é uma estrutura muito sofisticada, com aviões cada vez mais tecnológicos, e por sua vez, mais seguros. Os pilotos, que são treinados. E claro, o controle de tráfego aéreo, que conta com funcionários que acompanhe cada passo do trajeto de um avião, com aparelhos sofisticados, e satélites. Contudo, ainda há uma possibilidade de algo dar errado, mesmo que seja "quase impossível". E nesta matéria, vamos falar sobre as colisões entre 2 ou mais aeronaves, se isso for possível. Essas colisões podem infelizmente, resultar na queda dos aviões envolvidos, como o caso da colisão de um Boeing 757 cargueiro (voo DHL 611), que operava a serviço da operadora DHL, e um Tupolev Tu-154, da Bashkirian Airlines, que levava crianças russas que estavam em férias na cidade de Barcelona. O acidente ocorreu no espaço aéreo que separam as cidades Owingen e Uberlingen, na Alemanha. No dia 1 de julho de 2002, às 21:35 (UTC), as duas aeronaves colidiram-se no ar, com Boeing 757 cortando a fuselagem do Tu-154. Todos os tripulantes, as crianças e passageiros que as acompanhavam, morreram imediatamente após o impacto. Após dois anos, o FBI que investigara o acidente desde então, determinou que a causa da colisão decorreu-se à falhas no sistema de controle de tráfego aéreo e problemas no sistema de anticolisão.


Mesmo com as melhorias feitas após a investigação dos acidentes, não são capazes de impedir que novos episódios semelhantes voltem a acontecer. Como é o caso do acidente que envolveu o Boeing 737 da Gol e o Jatinho Legacy, em solo brasileiro, no dia 29 de setembro de 2006.

COLISÃO INDESEJADA: VIDAS ESCAPANDO PELO AR


Acidente: Choque de aviões, seguido por queda
Local: Peixoto de Azevedo (MT)
Data do acidente: 29 de setembro de 2006
Causa: Colisão devido a erro humano e confusão aérea no Brasil
Companhia: Gol e Excel Air
Aeronaves: Boeing 737 e Legacy
Número de mortos: 154

Era 13:35h quando o Boeing 737, voo 1907 da companhia aérea comercial Gol, decolou do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus (capital do Amazonas). 154 pessoas estavam a bordo. 
Ao atingir 37 mil pés, o comandante Décio Chaves Júnior e seu copiloto Thiago Jordão acionaram o piloto automático do Boeing 737-300. Aparentemente, o voo estava tranquilo, e eles resolveram então relaxar, com conversas, até que o avião chegasse ao destino e aterrissasse, quando deveriam voltar a comandá-lo. Assim ficaram durante as horas seguintes.
Quando era quase cinco horas da tarde, o Boeing começou a sobrevoar uma região de floresta tropical no município de Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso. Os voos ali eram supercontrolados pelo Cindacta-1, o Centro de Controle do Tráfego Aéreo de Brasília. Ainda conversando com o copiloto, mostrando as fotos de sua câmera digital, quando os pilotos sentiram um grande estrondo, com um solavanco que sacudiu fortemente o cockpit e a ponta do avião. Em seguida, várias alarmes começaram a soar fortemente na cabine de comando, e imediatamente todos ficaram apavorados, não sabendo direito o que tinha acontecido. O fato ocorrido, era a colisão do avião comercial com um jato particular Legacy. No impacto, a asa esquerda havia desaparecido, que fora atingida pelo avião menor. O piloto Chaves agarrou-se ao controle do avião após a colisão. Ele planejava fazer um pouso de emergência para vê em solo quais eram os danos. Contudo, a essa altura, o Boeing já estava caindo violentamente.
O Legacy 600, era pilotado pelos pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que vinheram ao Brasil com a missão de buscar a aeronave, recém-adquirida pela ExcelAire, e fabricado pela brasileira Embraer. O plano era transladá-la de São José dos Campos (SP) até Fort Lauderdale, na Flórida (EUA). Contudo, havia uma escala programada para Manaus (AM). Junto com os pilotos, havia mais cinco passageiros, entre executivos da ExcelAire, representantes da Embraer e um jornalista. Antes de decolarem, os pilotos haviam recebido uma carta de voo, com um mapa do trajeto que o jato deveria percorrer, com as mudanças e desvios necessários para evitar o caminho de outras aeronaves. E entre as instruções,  eles deveriam começar a 37 mil pés e descer para 36 mil pés assim que entrasse no espaço aéreo de Brasília. 
Após decolarem, os pilotos americanos acionaram o piloto automático. Com o tempo de folga, começaram a checar os sistemas e controles do Legacy. Eles nunca haviam pilotado aquele modelo de avião.
Após 20 minutos, os americanos entraram em contato com um operador de voo em Brasília - que respondeu-os alertando que o transponder estava desligado. Todavia, a comunicação entre o controlador e os pilotos estava difícil, pois o controlador falava um inglês macarrônico, o que fez com que os pilotos americanos não o entendesse. Após alguns minutos da conversa, o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos - entrou no comando de controle. Ele também falava a língua inglesa com bastante dificuldade, o que só piorou a conversa. E para complicar ainda mais, o sargento Jomarcelo ainda controlava outros dois voos. Quando Paladino entrou em contato novamente com a torre, informando que estavam a 37 mil pés, o operador não respondeu-o. Eram minutos antes da colisão entre as duas aeronaves. Tanto a velocidade do Legacy, quanto do Boeing, eram altas. Como o sistema anticolisão estava desligado no jato particular, os pilotos do Boeing não foram alertados para a aproximação perigosa. Nenhuma das tripulações conseguiram detectar uma à outra. Às 16 horas e 56 minutos, a ponta da asa esquerda do Legacy trincou a do Boeing. Sem entender o que tinha acontecido logo após a colisão Lepore ficou bastante assustado. E decidiu fazer um pouso de emergência, verificando e informando que estava com a ponta da asa esquerda arrancada e sem parte da cauda. Mesmo assim, conseguiu voar até a base aérea de Cachimbos.
Distraídos com revistas e livros, os passageiros não perceberam o impacto logo que ele ocorrera. Eles ainda estavam vivos. Contudo, um pouco depois, o Boeing já estava despencando e girando. A queda durou 63 segundos. Quando chocou-se a floresta, os 154 passageiros, provavelmente desmaiados antes do impacto, já estavam mortos. 
Na investigação, foram encontrados sequências de erros que resultaram no trágico destino do Boeing e de seus ocupantes. Oito operadores de tráfego foram afastados de suas funções. Também houve falha nos equipamentos, que segundo controladores, não tinham sido reparados devido a falta de investimento. Aparentemente fora resolvido o problema. Houve erro também dos pilotos do Legacy, que desligaram o transponder e o TACS do jato, crucial para que a colisão fosse evitada. Nenhum deles foi preso. Os tripulantes continuam pilotando aviões nos EUA. Eles sofreram apenas multas da Federal Administration Aviation. Mesmo condenados em 2011 pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça do Brasil), recorreram em liberdade. 
Mesmo após o acidente, as colisões continuam acontecendo em solo brasileiro. Em 2015, nove anos após a tragédia, dois aviões comerciais, da Azul e da Gol quase colidiram no ar. Ficaram apenas 60 metros de distância entre um e outro. Também houve falha da torre de controle da Bahia, onde quase ocorreu o desastre. Fazendo com que fiquemos preocupados, que o acidente da Gol e do Legacy volte a acontecer no futuro.

Veja imagens dos dois aviões envolvidos no acidente





SUGESTÃO

Sugerimos que você assista ao documentário produzido pela Discovery Channel, que reproduz o acidente. As imagens são do YouTube, e o idioma é o português.


SUGESTÃO DE LEITURA

Você pode ver outras matérias, clique sob o nome da série Aviões: O Que As Catástrofes Aéreas Ensinam?

Para ver a última matéria, clique em SOB AS CASAS: ÚLTIMO VOO DO FOKER-100

Escrito por LILIAN CAPITANIO

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