EDUCAÇÃO


"BRASIL TEM QUASE 25 MILHÕES DE JOVENS DE 14 A 29 ANOS FORA DA ESCOLA"
"IBGE mostra que principais motivos são trabalho e falta de interesse nos estudos"


Por: Paula Ferreira

"RIO - Cerca de 24,8 milhões das pessoas de 14 a 29 anos estão fora da escola no Brasil. O motivo principal para o afastamento das salas de aula foi o trabalho, citado por 41% dos jovens. A segunda causa que evidencia um dos principais desafios da educação brasileira: a atratividade. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19,7% das pessoas não estão no sistema educacional por falta de interesse. As informações fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e são referentes ao ano de 2016."


"Outros motivos foram citados, como a necessidade de cuidar dos afazeres domésticos, mencionada por 12,8% dos entrevistados; e o fato de já terem concluído o nível de estudo que desejavam, apontado por 8%. Uma parcela de 7,8% disse ainda que a falta de dinheiro para continuar os estudos foi um fator determinante. E 2,6% das pessoas ouvidas afirmaram que não havia vaga ou escola perto de onde moravam.
Segundo o IBGE, não é possível comparar o percentual da Pnad Contínua com dados divulgados pela Pnad no ano passado, já que a metodologia das pesquisas são diferentes, o que pode gerar distorções. Esta é a primeira edição da Pnad Contínua para o suplemento de Educação."

"CAUSAS DO AFASTAMENTO DA ESCOLA VARIAM PARA MULHERES"

"As causas de afastamento da escola também variam de acordo com o gênero. Nesse sentido, estereótipos históricos são retratados. Enquanto apenas 0,8% dos homens dizem não estar estudando por causa da necessidade de cuidar dos afazeres domésticos ou de outras pessoas, essa taxa sobe para 26%, em relação às mulheres. Essa, aliás, é a segunda maior causa apontada pelas mulheres para não estarem tocando os estudos. Em relação aos homens, 50,5% citam situações relacionadas ao trabalho como motivação.
A taxa de escolarização, ou seja, o índice de quem está frequentando a escola em relação à toda população daquela faixa etária, diminui a partir do grupo de 6 a 14 anos. Enquanto 99,2% das pessoas dessa idade estão estudando, o percentual cai para 87,2% entre a população de 15 a 17 anos e reduz progressivamente até chegar a 4,2%, entre os que tem 25 anos ou mais."

"META DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO NÃO FOI CUMPRIDA"

"O percentual registrado pela população de 15 a 17 anos indica que, mais uma vez, uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) deixou de ser cumprida. O PNE determinava que, no ano passado, o atendimento escolar deveria ter chegado a todas as pessoas dessa faixa etária, o que não aconteceu.
Uma análise mais específica mostra que o cenário é ainda mais complicado para as faixas etárias mais altas quando observados os percentuais de pessoas que estão na etapa correta do ensino para a sua idade, a chamada 'taxa de frequência escolar líquida'. Nesse sentido, enquanto 96,5% da população de 6 a 14 anos está no ensino fundamental, a porcentagem cai para 68% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio, e 23,8% das pessoas do grupo de 18 a 24 anos no ensino superior.
Embora o ensino médio seja alvo da atenção da grande parte dos políticos e educadores, como um dos principais gargalos da educação brasileira, o problema pode não estar nele. Marina Aguas, analista do IBGE, indica que as respostas pode estar em uma etapa esquecida pelas políticas públicas: o segundo segmento do ensino fundamental.
- Quando analisamos o grupo de 10 a 14 anos que deveria estar no segmento do fundamental, já há um descasamento, onde 84,4% estão idealmente nessa faixa. Assim, os outros 15,6% estão atrasados em etapas anteriores, ou evadiram o sistema de ensino. Em termos de política pública, para evitar a evasão, temos que pensar nisso desde o ensino fundamental. As pessoas vêm caminhando dentro do sistema de ensino, se já há atraso nos anos finais do fundamental, essas pessoas provavelmente vão chegar ao médio atrasadas, a meta vai se tornando cada vez mais difícil - afirma."

Notícia retirada do site O GLOBO, 21 de dezembro de 2017 (Acesso: 21/12/2017)

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