CONHECIMENTO CEREBRAL
CONTEÚDO DESCOMPLICA

Chegamos em mais um ano de preparação para o Vestibular e Enem, e com ele, todas aquelas dúvidas de o que estudar e como estudar, não é mesmo? Pois fique tranquilo. Além de todo conteúdo voltado a esse assunto, como matérias, atualidades, dicas de redação e conteúdo de disciplinas como História, Geografia, Biologia, Português, entre outras, o Conhecimento Cerebral traz a partir de agora, mais uma série para te ajudar a treinar seus conhecimentos e adquirir novos também. Estamos falando do CONHECIMENTO CEREBRAL CONTEÚDO DESCOMPLICA, uma nova série do blog com conteúdos novos, atualizados e fáceis de você entender e aprender. Então agora, é só você ler e estudar,  e claro, sonhar com aquela vaga tão sonhada na faculdade de sua preferência com o curso que você deseja. Bom estudo!




REDAÇÃO
INTRODUÇÃO: FUNÇÕES E ESTRATÉGIAS


Já vimos, na matéria anterior, a necessidade de, buscando criar ideias consistentes que convençam o leitor, apresentarmos uma estrutura dissertativo-argumentativa que divida as informações em introdução, desenvolvimento e conclusão. De certa forma, tudo é muito semelhante ao que você já ouviu ao longo da vida: a introdução "resume", de alguma maneira, as ideias do texto, o desenvolvimento "desembrulha" essas informações e a conclusão retoma tudo e fecha a redação. Porém, veremos aqui, algumas técnicas essenciais na construção desses parágrafos, de alguma forma que aproveitemos cada linha, cada espaço, tentando convencer a banca de correção.

Agora, passaremos pela introdução, o cartão de visitas do nosso texto. Vamos lá?


  • O que é introdução?
A introdução, como você já sabe, introduz a dissertação. Isso significa que, se estamos falando de um texto dissertativo-argumentativo, o primeiro parágrafo deve ser responsável por despertar interesse no leitor, falando sobre a temática e apresentar o que será defendido durante o texto. Se seu papel é convencer, não existe parágrafo melhor para mostrar a sua opinião global e interesse do leitor.

Na sua etimologia, o verbo introduzir deriva de introducere (intro = dentro; duce = levar), que significa levar para dentro. Se o foco do nosso texto é o convencimento de um leitor, já sabemos quem deve ser levado para dentro de um lugar. Despertando o interesse da banca já no primeiro parágrafo, você cumpre a ideia da própria introdução, de "levar o leitor para dentro do texto". Para alcança-la, utilizamos duas funções:

FUNÇÕES E OBJETIVOS

Como acabamos de ver, uma introdução minimamente eficiente deve revelar apenas o necessário para situar o leitor no texto, estimulando-a a prosseguir com a leitura. Para que isso aconteça, o parágrafo deve conter os dois aspectos anteriormente mencionados:

a) A explicitação do tema, ressaltando a relevância da questão em debate. Essa função é sobremaneira importante, uma vez que é a partir dela que o enunciador revela para a banca ter compreendido integralmente a proposta.
b) A sugestão de uma abordagem para o tema, especificando qual o ponto de vista a ser defendido ao longo do texto, ou seja, sua tese.

ELABORANDO UMA TESE

A melhor maneira de cumprir a segunda função, de direcionamento, é elaborar uma linha de raciocínio. Para isso, podemos construir uma frase-tese. A tese é responsável por apresentar a opinião global do texto. Isso, de certa forma, já justifica sua presença na introdução, que deve levar o leitor para dentro da redação. Se pudéssemos reduzir o texto a um único período, sobraria a sua essência, a sua ideia principal. Essa ideia é a tese.

Observe o parágrafo, sobre a redução da maioridade penal no Brasil:

Impunidade. Esse é o sentimento que leva grande parte dos brasileiros a defender a redução da maioridade penal para 16 anos. O estado de violência no qual estamos inseridos, somado à frequente associação de menores aos atos de violência expostos pela mídia, gera um desejo de vingança, que se consuma com a prisão desses transgressores das regras morais que regem a sociedade. Entretanto, estudiosos e entidades internacionais condenam essa proposta, alegando que não reduz a criminalidade. Para compreender - e superar - essa discussão, é importante analisar os fatores políticos, econômicos e sociais que sustentam a problemática no Brasil.

Note que não há um posicionamento bem defendido. O texto apenas diz que, durante o desenvolvimento, analisaremos diversos fatores a fim de alcançarmos uma conclusão. Essa é a apresentação perigosa, uma vez que, na introdução, não tem direcionamento, linha de raciocínio. Observe, agora, o mesmo parágrafo, com uma tese bem elaborada:

Impunidade. Esse é o sentimento que leva grande parte dos brasileiros a defender a redução da maioridade penal para 16 anos. O estado de violência no qual estamos inseridos, somado à frequente associação de menores aos atos de violência expostos pela mídia, gera um desejo de vingança, que se consuma com a prisão desses transgressores das regras morais que regem a sociedade. Entretanto, estudiosos e entidades internacionais condenam essa proposta, alegando que não reduz a criminalidade. Devemos, então, analisar os dois extremos para resolver esse impasse e encontrar a melhor forma de mostrar que diminuir a maioridade não é o caminho mais interessante.

Perceba que, nesse outro exemplo, já há um posicionamento: o autor defenderá a manutenção da idade penal. Dessa forma, fica mais fácil convencer o leitor, que, desde a introdução, já sabe o que será defendido pelo autor do texto.

TESE ANALÍTICA OU ORGANIZADORA

Nesse modelo, apresentaremos, separadamente, os argumentos que serão desenvolvidos ao longo do texto. Se seu texto tem 3 parágrafos de desenvolvimento, sua tese precisa ter três partes. Se seu texto tem 2 parágrafos de desenvolvimento, sua tese precisa ter duas partes. Isso significa que cada informação apresentada na tese precisa aparecer com o desenrolar do texto. Veja:

Certa vez, Paulo Freire, importante educador e filósofo brasileiro, destacou a necessidade de a leitura ser um ato de amor. Em outra ocasião, Jorge Luis Borges, poeta argentino, apontou o ato de ler como uma forma de felicidade. De fato, durante séculos, tal atividade foi fonte de conhecimento e desenvolvimento da sociedade, trazendo importantes ensinamentos a quem a tinha como um hábito. Entretanto, nos dias de hoje, tal avidez tem perdido seu espaço no meio social, vítima de uma falta de incentivo por parte dos setores responsáveis por criá-lo (1) e do próprio mercado, que desestimula o hábito crucial na vida da população (2).

Note que há um posicionamento global no texto: o hábito da leitura perdeu seu espaço nos dias de hoje. Para fundamentar essa ideia, o autor apresenta, então, dois argumentos, em duas camadas da sociedade que, de alguma forma, têm responsabilidade na criação desse hábito: a escola (1) e o mercado (2). No desenvolvimento, cada um desses argumentos será "desembrulhado", em busca de um convencimento já citado algumas vezes.

TESE SINTÉTICA OU SUGESTIVA

Temos, aqui, um modelo de tese um pouco mais elaborado, mas que precisa de um bom planejamento de texto, de forma que o desenvolvimento dê conta dos argumentos apresentados. A tese com sugestão dos pontos de vista aparece quando, por meio de uma palavra ou expressão-chave, o autor sugere o seu posicionamento. Veja um exemplo já apresentado, sobre a redução da maioridade penal no Brasil.

Impunidade. Esse é o sentimento que leva grande parte dos brasileiros a defender a redução da maioridade penal para 16 anos. O estado de violência no qual estamos inseridos, somado à frequente associação de menores aos atos de violência expostos pela mídia, gera um desejo de vingança, que se consuma com a prisão desses transgressores das regras morais que regem a sociedade. Entretanto, estudiosos e entidades internacionais condenam essa proposta, alegando que não reduz a criminalidade. Nesse sentido, convém analisar dados que deixem de lado a emoção e levem em consideração a razão, necessário em uma decisão importante como essa.

É fácil perceber um posicionamento contrário à redução da maioridade penal. Porém, diferentemente do parágrafo anterior, o que foi apresentado agora não divide a tese em argumentos bem organizados. Ele deixa, apenas, o ponto de vista sugerido.

Podemos, também, sugerir um direcionamento por meio de uma pergunta retórica. Veja o parágrafo, sobre a livre manifestação de ideias e seus limites hoje.

A eleição presidencial de 1989 ficou marcada pelo fervoroso embate entre os candidatos Brizola e Maluf. As ofensas herdadas do período ditatorial permaneceram ao longo de todos os encontros e chegaram à boca do povo. 25 anos depois, nada foi diferente: os debates presidenciais mostraram o quanto as palavras podem definir posições, e, desta vez, não chegaram só à boca do povo, mas também os dedos, às redes sociais. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e local, é válido refletir: há mesmo limites na liberdade de expressão no mundo de hoje?

Note que há uma palavra que torna possível a sugestão do ponto de vista: mesmo. Se não houvesse o mesmo, a perguntada apresentada no fim do parágrafo seria apenas uma questão sem resposta, não configurando uma tese. A palavra colocada faz toda a diferença: mostra que, para o autor, não há limites, hoje, na liberdade de expressão.

ESTRATÉGIAS DE CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA

Embora tendam ao infinito, há alguns modelos bem interessantes de contextualização do tema. De fato, quando o aluno pergunta "qual a melhor estratégia para falar desse tema", milhares de ideias podem vir à cabeça, mas, na falta de algo mais concreto, vamos apresentar algumas que podem ajudar.

1 - Apresentação literal ou tradicional do tema

Tema: Os efeitos do Marco Civil da Internet na liberdade de expressão e privacidade dos brasileiros.

Em 2014, foi aprovado o Marco Civil da Internet,  lei que atua sobre as principais problemáticas existentes na rede, buscando uma navegação segura e produtiva por parte dos cidadãos. Dentre os objetivos da lei, a garantia de liberdade de expressão e de privacidade são os principais pontos. Entretanto, em uma sociedade de perda dos limites da livre manifestação de ideias e de crimes virtuais, é crucial perceber que tais resoluções propostas pelo Marco podem trazer consequências negativas para a internet e seus usuários, como o agravamento de tais problemas já existentes na contemporaneidade.

2 - Apresentação histórica do tema

Tema: Os limites da liberdade de expressão no mundo de hoje.

A eleição presidencial de 1989 ficou marcada pelo fervoroso embate entre candidatos Brizola e Maluf. As ofensas herdadas do período ditatorial permaneceram ao longo de todos os encontros e chegaram à boca do povo. 25 anos depois, nada foi diferente: os debates presidenciais mostraram o quanto as palavras podem definir posições, e, desta vez, não chegaram só à boca do povo, mas também os dedos, às redes sociais. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e local, é válido refletir: há mesmo limites na liberdade de expressão no mundo de hoje?

3 - Apresentação cultural

Tema: O hábito da leitura 

Certa vez, Paulo Freire, importante educador e filósofo brasileiro, destacou a necessidade de a leitura ser um ato de amor. Em outra ocasião, Jorge Luis Borges, poeta argentino, apontou o ato de ler como uma forma de felicidade. De fato, durante séculos, tal atividade foi fonte de conhecimento e desenvolvimento da sociedade, trazendo importantes importantes ensinamentos a quem a tinha como um hábito. Entretanto, nos dias de hoje, tal avidez tem perdido seu espaço no meio social, vítima de uma falta de incentivo por parte dos setores responsáveis por criá-lo e do próprio mercado, que desestimula um hábito crucial na vida da população.

4 - Apresentação jornalística 

Tema: A questão dos refugiados no mundo de hoje

Uma imagem, recentemente, tomou conta da mídia do mundo inteiro: a de uma criança síria encontrada morta numa praia turca, como resultado de uma tentativa de sua família de fugir do país de origem, em conflito. Essa cena chocante representa uma situação trágica enfrentada por muitas pessoas que tentam fugir dos infernos na terra que seus países se tornaram por conta de guerras, ditaduras, embates religiosos. No entanto, se por um lado algumas nações se mostram dispostas a ajudar a resolver esse problema, outras, se esquivam da responsabilidade, causando um grande desequilíbrio.

5 - Apresentação por conceituação

Tema: A importância da família

Em sua etimologia, educar significa elevar, conduzir a um patamar superior. No contexto contemporâneo, a condução do indivíduo a um plano mais elevado depende de diversos elementos, seja a escola, seja o meio social, a índole de cada um. No entanto, tudo indica que um fator é mais essencial que todos os outros: a presença da família.

Dica: Uso da interdisciplinaridade

Em uma redação de vestibular que pede dos alunos certa informatividade e capacidade de conectar os diversos conhecimentos adquiridos ao longo do Ensino Médio, é fundamental o uso da interdisciplinaridade. Por isso, aproveite a sua filosofia, a sua Sociologia, a História, Geografia, Química, Física, Biologia, Matemática e até o Português e faça boas conexões! Veja um exemplo interessante, no qual unimos redação e Literatura:

Na obra literária "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, é perceptível o contínuo anseio pela sobrevivência humana, a fim de obter um direito universal inquestionável: a água. A escassez desse bem hídrico tornou-se um problema atemporal e aflige a sociedade contemporânea à medida que sua demanda e consumo aumentam. Assim, torna-se imprescindível alterar esse uso desregulado e combater a desigualdade na obtenção de tal recurso.

FÓRMULAS DESGASTADAS

Já foi dito uma "pitada" de originalidade é sempre bem-vinda em qualquer redação, conferindo uma espécie de bônus (em termos de nota) ao enunciador. Do mesmo modo, evitar construções previsíveis, se não permite ganhos, ao menos evita perdas. Por isso, procure ao máximo evitar construções com formato clichê, como "Desde a Antiguidade, o homem (...)" ou "a humanidade, desde os primórdios, (...)". Esse tipo de alusão, além de desgastada, não revela qualquer tipo de base cultural do aluno, já que as referências são extremamente genéricas ou inexatas.

CONHECIMENTO CEREBRAL CONTEÚDO DESCOMPLICA foi retirado do material do curso DESCOMPLICA EXTENSIVO ENEM (Professor: Eduardo Valladares/ Rafael Cunha Monitora: Maria Carolina Coelho), págs. 2, 3, 4 e 5. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente ao DESCOMPLICA.

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