CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA MUNDO ANIMAL!


"É O FIM DA PICADA"
"Os casos de lesões provocadas por escorpião foi recorde no Brasil em 2018, sobretudo nas cidades. O combate ao animal é difícil, mas não é impossível"


Por: Giulia Vidale

"O BRASIL REGISTROU no ano passado 141 000 picadas de escorpião. A maioria delas ocorreram nas zonas urbanas. O número representa um aumento de 13% em relação a 2017. Quando se compara a atual quantidade de casos com a de uma década atrás, o salto é de espantosos 169%. O alerta fez com que o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, de São Paulo, firmassem uma parceria para orientar profissionais de saúde pública e prefeituras do país sobre como evitar a proliferação do aracnídeo. O aumento no número de picadas é resultado de uma velha combinação de fatores: expansão desordenada da população das grandes cidades, acúmulo de lixo, entulhos e saneamento básico precário. Diz Benedito Barraviera, coordenador do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu: "O escorpião é um dos animais que mais se adaptam aos centros urbanos porque ele se alimenta e se esconde facilmente nos esgotos". A seguir, as principais dúvidas sobre o tema."


"Como saber se o escorpião é perigoso? Das 160 espécies de escorpião encontradas no Brasil, apenas dez causam envenenamento grave em seres humanos. E justamente os mais comuns estão nesse pequeno grupo perigoso. São animais de cerca de 7 centímetros de comprimento. O Tityus serrulatus, conhecido como escorpião-amarelo, é o mais venenoso e prevalente de todos. Ele é encontrado em especial nas áreas urbanas do Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste. O Tityus bahiensis, ou escorpião-marrom, tem coloração marrom-avermelhada e é mais comum nas regiões rurais do Sul e Sudeste. O Tityus stigmurus, ou escorpião-do-nordeste, tem o corpo amarelado e uma faixa escura e longitudinal nas costas. Está presente nas regiões urbanas e rurais do Nordeste. Por último, o Tityus obscurus, ou escorpião-preto-da-amazônia, todo preto, é o único restrito a áreas de florestas. Só é encontrado na Região Norte e em Mato Grosso."



"Como reconhecer a picada de um escorpião? Ela causa dor local, intensa e imediata. A sensação é de queimação, afilhada e latejamento. Algumas vezes a dor pode irradiar para todo o membro afetado. As picadas são mais comuns nas mãos e nos pés."

"O que fazer na eventualidade de uma picada? A recomendação médica é limpar o local com água e sabão e procurar um hospital rapidamente. Nunca faça torniquete (isso altera a circulação do veneno no corpo). Compressas com gelo ou com água gelada também não são indicadas porque costumam acentuar a sensação dolorosa. O ideal é tirar uma foto do animal ou, se possível, capturá-lo e levá-lo para que os médicos saibam como proceder, a depender do tipo."

"Qual é o tratamento? Na maioria dos casos, os sintomas se limitam a dor intensa. O tratamento consiste na aplicação de analgésicos injetáveis para aplacar a dor. Se o escorpião é peçonhento, o paciente têm vômitos, suor forte e queda de pressão drástica. Esses sinais costumam aparecer nas primeiras duas horas depois da picada. Afora o surgimento desses sintomas, é muito difícil saber se o escorpião é perigoso sem uma foto do animal para ser apresentada no hospital. De qualquer maneira, o paciente permanece internado, em observação, por cerca de doze horas. Nos casos moderados e graves, aplica-se soro e antiescorpiônico de forma endovenosa."



"A picada do escorpião pode matar? O risco de morte é de 0,07%. É baixo, mas a vítima necessita buscar ajuda o mais rápido possível, nas primeiras três horas - a picada pode causar uma série de sintomas graves. Em cerca de 10% dos casos, o veneno pode afetar seriamente o sistema nervoso central, provocando arritmias, oscilação drástica da pressão, suor constante e abundante, diarreias fortes, acúmulo de fluidos dos pulmões e confusão mental. Devidamente tratados, esses sintomas tendem a desaparecer. As reações são ainda mais agressivas nas crianças de até 10 anos (elas têm menos sangue circulando para diluir as toxinas do animal) e em idosos, por causa do sistema imunológico mais debilitado. Nesses casos, o paciente costuma receber soro como primeira conduta médica, para não haver nenhum risco, independentemente da gravidade da picada.

É mais comum o escorpião viver no campo ou nas cidades? O habitat do animal é o mato e a região de florestas. Entretanto, a redução dessas áreas e a forte adaptação dos escorpiões às cidades fizeram com que a maioria dos acidentes nos últimos anos ocorresse nos centros urbanos.

Onde os escorpiões costumam ficar nas cidades? Eles são animais noturnos e, durante o dia, procuram lugares escuros e úmidos para se proteger. Picam tanto de dia quanto de noite. A diferença é que à noite eles circulam para se alimentar de insetos e de dia ficam escondidos. Os locais prediletos nas ruas são: pilhas de entulho, lixões e esgoto. Dentro de casa eles se escondem em ralos de cozinha, sapatos, armários, gavetas, toalhas e lençóis enrolados, frestas e vãos nas paredes, rodapés, assoalhos soltos, forros de madeira, batentes de portas e de janelas, caixas e pontos de energia, sistema de refrigeração de ar, vigas e telhados."



"O que fazer ao encontrar um escorpião em casa? Ele não salta nem procura o alvo de picar, e só ataca quando alguém esbarra nele. Prenda o animal em um pote de vidro com tampa ou mate-o. Se possível, avise a Vigilância Sanitária - para que os agentes de saúde possam tanto identificar o tipo de escorpião quando rastrear uma possível infestação. O escorpião-amarelo, o mais incidente nas áreas urbanas, tem uma característica especial. É sempre uma fêmea. Os óvulos se dividem sem a fecundação com os espermatozóides. Há, portanto, maior proliferação do mosquito. A fêmea se reproduz de dias a três vezes por ano e pode gerar até trinta embriões por vez. Em duas semanas os animais se tornam independente e passam a circular. Ou seja, o risco de infestação é sempre alto.

Como evitar a entrada de um escorpião em casa? Mantenha terrenos baldios, o quintal e a casa sempre limpos, a grama baixa, e evite acúmulo de lixo. Coloque tela nos ralos, pias, portas e janelas e protetores nas portas. Bata os sapatos antes calcá-los, evite a presença de baratas e outros insetos em casa, vede frestas e limpe regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros e cantos."


Fontes: Ministério da Saúde,  Benedito Benaviera, professor de infectologia e coordenador do Centro de Estudos de Venenos de Animais Peçonhentos da Unesp, em Botucatu, e Fan Hui Wen, diretora do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Instituto Butantan.

A matéria acima foi retirada da revista VEJA- Edição 2620 - Ano 52 - n° 6. 6 de fevereiro de 2019. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e à Editora Abril.


SUGESTÃO

Abaixo, vídeo que mostra a proliferação e ataques frequentes de escorpiões em São Paulo, que reflete em muito, outros centros urbanos. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.


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