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VITÓRIA SOBRE O EBOLA
Cerca de dois anos após as primeiras contaminações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na quinta-feira (14) o fim da pior epidemia de ebola da história, que atingiu sobretudo países da África Ocidental e espalhou pânico em todo o mundo.
Segundo a agência da ONU, ainda que novos casos possam surgir nos próximos meses, todas as cadeias de transmissão da doença foram interrompidas na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria - de longe os locais mais afetados.
Ao todo, o vírus contaminou cerca de 28 mil pessoas e matou mais de 11.300. Além disso, os três países mais atingidos tiveram suas economias abaladas pelos efeitos da epidemia, com consequências que talvez perdurem por vários anos.
A despeito do saldo devastador, há muito que celebrar com o fim da marcha de destruição causada pelo ebola. Há também muito que fazer de agora em diante.
A começar pela assistência aos sobreviventes. Após superarem a doença, parte deles apresenta sequelas, como problemas de visão e de audição, além de depressão e outros distúrbios psiquiátricos.
Ademais, a vigilância epidemiológica não pode ser interrompida. Existem evidências de que o vírus sobrevive nos pacientes recuperados, tornando-se ativo quando o sistema imunológico se enfraquece. Agora se sabe também que o patógeno pode permanecer no sêmen masculino por até um ano.
Junto com pesquisas sobre efeitos de longo prazo, é crucial a busca por tratamentos e vacinas. Mas, acima de tudo, deve-se impedir que tragédia semelhante se repita.
Para isso são necessárias mudanças nas políticas da OMS com relação a epidemias. Depõe contra o órgão a demora em reconhecer a gravidade da situação na África.
Em março de 2014, a OMS Médicos Sem Fronteiras alertou que a doença estava fora de controle; a OMS, contudo, só declarou situação de emergência em agosto.
Apesar dos problemas, a vitória sobre o vírus é um bom exemplo do que pode ser feito quando organizações internacionais se unem para enfrentar uma grande emergência. O triste saldo final, porém, serve como aviso de que é preciso estar mais bem preparado na próxima vez.
EDITORIAL retirado do jornal FOLHA DE S. PAULO, 18 de janeiro de 2016
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