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"A BATALHA POR ALEPO"
"O cerco das forças do ditador Bashar Assad, com a ajuda da Força Aérea russa, à maior cidade síria pode definir o destino da guerra - à custa de mais civis mortos"


Por: Nathalia Watkins

"A situação atual na Síria confirma a máxima segundo a qual, no Oriente Médio, até a estabilidade produz instabilidade. A guerra civil que em cinco anos matou 470 000 pessoas, de acordo com um levantamento recente do Centro Sírio para Pesquisa Política, está pendendo a favor das forças governistas, depois de sucessivos avanços dos muitos grupos rebeldes e jihadistas. Apoiado por bombardeios russos e milícias terrestres ligadas ao Irã, entre elas o grupo libanês Hezbollah, o Exército do ditador Bashar Assad cortou uma das duas rotas seguras que ligavam. Alepo, no norte do país, à Turquia. Os 300 000 sírios que vivem em áreas controladas por rebeldes na cidade podem enfrentar agora o mesmo suplício que os moradores de Madaya, que desde outubro estão morrendo de fome por causa do cerco feito pelas tropas de Assad.
Alepo, a maior cidade síria, funciona como um centro logístico dos grupos rebeldes. Por ali chegam armas, dinheiro e recrutas. 'Em quatro meses, a Rússia fez a diferença na guerra. Bastou ter um objetivo claro e ignorar preocupações com a vida dos civis', diz o cientista político Samer Abboud, da Universidade Arcadia, na Pensilvânia. A estratégia de Moscou é eliminar as diferentes facções rebeldes para apresentar ao mundo apenas duas opções: aceitar Assad ou o Estado Islâmico. Na semana passada, Rússia e Estados Unidos anunciaram uma trégua em busca de um acordo permanente, mas o acordo não garante o fim dos bombardeios russos. Antes da guerra, o patrimônio histórico e cultural de Alepo atraía turistas do mundo inteiro. A mistura de influências otomanas, armênias, judaicas e francesas levou celebridades como o estilista Christian Louboutin a comprar um pequeno palácio do século XI na cidade, uma das mais antigas habitadas continuamente no mundo. Alepo, hoje, está em ruínas."


A matéria acima foi retirada da revista VEJA -  edição: 2 465 - Ano 49 - nº 7, pág. 50. 17 de fevereiro de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e a Editora Abril.


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