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A HUMANIDADE SOB OS ESCOMBROS
A reconquista da cidade de Aleppo fortalece o regime do ditador Bashar al-Assad em uma Síria arrasada após seis anos de conflitos e mais de 400 mil mortos
A retomada da cidade de Aleppo, no final de 2016, foi a mais ditador da Síria, Bashar al-Assad, desde a eclosão da guerra no país, em março de 2011. Localizada no norte do país, a cerca de 60 quilômetros da fronteira com a Turquia, Aleppo é a cidade mais populosa da Síria e a segunda mais importante do país, depois da capital, Damasco. Devido a sua importância estratégica nesse conflito, a metrópole foi palco de uma brutal disputa entre as forças do regime e os insurgentes, que deixou mais de 100 mil mortos e uma cidade em ruínas.
O confronto em Aleppo concentrou-se no setor oriental da cidade, que no início da guerra havia sido tomado pelas forças de oposição ao regime - o lado ocidental permaneceu sob controle de Assad. A fim de unificar a cidade, o governo sírio lançou no segundo semestre de 2016 uma robusta operação militar apoiada por seus maiores aliados no conflito, os governos da Rússia e do Irã e a milícia libanesa Hezbollah. Enquanto aeronaves russas bombardeavam redutos da oposição, fazendo milhares de vítimas entre a população, tropas do Exército sírio, militares da Guarda Revolucionária do Irã e combatentes do Hezbollah avançaram por terra. Após alguns meses de cerco, as forças pró-Assad invadiram o enclave rebelde e em poucas semanas expulsaram os inimigos.
A reconquista de Aleppo foi vital para o governo porque era lá que os combatentes da oposição pretendiam instalar a capital de uma Síria anti-Assad, caso a tivessem capturado. Além disso, Aleppo era um dos últimos grandes centros ainda sob influência das forças opositoras. Com sua retomada, o regime de Assad passou a controlar a chamada "Síria útil", um amplo território no oeste do país que se inicia em Daara, na fronteira sul com a Jordânia, passa por Damasco e abrange a maior parte do trecho até Aleppo, incluindo as importantes cidades Homs e Hama, além da costa do Mar Mediterrâneo. Esse território abriga os maiores centros populacionais do país.
Até março deste ano, ainda permaneciam conflagradas as regiões de Raqqa, no norte do país, e de Idlib, a sudoeste de Aleppo, para onde muitos rebeldes fugiram depois que o lado oriental da cidade foi retomado. O governo também não detinha o controle sobre o extenso deserto que se estende até o Iraque e sobre a região da fronteira nordeste com a Turquia, dominada por combatentes turcos - povo sem pátria que habita territórios na Síria e em países vizinhos. Essas áreas, no entanto, não são vitais para o controle e o funcionamento do país. A reconquista de Aleppo e o domínio da "Síria útil" acabou mudando o pêndulo da guerra a favor de Assad e lhe deu forças para continuar.
Poucos dias após a captura da cidade, o governo sírio e parte dos grupos rebeldes fecharam um acordo de cessar-fogo. O entendimento não incluiu duas outras forças enredadas no conflito, os jihadistas do Estado Islâmico (EI) e da Frente da Conquista do Levante (antiga Frente al-Nusra), o braço da rede terrorista Al Qaeda na Síria, que continuam em guerra contra o regime de Assad. O cessar-fogo permitiu a chegada de ajuda humanitária e a retirada de civis das áreas mais afetadas. Mas a trégua permanece frágil e é constantemente violada.
DA PRIMAVERA À GUERRA
A reconquista de Aleppo é o mais recente episódio de uma sangrenta guerra que adentra em seu sexto ano sem perspectivas de uma paz duradoura. Ao longo do conflito, mais de 400 mil pessoas já perderam a vida e cerca de 5 milhões tiveram de abandonar o país, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), que classificou a guerra como a maior crise humanitária do século XXI.
O conflito começou como um levante pacífico contra o presidente Bashar al-Assad. Em março de 2011, um grupo de adolescentes foi preso pela polícia por fazer pichações com críticas ao governo no muro de uma escola em Daara. O episódio estimulou centenas de pessoas a sair às ruas para reivindicar mais liberdade, em uma ação inspirada pelo movimento que passaria a ser conhecido como Primavera Árabe - a onda de protestos populares que atingiu vários países do Oriente Médio e do norte da África no início daquele ano, provocando a queda de ditadores na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen.
Na Síria, o alvo dos protestos era o regime da família Assad, que governa o país com mão de ferro desde que o general Hafez al-Assad assumira o poder através de um golpe em 1970. No entanto, desde a década de 1960, a Síria encontra-se sob estado de emergência, o que significa que as garantias constitucionais que protegem a população estão suspensas. Com a ascensão Bashar al-Assad em julho de 2000, após a morte do pai, o cenário não mudou muito. A precária situação dos direitos humanos, a corrupção governamental e o elevado desemprego somaram-se a esse caldo de insatisfação.
As primeiras manifestações populares foram duramente reprimidas pelo aparato de segurança do regime, que, em várias ocasiões, não hesitou em abrir fogo contra a multidão. Dezenas de manifestantes morreram nos protestos. A partir daí, foi uma bola de neve: centenas de milhares de pessoas protestaram em todo o país exigindo a saída de Assad. Mais uma vez, o governo sufocou as divergências com violência. Civis oposicionistas e soldados desertores se organizaram em diversos grupos armados com o objetivo de se defender. Em pouco tempo, as brigadas rebeldes passaram a lutar contra as forças de segurança pelo domínio de seus territórios. Tinha início, assim, a guerra civil que engoliu o país e, em pouco tempo, iria desestabilizar o Oriente Médio, com reflexos em todo o planeta.
AS FORÇAS INTERNAS NO CONFLITO
No início, Damasco e Aleppo não registraram protestos contra o regime - pelo contrário, essas cidades foram palco de manifestações de apoio ao governo. Em 2012, no entanto, as duas metrópoles passaram a ser alvo de investidas dos insurgentes. Quando isso ocorreu, a guerra já havia mudado de perfil. Não se tratava mais de um confronto entre apoiadores de Assad e oposicionistas. A disputa adquiriu contornos sectários, opondo muçulmanos sunitas (maioria da população síria) a alauítas, ramo do islamismo xiita ao qual pertence Assad. O caráter religioso do confronto arrastou potências regionais para ele, dando-lhe uma nova dimensão. A disputa rapidamente ganhou escala e adquiriu a feição complexa atual. Confira a seguir as principais forças participantes do conflito.
GOVERNO SÍRIO De um lado está o regime sírio, liderado pelo ditador Bashar al-Assad, que luta para se manter no poder. Desde 1970, quando seu pai deu um golpe de Estado, a família Assad comanda no país um regime brutal de partido único, o Baath. Apesar de serem alauítas, os Assad mantinham um regime laico, que separava religião do Estado. Embora não apoiem o ditador, cristãos, xiitas e até parte da elite sunita preferem ver Assad no poder diante da possibilidade de ter um país tomado pelos jihadistas do Estado Islâmico ou da Frente da Conquista do Levante.
GRUPOS REBELDES Os sunitas foram uma das primeiras forças a se alinhar contra o regime. Eles se dividem em dezenas de grupos, com agendas distintas, mas com um objetivo em comum: depor Assad e ocupar o poder. Entre os chamados "rebeldes moderados", que recebem esse nome por não serem adeptos do radicalismo islâmico, a maior expressão é o Exército Livre da Síria (ELS).
EXTREMISTAS ISLÂMICOS Além dos "rebeldes moderados", jihadistas fragmentados em várias facções também querem derrubar Assad. Uma das organizações que mais avançaram nos primeiros anos do conflito foi a Frente da Conquista do Levante. Posteriormente, a partir de 2013, o grupo terrorista EI aproveitou-se do vácuo de poder e da situação de caos criados pela guerra civil e avançou de forma brutal. Vindo do Iraque, o EI ocupou metade do território sírio, onde ainda controla a importante cidade de Raqqa (veja o infográfico acima). Além de combater as tropas do regime de Assad, os extremistas islâmicos também se opõem aos 'rebeldes moderados".
CURDOS A quarta força envolvida nos conflitos são os curdos, um povo apátrida espalhado pela Síria, Turquia, Iraque, Irã, Armênia e Azerbaijão. Com uma população estimada em cerca de 30 milhões de pessoas, eles reivindicam a criação de um Estado próprio, o Curdistão. Desde o início do conflito na Síria, a Unidade de Defesa Popular (YPG), uma milícia formada para defender as regiões habitadas pelos curdos no norte do país, fortaleceu-se e hoje controla uma grande faixa territorial na fronteira turca. Para o regime de Assad, a YPG tornou-se um ator bastante útil, porque a milícia é uma das principais forças de resistência tanto contra os extremistas do EI como os "rebeldes moderados" do ELS.
A FRENTE ANTI-ASSAD
Além das forças internas envolvidas no conflito, a Guerra da Síria se transformou em um intrincado tabuleiro geopolítico, a partir do envolvimento de outras nações. Mas nem sempre é claro perceber qual é o interesse de cada uma das potências envolvidas.
Os EUA e as potências europeias, por exemplo, se posicionam contra Assad, mas temem que uma intervenção militar direta possa causar o mesmo efeito produzido na invasão ao Iraque em 2003: uma rebelião de diversos grupos contra a ocupação das tropas norte-americanas. Por isso, a prioridade dos EUA é derrotar os terroristas do EI. Com esse objetivo lançaram uma ofensiva aérea para bombardear as bases da organização em 2014 e também armam os insurgentes "moderados", como o ELS.
Para as potências do Ocidente, o pior cenário seria a tomada de Damasco pelos jihadistas do EI ou da Frente da Conquista do Levante. A mudança na presidência dos EUA pode trazer consequências diretas para o conflito. O republicano Donald Trump já ameaçou interromper a ajuda militar aos rebeldes que lutam contra Assad. Ele deixou claro que seu principal objetivo é destruir o EI.
Já a Turquia, do presidente Recep Tayip Erdogan, que antes do conflito era aliado de Assad, agora trabalha pela queda do ditador. O regime turco apoia tanto os rebeldes sunitas moderados como os mais radicais, ligados à Al Qaeda. No início da guerra, até facilitou a entrada de extremistas islâmicos na Síria para combater as forças de Assad. Hoje, a principal preocupação de Erdogan é o avanço do EI, que tem perpetrado nos últimos meses seguidos atentados terroristas em cidades turcas. Além disso, a consolidação do poder do YPG no norte da Síria pode fortalecer as posições curdas na própria Turquia, onde o Partido dos Trabalhadores do Curdistão também reivindica autonomia.
No caso da Arábia Saudita, nação muçulmana de maioria sunita, há uma forte oposição ao regime sírio. O motivo é simples: Assad é apoiado pelo Irã, rival histórico dos sauditas na região. Os dois países alimentam divergências no que se refere à disputa pelo poder regional e à religião muçulmana. Enquanto a Arábia Saudita, um histórico aliado dos EUA, é o maior centro do islamismo sunita, e seu regime apoia-se numa forma de fundamentalismo (o wahabismo) considerado inspirador de grupos terroristas como Al Qaeda e EI, o Irã é uma república islâmica também aferrada a fortes tradições conservadoras, mas no âmbito dos xiitas. Os sauditas temem que a permanência de Assad no poder fortaleça a influência do Irã na Síria e no Líbano.
SAIU NA IMPRENSA
MENINO É RESGATADO SOB ESCOMBROS DE PRÉDIO APÓS BOMBARDEIO NA SÍRIA
Um menino de 5 anos foi resgatado com vida na quarta-feira (17) sob os escombros de um edifício alvo de um bombardeio aéreo em Aleppo, no norte da Síria. Pelo menos 33 civis e 19 rebeldes morreram nos ataques, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
A imagem que mostra Omran Daqneesh, de shorts, sujo de sangue e completamente coberto de poeira foi muito compartilhada e causou comoção nas redes sociais. Em estado de choque, o menino aguarda atendimento em uma ambulância (...)
No vídeo divulgado pelos ativistas, a criança passa pelos braços de vários socorristas sem chorar ou falar nada. Sentado em uma cadeira laranja, ele coloca a mão no rosto machucado e com sangue. (...)
Aleppo vive uma catástrofe humana sem precedentes, segundo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. (...)
G1, 18/8/2016
OS ALIADOS DE ASSAD
Entre os países do Oriente Médio, o Irã é o principal aliado de Assad, juntamente com a milícia libanesa Hezbollah - não por coincidência financiada pelo regime de Teerã. Juntos, eles formam uma aliança política que reúne países e organizações cujos líderes são adeptos do xiismo e se opõem historicamente aos EUA e a Israel. Ao Irã também interessa ter um aliado em Damasco que lhe facilite acesso ao Líbano, base dos guerrilheiros do Hezbollah, e ao Mar Mediterrâneo, local estratégico do ponto de vista comercial e militar. A ONU estima que o Irã desembolse por volta de 6 bilhões de dólares por ano em ajuda econômica e militar a Assad.
Mas o mais importante aliado do regime sírio é a Rússia - e não é exagero afirmar que é graças ao líder Vladimir Putin que Assad ainda se mantém no poder. Em setembro de 2015, quando os grupos armados de oposição e jihadistas islâmicos ganhavam terreno e colocavam em risco a sobrevivência do regime de Damasco, o governo russo iniciou ataques aéreos dirigidos ao território sírio. Oficialmente, a investida era contra as posições do EI, mas as bombas russas tinham como alvo principal os rebeldes "moderados" anti-Assad, justamente aqueles apoiados pelos EUA e as potências ocidentais. A estratégia foi bem-sucedida, e Assad reconquistou terreno.
A Rússia é uma aliada histórica da Síria, a quem sempre prestou apoio diplomático e militar. O regime de Bashar al-Assad, assim como o de seu pai, e há muito tempo um cliente fiel dos russos de quem compra armas. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, quando uma coalizão de países árabes atacou Israel, a então União Soviética enviou conselheiros militares e milhões em equipamentos aos sírios - em vão, pois os israelenses saíram vitoriosos e ainda tomaram um naco do território sírio, as Colinas de Golã. Em troca da ajuda, os russos foram autorizados a implantar uma base naval em Tartus, no litoral sírio. Ainda em operação, trata-se da única instalação militar russa no Mediterrâneo. E Putin não quer correr o risco de perdê-la caso Assad seja alijado do poder.
Além disso, a Rússia quer reconquistar um papel relevante no Oriente Médio e voltar a ser encarada como uma superpotência global, recuperando o protagonismo perdido após a dissolução da União Soviética. Vencer a guerra ao lado de Assad pode ajudar nesse objetivo.
A TRAGÉDIA HUMANITÁRIA
O conflito de interesses entre as potências globais e regionais provocou uma paralisia na comunidade internacional e contribuiu para o prolongamento da guerra civil. As tentativas dos EUA e de seus aliados de impor sansões ao governo sírio por meio do Conselho de Segurança da ONU foram sistematicamente barradas por Rússia e China, países com poder de veto. Da mesma forma, foram infrutíferas as conferências de paz realizadas em Genebra, na Suíça, em 2012 e 2014, que buscavam uma solução política para o conflito. Nas duas ocasiões, os rebeldes não aceitaram um futuro governo com a presença de Assad - que, por sua vez, não admitia deixar o poder. No início do ano passado, o Conselho de Segurança da ONU tentou, mais uma vez, mediar negociações entre o governo sírio e a oposição armada, mas o entendimento foi suspenso ainda na fase inicial em função da ofensiva das forças do regime sírio para expulsar os rebeldes de Aleppo.
A inércia das Nações Unidas contribuiu para o agravamento da tragédia humanitária provocada pela guerra. Nos cinco anos do conflito, 6,3 milhões de pessoas tiveram de mudar-se para outras regiões do país, fugindo do fogo cruzado, e cerca de 5 milhões abandonaram a Síria, a maioria mulheres e crianças.
Segundo estimativas da ONU, 13,5 milhões de sírios dependem de ajuda para sobreviver - o que representa 75% da população do país. Por volta de 1,7 milhão de crianças não vão a escola e dois terços da população não têm acesso a água potável. A falta de perspectivas para o fim do conflito deve prolongar ainda mais o sofrimento do povo sírio, como um atestado da incapacidade da comunidade internacional em estancar essa tragédia humanitária.
A LUTA CONTRA O ESTADO ISLÂMICO
Grupos terroristas perde áreas estratégicas no Oriente Médio, mas amplia os atentados no resto do mundo
Mais poderosa organização terrorista do mundo, o grupo Estado Islâmico (EI) sofreu pesadas perdas territoriais em 2016. Segundo dados da consultoria em defesa e segurança IHS Markit, a área ocupada pelo EI no Iraque e na Síria foi reduzida em um quarto de seu tamanho no ano passado. Hoje, o espaço geográfico controlado pelos jihadistas nos dois países soma cerca de 65 mil quilômetros quadrados, área maior do que a do estado da Paraíba.
Com o objetivo de enfraquece o grupo e impedir que ele continuasse conquistando territórios no Oriente Médio, os EUA passaram a comandar em 2014 uma coalizão formada por cerca de 40 países. A estratégia principal da aliança militar foi realizar bombardeios aéreos contra bases do grupo terrorista. No ano seguinte, foi a vez de a Rússia iniciar ataques aéreos contra os extremistas.
O principal campo de batalha atual é a cidade de Mossul, a autodeclarada capital do EI no Iraque. Encabeçada pelas forças de segurança iraquianas, a ofensiva conta com apoio de combatentes do Exército curdo no Iraque (os peshmerga), grupos tribais sunitas e milícias xiitas - além da aliança liderada pelos EUA. Caso ocorra a reconquista de Mossul será um divisor de águas na luta contra o EI. Na Síria, o grupo ainda mantém a duras penas o controle de Raqqa, sob ataque pesado das forças do regime de Assad.
ATENTADOS PELO MUNDO
À medida que perde posições no Iraque e na Síria, o EI intensifica os ataques no resto do mundo. Desde 2014, cerca de 140 atentados foram conduzidos ou inspirados pelo EI em mais de 30 países. Esses ataques mataram mais de 2 mil pessoas e feriram milhares de outras.
Um dos atentados mais recentes ocorreu em Istambul, na Turquia, em 31 de dezembro de 2016, quando um homem abriu fogo em uma boate deixado 39 mortos e 69 feridos. Antes dele, outro homem invadira com um caminhão um mercado de Natal de Berlim, na Alemanha, matando doze pessoas. Esses ataques são cometidos pelos chamados "lobos solitários", nome dado a jihadistas que, autonomamente, perpetram atentados individuais, menos letais, mas mais difíceis de serem detectados pelas forças de segurança.
AS ESTRATÉGIAS DO EI
O EI surgiu em 2004, como uma força de resistência à presença das tropas dos EUA, que chegaram ao Iraque no ano anterior. Quando as forças norte-americanas deixaram o país, em 2011, abriu-se um vácuo de poder rapidamente preenchido pelos terroristas. Em 2014, já ocupando um vasto território na Síria e no Iraque, o grupo anunciou a criação nas áreas dominadas por ele de um califado (referência aos antigos impérios islâmicos surgidos após a morte de Maomé). Suas principais fontes de financiamento são a venda de petróleo extraído dos territórios que ocupa, as doações de indivíduos e instituições, especialmente da Arábia Saudita e do Catar, e a cobrança de impostos das populações submetidas ao seu domínio.
Um traço marcante do EI é o emprego de táticas de guerras bárbaras para submeter as populações locais, como execuções, amputações, açoitamentos em massa e mortes coletivas. Impressiona também sua capacidade de atrair voluntários em todas as partes do mundo. Muçulmanos que vivem na Europa, desiludidos com a segregação, aceitam engrossar suas fileiras e aniquilar inimigos do islã com a promessa de salvação. Um desafio que o Ocidente ainda não sabe bem como lidar.
RESUMO
GUERRA NA SÍRIA
RETOMADA DE ALEPPO: O ditador sírio Bashar al-Assad conquistou uma expressiva vitória militar no fim de 2016 ao retornar Aleppo, cidade mais populosa e segunda mais importante do país depois da capital, Damasco. A conquista só foi possível graças à forte ajuda militar de seus aliados na guerra, a Rússia, o Irã e a milícia libanesa Hezbollah.
HISTÓRICO DO CONFLITO: Iniciada em março de 2011, a guerra já fez mais de 400 mil mortos e obrigou cerca de 5 milhões de sírios a se refugiarem em outros países. O conflito começou como um levante pacífico contra o regime. Inspirada na Primavera Árabe, a população saiu às ruas para se manifestar contra a falta de liberdade, o desemprego e a corrupção no governo. Assad reagiu com violência, levando a oposição e militares desertores a se armarem contra o regime.
ATORES ENVOLVIDOS: De um lado está o regime sírio, liderado por Assad. A oposição armada é encabelada por rebeldes sunitas. Uma terceira força é representada pelos extremistas do Estado Islâmico e da Frente de Combate do Levante, o braço da Al Qaeda no Iraque. Há, por fim, os curdos, etnia sem pátria que habita territórios na Síria e em países vizinhos e luta para estabelecer um Estado próprio.
XADREZ GEOPOLÍTICO: Potências regionais e globais foram arrastadas para o conflito. Russos e iranianos, dão suporte a Assad visando a manter sua influência na região. Os EUA e seus aliados ocidentais apoiam os rebeldes sunitas contra Assad e lutam contra o Estado Islâmico. A Arábia Saudita também está do lado dos insurgentes, assim como a Turquia.
TRAGÉDIA HUMANITÁRIA: Cinco anos de guerra destruíram a economia do país e causaram uma grave crise humanitária. Mais de 70% da população vive em extrema pobreza. A maioria dos sírios que fugiram da guerra vive em condições precárias em campos para refugiados na Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. Outra parte expressiva tenta abrigo na Europa.
ATUALIDADES: VESTIBULAR E ENEM foi retirado do livro GE - GUIA DO ESTUDANTE: ATUALIDADES: VESTIBULAR + ENEM - 1º semestre de 2017, págs. 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52 e 53.
SUGESTÃO
Separamos um pequeno vídeo, da reportagem mostrado no Fantástico sobre a guerra civil síria que começou há seis anos atrás, em 2011. As imagens são do YouTube e o idioma é o português.
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