CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA ECONOMIA!


"DA FANTASIA AO DESALENTO"
"DESEMPREGO Os dados recentes enterram mais uma falácia da propaganda oficial"


Por: Rodrigo Martins

"Logo após a reforma trabalhista entrar em vigor, em novembro do ano passado, o Ministério do Trabalho previu a geração de 1,78 milhão de empregos com carteira assinada em 2018. Agora, nem o mais crédulo governista ouça repetir a predição, baseada na igualmente fantasiosa prodição, baseada na igualdade fantasiosa projeção de 3% de crescimento do PIB feita pela equipe econômica de Michel Temer. Em junho passado, o Brasil voltou a perder postos formais. O número de demissões (1.168.192) superou o de contratações (1.167.531), resultando em um saldo de 661 vagas perdidas.
Os dados são do Cadastrado Geral de Empregados e Desempregados (Caged), baseados nas informações repassadas mensalmente pelas empresas ao governo. No acumulado no primeiro semestre do ano, o saldo é positivo (392,4 mil vagas a mais), ainda assim está muito aquém das triunfalistas previsões palacianas e dos 3 milhões de empregos formais que evaporaram nos últimos três anos. 'O resultado de junho inspira bastante preocupação, porque é um mês que costuma cobrir vagas, e não se fechar. Ao contrário do que o governo tem dito, não há uma tendência de recuperação do mercado de trabalho', alerta José Dari Krein, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho."


"De fato, junho costuma ter mais contratações que demissões. Antes da crise, entre 2002 e 2013, este mês costumava gerar, em média, 175 mil novos empregos formais. 'O que tem realmente avançado são as formas de contratações precárias, que acabaram legalizadas pela reforma trabalhista. Somente em junho passado foram admitidos 4.525 trabalhadores com jornada parcial e 4.068 intermitentes. Descontado os desligamentos, essas duas modalidades criaram mais de 3,6 mil postos de trabalho. Ou seja, o desempenho seria ainda pior se estivesse em vigor a legislação antiga. O problema é que esses trabalhadores vivem em estado de permanente insegurança. Não sabem quantas horas vão trabalhar, quanto vão receber no mês seguinte e, dependendo da situação, o período trabalhado, nem sequer é contabilizado para a futura aposentadoria'." 


"O Caged, vale ressaltar, traz um retrato bastante específico do problema. Analisa apenas a situação dos trabalhadores da iniciativa privada com registro em carteira. Somente a Pnad Contínua, pesquisa oficial de emprego do IBGE, permite uma visão mais ampla do mercado, por considerar todas as modalidades de trabalho, formais ou informais. Baseada em entrevistas presenciais, feitas em domicílios de uma amostra representativa, ela tem revelado uma progressiva deteriorização do mercado."


"No primeiro trimestre de 2018, o número de trabalhadores com carteira assinada auferidos pela Pnab Contínua (32,9 milhões) era inferior à soma dos informais (10,7 milhões) e dos que atuam por conta própria (22,9 milhões), algo impensável até o início da crise econômica. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, é possível verificar que não houve qualquer melhora dos indicadores."


"A despeito dos malabarismos retóricos do governo, a verdade é que Temer nem sequer conseguiu suprir as vagas perdidas durante a sua gestão. Em maio de 2016, quando foi alçado ao poder sem voto, a taxa de desocupação atingia 11,2% da população economicamente ativa, um total de 11,4 milhões de desempregados, segundo o Pnad Contínua. Dois anos depois, no trimestre encerrado em maio, o problema atingia 12,7% da força de trabalho, algo em torno de 13,2 milhões de desempregados.
'Em nenhum lugar do mundo a flexibilização da legislação trabalhista é capaz de reativar o mercado de trabalho. O emprego está associado à dinâmica da economia ou ao uso de tecnologias, tanto as que poupam mão de obra quanto aquelas que criam novas oportunidades de trabalho', afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese). Krein emenda: 'Os liberais costumam difundir essa falácia, mas não há qualquer base empírica que comprove a relação entre proteção trabalhista e desemprego'. 'Alterações na legislação podem influenciar no grau de formalização, mas não gera demanda por mão de obra'."


"Após a propaganda, a realidade. Mês a mês, as previsões de expansão do PIB tornam-se mais sombrias. O boletim Focus, que reúne a média das projeções do setor financeiro, aponta crescimento de 1,5% neste ano. Uma péssima notícia para os 27,7 milhões de brasileiros subutilizados, categoria usada pelo IBGE para designar os desempregados, os subocupados e os que desistiram de procurar emprego, embora estejam disponíveis para trabalhar."


A matéria acima foi retirada da revista CARTA CAPITAL. 02 de agosto de 2018. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista CARTA CAPITAL e à Editora Confiança.


SUGESTÃO

Após a leitura, separamos um vídeo no qual especialistas já alertavam que a reforma trabalhista não resolveria o problema do desemprego no país. As imagens são do YouTube, e o idioma é o português.


Abaixo, noticiário da TV Brasil informa que a taxa de desemprego no segundo trimestre de 2018 ficou em 12,4%, o que significa que 13 milhões estão desocupados. As imagens são do YouTube, e o idioma é o português.


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