HISTÓRIA EM PERSPECTIVA:
ESPECIAL 2ª GUERRA MUNDIAL - A GUERRA NA EUROPA E NORTE (1939-1942)

2ª GUERRA MUNDIAL
Campanhas do dia a dia

Nesta nova série de matérias do Conhecimento Cerebralapresentamos a edição da série de CADERNOS ESPECIAIS, da revista Leituras da História, que tratam das campanhas dia a dia na 2ª Guerra Mundial, com tradução de René Ferri, começa com a grande ofensiva de 1942, na Rússia. O exército alemão vinha aniquilando inimigos e, confiante, partiu para o sul em busca dos campos de petróleo no Cáucaso. No entanto, na sequência da campanha deparou-se com uma resistência inesperada em Stalingrado, quando a contraofensiva soviética esmagou as forças do eixo. 

Por: Chris Bishop Chris McNab

STALINGRADO
A MORTE DE UM EXÉRCITO
Setembro de 1942: o 6º Exército alemão marcha em direção a Stalingrado, mas seus flancos são guardados somente por um fino contorno de soldados italianos e morenos




Ao final da investida inicial do 6º Exército à cidade, em setembro de 1942, Berlim já anunciava a captura de Stalingrado. Para Hitler, nenhuma perda de vida compensaria a queda de sua própria cara se a notícia não fosse rapidamente confirmada. Para garantir, o General Paulus, comandante do 6º Exército, precisaria ter tantos homens quantos pudessem ser enviados e deveria colocá-los "no caldeirão", sem escrúpulos.
Mas o Marechal soviético Georgi Zhukov tinha um ponto de vista diferente. Ele tinha planos de usar os exércitos sendo formados no lado oriental do Volga e eles não incluíam o sacrifício da cidade devastada, não importava o quanto os homens do desesperado 62º Exército estivessem sofrendo. Ele usaria a quantidade de homens necessária somente para manter a defesa de Stalingrado "viva" e perigosa para os invasores, mas a massa de homens e armas acumuladas sob o comando tinha um objetivo mais estratégico.

ATAQUE APÓS ATAQUE

Por volta de novembro, o 6º Exército havia feito seis grandes ataques contra os defensores de Stalingrado, que, naquela altura, estavam confinados em cerca de 8 km no banco do rio, próximos das fábricas de aço de Krasni Oktyabr e da fábrica de armamento Barrikady. Depois de semanas nesse ambiente infernal, uma alma torturada escreveu em seu diário, 'quando a noite vem, uma daquelas ardentes noites sangrentas, os cães mergulhavam no Volga e nadavam desesperadamente para chegarem ao outro lado. Animais fugiram deste inferno; as mais duras pedras não podem suportá-lo por tanto tempo; somente os homens o conseguem'.
O objetivo de Zhukov foi revelado em 19 de novembro. No amanhecer, uma barreira trovejante de 2 mil canhões e com baterias Katusha rompeu ao norte e todos os que a ouviram tiveram a sensação que se iniciaria uma nova fase da batalha. Naquela manhã, mais tarde, outro bombardeio desceu sem piedade, desta vez ao sul, e os oficiais de comando do 6º Exército se deram conta, então, da fraqueza de seus flancos. Estes estavam guardados por exércitos romenos cujos soldados e comandantes não eram tão dedicados à destruição da Rússia soviética quanto os alemães, tampouco estavam bem armados, já que grande parte de seus armamentos e veículos havia sido capturados pelos franceses dois anos antes. Três dias depois, os oficiais souberam que seus medos tinham se concretizado. Cerca de 80 km ao norte e 50 km ao sul, as tropas de choque de Zhukov desmantelaram a frente do Eixo, cercando o General Paulus e 250 mil soldados do 6º Exército. Agora, aqueles que antes faziam o cerco estavam cercados.
A princípio, tanto em Berlim como em Stalingrado, o ponto de vista era que fora muito bom ter um exército daquele tamanho atrás das linhas inimigas. Seus esforços e suprimentos eram apenas um problema a ser resolvido. Nesse meio-tempo, o Exército Vermelho manteve seu cerco, usando centenas de milhares de homens, tanques e canhões que poderiam ser colocados em outras partes.
Ao General-Marechal de Campo Erich von Manstein, cujo 11º Exército havia sido incorporado a um novo Grupo de Exército do Don, foi dada a tarefa de corrigir a situação delicada que surgiu com a controversa de Zhukov. A princípio, Manstein sentiu que sua melhoração seria tentar direcionar os exércitos soviéticos em direção ao oeste, fora de Stalingrado. Desse modo, ele poderia tirar um pouco da pressão de cima do 6º Exército, o que permitiria que Paulus tivesse espaço e tempo para organizar uma investida e encontrar os tanques do 4º Exército Panzer do General Hermann Hoth vindos do sul.

O ATAQUE DE "ALÍVIO" FALHA

Manstein lançou a Operação Wintergewitter (Winter Storn) em 21 de dezembro. Mas o ataque do Don em Kotelnikv foi bloqueado em Myshkova pelo 2º Exército de Guarda, e Paulus e os comandantes do seu 6º Exército mostraram uma leve inclinação a ordenar uma fuga. Em 25 de dezembro, Natal para os alemães, mas não para os russos, Zhukov lançou outro ataque. Ele fez com que o exército de Hoth recuasse além do ponto onde havia iniciado, nos arredores de Kotelnikv. As forças alemães do norte foram recuadas para além de Chir e Aksay. Em questão de dias, as distâncias separando as duas frente alemães se tornaram grandes demais para que os suprimentos chegassem a Paulus por terra.
Conforme o tempo piorou, o Marechal Wolfram von Richthofen, da Luftwaffa, se tornou mais e mais receoso sobre a perspectiva de suporte aéreo. Paulus e seu exército evidentemente estavam em perigo e ficou claro que Stalingrado não estava tão segura em mãos alemães conforme a máquina da propaganda de Berlim sugeria.



No início de 1943, o 6º Exército começou desesperadamente a construir densas fortificações ao redor de uma área de 50 km de leste a oeste e 30 km de norte a sul. Eles estavam cercados por dez exércitos soviéticos e, embora algumas formações do Exército Vermelho estavam de guarda para se aproximar caso houvesse algum alívio nas colinas alemães, as principais atenções e energia dos soviéticos estavam direcionados contra o bolsão alemão.
No dia 8 de janeiro, o General Konstantin Rokossovsky, a quem foi dada a tarefa de destruir o 6º Exército, enviou uma proposta de rendição que, ao ser rejeitada, deu início à última fase da Batalha de Stalingrado. Ele lançou um bombardeio de milhares de canhões e morteiros, com o apoio de bombardeiros e aeronaves de ataque terrestre do 16º Exército Aéreo soviético. Por volta de 17 de janeiro, a área nas mãos dos alemães foi dividida no meio. Em 21, o último campo de pouso alemão em Gumrak foi capturado, e a batalha novamente aconteceu nas tumbas de concreto de Stalingrado, mas com papéis trocados. Desta vez, o 6º Exército sofreu mais de 160 mil mortes, mais da metade causada por frio e desnutrição.
O último ato foi executado no início de fevereiro. Em 31 de janeiro, o esconderijo da Loja Central de Departamentos foi capturado e Paulus e sua equipe se renderam (apesar de Hitler ter promovido Paulus a Marechal de Campo dois dias antes, considerando a premissa de que nenhum Marechal de Campo poderia ser capturado vivo). Em 2 de fevereiro, o restante do exército baixou as armas.

A MORTE DO 6º EXÉRCITO

Mais da metade dos 300 mil homens emboscados em Stalingrado foram mortos na época da rendição. Uns poucos sortudos (cerca de 35 mil) foram recolhidos em aeronaves, mas os 90 mil sobreviventes foram reunidos na Sibéria, a pé. Milhares morreram em marcha devido ao frio e à fome e os restantes foram condenados a uma morte lenta em minas e campos de trabalhos. Muitos dos que ainda estavam vivos em 1945 nunca foram libertados e somente 5 mil do exército amaldiçoado retornaram à Alemanha.

HISTÓRIA EM PERSPECTIVA: ESPECIAL 2ª GUERRA MUNDIAL foi retirado da revista HISTÓRIA EM PERSPECTIVA - nº 89 - Parte integrante de Leituras na História - ano 9 - Edição 118, págs. 9,10,11,12 e 13.


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