CONFLITOS INTERNACIONAIS
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"FRANÇA ATACA O ESTADO ISLÂMICO NA SÍRIA"
"Governo diz que é alvo do grupo e está agindo em legítima defesa; Obama e Putin se reúnem hoje para discutir uma nova coalizão"
Por: Andrei Netto
(Correspondente/ Paris)
"Caças da força aérea da França realizaram na manhã de ontem os primeiros bombardeios ordenados por Paris contra alvos do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria. O ataque foi lançado horas antes de o presidente François Hollande participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, onde a guerra civil síria é um dos principais temas de discussão.
Comentando as operações militares americanas na região, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou a emissoras americanas que o apoio dos EUA aos rebeldes da Síria é 'ilegal e ineficaz'. Segundo Putin, os rebeldes trenados pelos EUA estavam se reunindo ao EI com armas financiadas por Washington. Ele também declarou que o presidente sírio, Bashar Assad, merecia o apoio internacional enquanto luta contra o grupo terrorista.
A Rússia elevou seu envolvimento militar na Síria nas últimas semanas, e Moscou enviou aviões de combate, tanques e outros equipamentos para ajudar o Exército sírio.
Era só questão de tempo para a França bombardear a Síria, após Hollande anunciar, duas semanas atrás, que a Força Aérea passaria a realizar voos de reconhecimento sobre as áreas ocupadas pelo Estado Islâmico. Ontem, seis aeronaves, das quais cinco caças Rafale, decolaram de bases na Jordânia e nos Emirados Árabes Unidos com o objetivo de destruir um campo de concentração de treinamento do grupo na região de Deir e-Zor, no leste da Síria. Na região, vivem pelo menos 20 extremistas de origem francesa.
'Nossas forças atingiram seus objetivos: o campo foi totalmente destruído', informou Hollande em Nova York, revelando ainda que os bombardeios de forma coordenada com as forças dos EUA, da Grã-Bretanha e de países árabes sunitas que também integram a coalizão contra o Estado Islâmico. Ao longo do dia, autoridades do governo francês se revezaram para justificar à opinião pública a realização dos bombardeios mesmo sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU. 'Estes santuários do EI foram os que atacaram a França', argumentou o primeiro-ministro Manuel Valls, evocando o princípio da legítima defesa.
A entrada em ação da Força Aérea da França na Síria - que até só atacava alvos da organização no Iraque - foi interpretada por especialistas como uma estratégia de Paris para ter maiores influências sobre as discussões do futuro da Síria que serão realizadas em Nova York. A guerra civil no país, que já dura quatro anos e meio e deixou 240 mil mortos, é o grande tema da Assembleia-Geral, pois há poucas semanas o governo da Rússia ampliou sua presença militar no país, em apoio a Assad.
A situação provocou reação da Casa Branca, que tenta controlar o protagonismo assumido por Putin na resolução do conflito. Em entrevista, o presidente pregou a coalizão de uma nova criação que incluía Rússia, Irão e o governo de Assad. 'Queremos ver uma plataforma comum para uma ação coletiva contra os terroristas', afirmou, defendendo a 'coordenação de esforços' contra o EI.
Até aqui isolados pelas sanções internacionais em razão do conflito na Ucrânia, Putin deve se encontrar hoje com o presidente americano, Barack Obama, para discutir a crise síria. Ainda ontem o chanceler russo, Sergei Lavrov, se encontrou com o secretário de Estado americano, John Kerry. A divergência central entre a Rússia e os EUA é o papel que Assad terá na decisão. Enquanto Putin defende que ele seja mantido no cargo e participe das negociações de paz, Obama e Hollande exigem sua saíde. Por outro lado, o premiê britânico, David Cameron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, já aceitam negociar com a presença do líder sírio."
Informações retiradas do jornal O ESTADO DE S. PAULO - VERSÃO ONLINE, nº 44540 - Ano 136, pág. A11. Internacional. 28 de setembro de 2015, segunda-feira (Acesso: 28/09/2015)
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