CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA VIOLÊNCIA!


"NA FALTA DE INTELIGÊNCIA, MAIS VIOLÊNCIA"
"Estudo mostra que o número de tiroteios, homicídios e chacinas cresceu no Rio de Janeiro nos cinco meses de intervenção federal - e que a presença de soldados nas ruas não se reflete em melhorias na segurança pública"


Por: Luisa Purchio

"Quando o presidente Michel Temer assinou o decreto que colocou as Forças Armadas no comando das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, em fevereiro, os especialistas já alertaram que a intervenção teria poucos efeito sobre a segurança pública. Considerava-se que a iniciativa era mais motivada para aumentar a popularidade do presidente do que para restaurar a ordem. Os números que provam que essa suspeita começam, enfim, a aparecer. Exatos cinco meses depois da intervenção, se algo mudou foi para pior - e o que se vê no Rio é um cenário de guerra. As notícias de tiroteios e mortes de bandidos e PMs são praticamente diárias, fazendo com que a paz pareça cada vez mais distante.
Um levantamento divulgado esta semana pelo Observatório da Intervenção, grupo da Universidade Cândido Mendes, mostra que a violência no Rio aumentou em fevereiro a maio de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os tiroteios e disparos cresceram 37%. As chacinas dispararam: 128%. Enquanto isso, a apreensão de fuzis, metralhadoras e submetralhadoras caiu 39%. 'Nossa impressão é que muitos recursos têm sido gastos em operações grandiosas que geram resultados inexpressivos', afirma Silvia Ramos, cientista social e coordenadora do Observatório. 'Há o risco de o Exército ficar desmoralizado. Achamos que eles deveriam investir em inteligência, investigação e reestruturação das forças policiais', diz ela."

"SEM METAS NEM CRONOGRAMA"

"Os relatos de violência contra civis e policiais só crescem. Apenas na semana passada, diversos casos registrados. Moradores do Morro do Urubu, na Zona Norte do Rio, passaram a noite de segunda-feira 16 e a madrugada da terça em meio a troca de tiros motivadas por disputas de poder entre facções criminosas. Na mesma noite, quatro pessoas foram encontradas mortas em Senador Camará, bairro na Zona Oeste do Rio. Na madrugada da quarta-feira 18, na comunidade de Cidade de Deus, um soldado do Exército foi baleado enquanto patrulhava com um grupo as imediações do local. O final de semana anterior não foi pacífico. No início da manhã de domingo 15, cinco homens foram mortos por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora do Alemão, na Serra da Misericórdia, que liga o Complexo do Alemão ao Complexo da Penha. No dia seguinte, mais um tiroteio impediu os moradores de saírem de casa."


"Diante da situação atual, virou uma missão quase impossível para o interventor Walter Braga Netto transformar o Rio de Janeiro em um lugar menos violento do que encontrou. A intervenção termina no dia 31 de dezembro e tem se revelado um fracasso do planejamento. Braga Netto assumiu o comando das polícias de um estado falido por anos de corrupção e administração irresponsável de recursos públicos, mas não apresentou metas, um cronograma de ação e nem sequer uma prestação de contas. 'Qual será o legado da intervenção?', questiona Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz. Para ele, o morador da favela está enterrando seus filhos sem ter nem como conhecer os protocolos de operações das Forças Armadas. 'Não se sabe se o militar vai entrar na casa dele ou se seu direito de ir e vir estará assegurado', afirma Costa.
O Exército pouco tem feito para combater as razões estruturais da insegurança na cidade. Um dos motivos que permitem o avanço da criminalidade é o aumento do poder das milícias, grupos compostos por ex-policiais e agentes do estado que vendem serviços ilegais à população, intimidada à contratá-los. A intervenção tem sido incapaz de mudar esse quadro. Pesa também a favor do aumento de homicídios e chacinas a disputa entre facções criminosas no estado, cada vez mais sangrenta. Adversário do Comando Vermelho de São Paulo, o PCC, que controla os presídios de São Paulo, tem reforçado sua presença no Rio de Janeiro, onde também pretende dominar o tráfico de drogas."


"Essa 


é travada em espaços de pobreza, onde quem morre em proporções absurdas são os pobres e os soldados, o chamado 'andar de baixo' da população e das instituições', diz Roberto Kant de Lima, coordenador do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos, da Universidade Federal Fluminense. 'O que falta é inteligência. Enquanto só houver violência e repressão e pouca investigação criminal, mais mortes acontecerão, inclusive de pessoas inocentes - que na guerra representam apenas 'danos colaterais'. Sem inteligência, sobram vítimas."


A matéria acima foi retirada da revista ISTOÉ - nº 2535, págs. 50 e 51. 25 de julho de 2018. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista  ISTOÉ e à Editora Três.


SUGESTÃO

Após a leitura, separamos um vídeo-reportagem que ilustra o caos que se formou em meio à intervenção no Rio de Janeiro. As imagens são do Jornal Nacional, da Rede Globo, publicadas no YouTube. O idioma é o português.


Neste outro vídeo, é possível assistir que já nos primeiros 40 dias de intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, a mesma já não apresentava resultados favoráveis ao combate da violência desenfreada que o estado vive. As imagens são do YouTube, e o idioma também é o português.


Abaixo, um vídeo-aula de Atualidades sobre a Violência do Rio de Janeiro, do canal Descomplica, do YouTube. O idioma é o português.


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