CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA CRISE HÍDRICA!

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A seguinte matéria é de autoria da colunista Nataly Costa, publicada na semana passada pela revista Veja SP. Portanto, todas as informações abaixo pertencem exclusivamente aos seus autores, e não devem ser copiadas sem a divulgação de seus nomes.

"O PIOR NÃO PASSOU"
"O Sistema Cantareira entra no inverno em situação mais crítica que no ano passado e pode fechar 2015 quase seco."


"Em agosto de 2014, o paulistano atravessava seu primeiro inverno familiarizado com expressões como volume morto e stress hídrico, antes fora de seu vocabulário. As notícias da escassez das chuvas eram acompanhadas com apreensão, enquanto os índices dos reservatórios despencavam e as torneiras se tornavam conta-gotas. Um ano depois, pouca água passou por debaixo dessa ponte. Com 14,5% e 18,4% da capacidade, respectivamente. Cantareira e Alto do Tietê, dois dos principais sistemas responsáveis pelo abastecimento de água da região metropolitana, encontram-se num estado ainda pior que há doze meses atrás. É uma situação preocupante, considerando que precisamos atravessar com essas reservas a fase mais crítica da temporada.
O Cantareira tinha 200 bilhões de litros de água no início do período de seca no ano passado. Tudo indicava que, com o acréscimo de 105 bilhões de litros da reserva técnica, em outubro,, e a ajuda de São Pedro, haveria algum alívio. De fato, a região recebeu quase 70% mais chuvas que no primeiro semestre anterior. Além disso, a população fez sua parte: 83% dos 20 milhões de clientes da Sabesp na região metropolitana estão gastando menos água desde que a companhia começou a aplicar a política de bônus, em fevereiro do ano passado. Somente em junho deste ano, a economia foi de 6 200 litros por segundo, o suficiente para abastecer 2 milhões de pessoas por um mês."


"Por seu lado, o governo nega que tenha implementado um esquema de racionamento. Segundo as autoridades, há apenas uma redução da pressão dentro dos canos, em média de 75% na cidade, para evitar desperdícios com vazamentos. Isso, na prática, resulta em torneiras secas em algumas regiões, principalmente nas mais altas. Dados da Sabesp mostram que as reclamações contra a falta de água aumentaram 62% neste ano. O bairro mais afetado é Santana, na Zona Norte, de onde partem 88 queixas por dia sobre interrupções no fornecimento. 
Depois de todas essas ações, começamos este ano com apenas 184 bilhões de litros no "tanque" do Cantareira, 8% a menos do que havia um ano atrás. A situação pode piorar. Na semana passada, a Sabesp pediu para aumentar a retirada de água do sistema, de 13,5 para 14,5 metros cúbicos por segundo. Se isso for aprovado, o reservatório poderá fechar o ano com 6,7% de sua capacidade, somando-se duas cotas do volume morto, o que seria o pior quadro da história."


"O cenário não é melhor no Alto do Tietê: dos 573,8 bilhões de litros de capacidade, restam apenas 105 bilhões, com a reserva inclusa. Um dos fatores que explicam esse panorama é um fenômeno há muito tempo alertado pelos especialistas: o chamado efeito esponja, causado pelo ressecamento do solo, que acaba 'sugando' a água assim que a encontra. Além disso, parte do líquido evapora com o calor. 'Isso significa que estamos em uma situação pior, porque, apesar da chuva e da economia, as represas continuam operando sem folga', diz Marussia Whately, da ONG Aliança pela água. A irregularidade das precipitações é outro complicador. Será preciso atravessar um agosto seco, com índice pluviométrico na casa dos 25 milímetros - 30% a menos que a média histórica do mês. 'É necessário trabalhar com menos dependência das condições climáticas', alerta o professor Pedro Côrtes, da área de gestão ambiental da USP.
Não é animador fato de o sinal amarelo também estar acesso nas principais promessas do governo do estado para estancar a crise. Obras emergenciais de pequeno porte foram inauguradas em junho, trazendo 2 metros cúbicos de água a mais por segundo para o sistema. As interferências mais significativas, no entanto, enfrentam adiamentos ou fazem parte de um horizonte distante. Uma delas vai transferir 4 metros cúbicos de água por segundo do Rio Grande, na Represa Billings, para o Alto do Tietê. Previsto inicialmente para o mês que vem, o projeto só deve entrar em operação em outubro. Outras iniciativas de grande importância são a construção do Sistema São Lourenço, que poderá captar 4,7 metros cúbicos por segundo da Cachoeira do França, em Ibiúna, e atender 1,5 milhão de pessoas, e a interligação entre o Rio Paraíba do Sul e a Represa de Atibainha. Nesse caso, a conclusão significará uma vasão extra de 5 metros cúbicos por segundo no Cantareira.
O problema é que as duas intervenções só ficarão prontas em 2017. A primeira, com atrasos, está em andamento. A segunda nem sequer foi licitada. Enquanto a população espera, o governo culpa a burocracia. 'Há uma dificuldade enorme em realizar obras no Brasil, devido à lentidão no processo de autorizações', afirma o secretário estadual de Recursos Hídricos, Benedito Braga. 'Nossas ações precisam ser urgentes, pois estamos no limite de retirada de água dos reservatórios'.
Se combalido o Cantareira continua a ser espremido, o governo trata de fazer o mesmo com os outros reservatórios, de forma a aumentar a participação deles no abastecimento da região metropolitana. Um alvo óbvio é o Guarapiranga. Apesar de ter um quinto do tamanho do nosso maior sistema, conta ainda com 76,5% de sua capacidade, o que representa um estoque de 131 bilhões de litros de água. Antes, era responsável por atender 4 milhões de pessoas - hoje tem 6,2 milhões de clientes. Já o Alto do Tietê passou de 3,5 milhões para 5 milhões. Tal mudança representou um alívio para o Cantareira, que reduziu o número de usuários de 8,9 milhões para 5,3 milhões. 'Trata-se só de mudar o problema de lugar', critica Pedro Côrtes."


A matéria acima foi retirada da revista Veja SP - parte integrante da Veja - Ano 48 - nº 31, págs. 30, 31 e 32. 05 de agosto de 2015. Todos os direitos são reservados exclusivamente a Veja SP e a Editora Abril.



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