CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA MUNDO!


"À ESPERA DE CONFORTO"
"Acordo histórico entre Japão e Coreia do Sul para compensar mulheres que sofreram escravidão sexual ameniza tensões políticas, mas não faz justiça às vítimas"


Por: Nathalia Watkins

"Todas as quartas-feiras, há vinte anos, um grupo de mulheres protesta em frente à embaixada japonesa em Seul, na Coreia do Sul. Em 2011, o local ganhou uma estátua que se tornou centro de homenagens e já foi replicada em várias cidades do mundo. A menina coreana feita de bronze simboliza um dos mais dolorosos legados da ocupação japonesa, entre 1910 e 1945. Estima-se em 200 000 o número de adolescentes levadas à força ou ludibriadas por japoneses. Elas foram alcunhadas de 'mulheres conforto', desconfortável eufemismo usado pelos japoneses para descrever a função de alívio da rotina dos militares que as escravas sexuais tinham nos quartéis do Exército imperial do Japão. Sobreviventes contam que as relações duravam em média três minutos, para dar vazão às filas que se formavam à porta dos quartos. Muitas ficaram estéreis. Estigmatizadas, as vítimas mantiveram silêncio até a década de 90, quando 238 delas apareceram publicamente. Hoje, as 46 sobreviventes têm idade média de 89 anos. Setenta anos depois, na segunda-feira 28, os dois países estabeleceram um acordo para enterrar o passado.
Em seu primeiro mandato, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, chegou a questionar um pedido de desculpas, datado de 1993, com a confissão de responsabilidade. A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, deixou claro que a questão é crucial para a reaproximação entre os países. O Japão pediu perdão às agredidas e anunciou a criação de um fundo equivalente a 32 milhões de reais para auxiliar as sobreviventes. Agora, o governo japonês quer da remoção incômoda estátua. As sul-coreanas rejeitam a ideia. Para elas, o conforto ainda não chegou, nem nunca chegará."


A matéria acima foi retirada da revista VEJA - edição 2 459 - ano 49 - nº 1, pág. 24. 6 de janeiro de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à VEJA e a Editora Abril.


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