MUNDO ESTRANHO:
PERGUNTAS & RESPOSTAS

A partir de agora, o Conhecimento Cerebral traz em parceria com a revista Mundo Estranho, a série de matérias que despertará ainda mais sua curiosidade, resultando em mais conhecimento para você, chamada de MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS. Para quem não sabe, essa revista traz mensalmente em suas publicações impressas, perguntas, que podem ser sugestão de seus leitores ou escolha dos editores, e a resposta para tal, de um jeito de dinâmico e explicativo. Por isso, resolvemos transformá-la em mais uma série de matérias para o blog. Preparado? Então, embarque você também neste mundo do conhecimento.


COMO ERA UMA EXECUÇÃO NA GUILHOTINA?



Pergunta: Gustavo Do Val Gomes, São Paulo, SP
Reportagem: Juliana Sayuri
Ilustra: Bruno Rosal
Design: Thales Molina
Edição: Felipe Van Deursen

Era um ritual sofisticado e cheio de etapas. A guilhotina já existia em versões mais simples, mas ficou famosa na Revolução Francesa (1789). Uma das motivações dos franceses era acabar com as regalias dos nobres - inclusive na pena de morte. Até então, plebeus condenados encaravam tortura, forca ou esquartejamento, enquanto membros da elite podiam escolher de que forma seriam executados (e ela era sempre mais branda). Para acabar com isso, o médico e político Joseph-Ignace Guillotin propôs penas iguais para crimes iguais. Após dois anos de debate, a proposta foi aceita, e outro médico, Antoine Louis, desenvolveu a arma. Ou seja, a guilhotina deveria se chamar luisette, mas um jornal se adiantou e atribuiu a invenção a Guillontin, que acabou dando o seu nome a ela. Guiado por princípios humanitários, Guillotin queria possibilitar uma morte justa. Mas a guilhotina virou o símbolo da repressão revolucionária.





SHOW DE HORROR
A morte na guilhotina era um espetáculo para ver e ser visto


1: PERCURSO
O carrasco cruzava a cidade para levar condenados à praça. Esses desfiles, que duravam cerca de duas horas, era a etapa mais lenta do ritual


2: LINHA DE DES(MONTAGEM)
Em Paris, a Place de Grève era palco de execuções de crimes comuns e a Place du Carroussel servia para os criminosos políticos. Cerca de 50 guilhotinas foram instaladas em várias cidades, e elas ficavam ativas por até seis horas por dia. Para seguir esse ritmo fast-food, a execução era breve, direta e mecânica - nem todos tinham tempo para dizer as últimas palavras 


3: MÁQUINA DA MORTE
O carrasco soltava a corda após prender o condenado em uma barra de madeira. A chapa metálica despencava e, em 0,68 segundo, decapitava o sujeito. A força que a lama afiadíssima exercia no pescoço não dava chances para tecidos nem vértebras


4: ZUMBIS?
Segundo relatos, ao esbofetearem a cabeça de uma nobre decapitada, ela ficou vermelha de raiva. Não há comprovação científica, mas espasmos são possíveis: uma cabeça cortada pode arquear sobrancelhas ou piscar olhos. Neurocientistas holandeses testaram ratos e concluíram que eles mantinham atividade cerebral por quatro segundos após terem a cabeça cortada. Mesmo assim, não há consenso se é possível uma cabeça humana cortada ter instantes de consciência



5: O TERROR, O TERROR
Estima-se que 40 mil cabeças rolaram entre 1792 e 1799. O período mais sinistro dessa época, de 1792 a 1794, ficou conhecido como Terror. Nesse tempo, o governo revolucionário suspendeu garantias civis e cerca de 15 mil pessoas morreram na guilhotina. No fim do Terror, um golpe derrubou e guilhotinou Roberpierre, o próprio líder do governo



ILUSTRES GUILHOTINADOS 

LUÍS 16
Não custa lembrar, a Revolução Francesa foi a revolução porque eles mataram o próprio rei! Luís foi encurralado, preso, julgado e condenado por alta traição

MARIA ANTONIETA
Nove meses após a execução de Luís 16 na atual Praça da Concórdia, foi a vez da rainha perder a cabeça

LAVOISIER
Pai da química moderna, Antoine Lavoisier foi condenado por se envolver com os donos de uma empresa inimiga dos revolucionários

DANTON
Um dos líderes do início da Revolução, acabou se opondo a Robespierre, que o declarou inimigo da república. Foi executado ao lado do jornalista Camille Desmoulins, ex-melhor amigo de Robespierre. Que sujeito bacana!


VERSÕES BETA
Conheça as percussoras da guilhotina


MAIDEN 
Escócia, 1564 Peça de ferro quadrada, cuja lâmina afiada servia, principalmente, para o propósito de decapitar a nobreza


HALIFAX GIBBET
Inglaterra, 1941 Tinha uma cabeça de machado montada em um pesado bloco de madeira que descia rumo a uma base de pedra


FONTES: Livros A Guilhotina e o Imaginário do Terror, de Daniel Arasse, A Revolução Francesa - 1789-1799, de Michel Vovelle; site The Guillotine Headquarters (www.guillotine.dk)
CONSULTORIA: Alfredo Salun, historiador, autor de Revolucionários e Tiranos: Temas de História Contemporâneo, Dulcidio Braz Jr, físico e autor do projeto Física na Veia, e Tania Machado Morin, historiadora e autora de Virtuosas e Perigosas: As Mulheres da Revolução Francesa

*A revista MUNDO ESTRANHO encerrou suas publicações no mês de agosto deste ano, portanto, a partir de agora, você poderá ler a seção MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS, apenas do acervo do CONHECIMENTO CEREBRAL, das edições anteriores publicadas pela revista.



MUNDO ESTRANHO: RETRATO FALADO foi retirado da revista MUNDO ESTRANHO. Julho de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista MUNDO ESTRANHO e à Editora Abril.

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