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A seguinte matéria foi escrita por Marcelo Marthe, publicada pela revista Veja em 14 de outubro de 2015. Portanto, todos os direitos autorais pertencem exclusivamente ao autor e à revista, e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.

"TRAVESSURAS TRANSGÊNICAS"
"Em exposição no Brasil, os seres criados pela australiana Patrícia Piccinini fantasiam sobre a manipulação do DNA"


"Tempos atrás, um hoax - falsa notícia espalhada via internet - causou temor supersticioso entre alguns muçulmanos. A imagem do que aparentava ser uma garotinha com traços de rato ou cachorro foi veiculada como alerta: ela teria ganho essa aparência horrenda por jogar no chão um exemplar do Corão, livro sagrado do islã. Diante do pânico, a artista plástica Patrícia Piccinini emitiu um desmentido: a criatura não existia de verdade - era uma escultura. Não foi a primeira vez que o realismo assustador das obras de Patrícia deu margem a paranoias conspiratórias. Outra de suas criaturas - mistura de mulher e porca que é representada amamentando seus filhotes - suscitou o rumor de que um projeto secreto estaria produzindo novas espécies com o cruzamento de DNA humano e de outros animais. Reações assim são efeito compreensível do trabalho da artista, nascida no país africano de Serra Leoa e naturalizada australiana. A partir da segunda-feira 12, os brasileiros poderão encarar os curiosos transgênicos concebidos por sua mente. A mostra Com Ciência, na sede paulista do Centro Cultural Banco do Brasil, traz 38 obras que vão de motocicletas transformadas em seres fantásticos a um balão em forma de baleia que sobrevoará o centro paulistano. Mas o forte do conjunto, que passará por Brasília e pelo Rio de Janeiro em 2016, são seus organismos mutantes. 'Não espero que criaturas como essas venham a existir um dia. Porém elas são um modo de falar de questões éticas concretas da vida contemporânea', diz Patrícia."


"A artista filia-se ao mesmo hiper-realismo que fez a fama do também australiano Ron Mueck. E, tal omo ocorre com as de Mueck, as exposições dela costumam atrais muitas filas e suscitar selfies. Porém, enquanto a obra de Mueck não vai além da representação frugal do corpo humano em escalas fora do comum, Patrícia investe na provocação científica. Obcecada pelos avanços no campo da genética, ela imagina os resultados da recombinação sem freios de humanos, animais e até objetos. Mas não só: o norte de suas criações reside em apontar, com certa ironia, as questões bioéticas envolvidas nisso. 'Se meus trabalhos estiverem num museu daqui a 100 anos, as pessoas saberão quanto nossa geração se fascinava com  possibilidades que já estarão ao alcance delas. O poder de moldar radicalmente a natureza mudará a nós mesmos', teoriza.
Em certa medida, Patrícia faz jus à tradição do grotesco que vem de artistas como o italiano Arcimboldo (1527-1593). As aberrações permitem às pessoas encarar suas angústias numa redoma segura. Elaboradas em silicone com a ajuda de artesãos que trabalharam em filmes como O Senhor dos Anéis, as esculturas Prone (De Bruços), de um bebê com nariz de morcego, e The Observer (O Observador), de um garoto sobre uma pilha de cadeiras perigosamente inclinadas, extraem humor de pesadelos (detalhe: os modelos da artista são os próprios filhos pequenos). O que torna as esculturas marcantes é que as criaturas, apesar de feias, exalam ternura. Na obra The Long Awaited (O Tão Esperado), um menino dorme recostado num animal marinho perturbadoramente humano. 'Embora causem repulsa à primeira vista, os seres logo provocam empatia', diz o curador Marcello Dantas Anjos ou monstros, é só questão de ponto de vista."


A matéria acima foi retirada da revista Veja, edição 2 447 - Ano 48 - nº 41, págs. 100 e 101. 14 de outubro de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista Veja e a Editora Abril.


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